Afastamentos por transtornos mentais aumentaram 134% nos últimos dois anos

Afastamentos por transtornos mentais aumentaram 134% nos últimos dois anos
Exhausted African American employee working on project in office. Man and women in casual sitting and standing at table and using laptops. Multiethnic staff concept

Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho aponta que 8,8 milhões de acidentes do trabalho e 32 mil mortes no emprego com carteira assinada foram registrados entre 2012 e 2024

Os afastamentos do trabalho por transtornos mentais aumentaram 134% nos últimos dois anos, passando de 201 mil casos em 2022 para 472 mil em 2024. Os dados foram revelados pela atualização do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho da Iniciativa SmartLab de Trabalho Decente, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil. As informações se baseiam em registros de acidentes do trabalho do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Entre os casos relacionados à saúde mental, que possuem uma área própria no Observatório, destacam-se afastamentos acidentários por reações ao estresse (28,6%), ansiedade (27,4%), episódios depressivos (25,1%) e depressão recorrente (8,46%). Quanto aos afastamentos em geral, destacam-se como predominantes os episódios depressivos (25,6%), a ansiedade (20,9%) e a depressão recorrente (12,0%).

A Norma Regulamentadora n.º 1, do Ministério do Trabalho e Emprego, foi recentemente atualizada para incluir a obrigatoriedade de avaliação de riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A mudança destaca que riscos psicossociais, como jornadas exaustivas, assédio, pressão por metas e carga mental excessiva devem ser identificados e gerenciados pelos empregadores como parte das medidas de proteção à saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Segundo a coordenadora nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, Cirlene Zimmermann, “não podemos nos limitar à frieza dos números, das estatísticas, dos dados. É preciso lembrar que cada dado representa uma vida, uma família abalada, uma comunidade impactada. Cada adoecimento é um grito por justiça e por responsabilidade. É nossa missão fazer com que esses números não se limitem a gráficos, mas sejam alertas que nos impulsionem a agir”.

Para o diretor do Escritório da OIT para o Brasil, Vinícius Pinheiro, é preciso internalizar que o investimento em saúde é um ganha-ganha para as pessoas, para as famílias, para as empresas e a sociedade como um todo. “O investimento na promoção da saúde mental beneficia toda a sociedade, porque promove ambientes de trabalho seguros e saudáveis, minimiza a tensão e os conflitos e melhora a fidelização do quadro de pessoal e o rendimento e a produtividade do trabalho”, disse o diretor do Escritório da OIT para o Brasil.

Acidentes do trabalho

O observatório também aponta que, de 2012 a 2024, 8,8 milhões de acidentes do trabalho e 32 mil mortes no emprego com carteira assinada foram registrados. Os dados mostram que grande parte dos acidentes registrados foi causada pela operação de máquinas e equipamentos (13,6% do total), que provocou amputações e outras lesões gravíssimas com frequência 15 vezes maior do que as demais causas e gerou três vezes mais acidentes fatais do que a média geral dos agentes causadores.

A profissão mais afetada por afastamentos acidentários é a de alimentadores de linhas de produção (5,1%) do total, seguida de motoristas de caminhão (3,7%), faxineiros (3,4%), serventes de obras (2,9%) e vendedores de comércio varejista (2,4%).

Cerca de 60% dos afastamentos acidentários ocorreram por fraturas, que já ultrapassam 1 milhão de ocorrências na série, com 84 mil apenas em 2024 (incremento de 20% em relação a 2023), com predominância de fraturas de punho e da mão. O número de afastamentos por amputações também cresceu 6% em 2024, alcançando 4,6 mil ocorrências (superando os 4,4 mil de 2023).

O Observatório mostra, ainda, que mais de meio bilhão de dias de trabalho e de vida saudável foram perdidos desde 2012. De acordo com a OIT, afastamentos causados por doenças e acidentes do trabalho representam perda média anual de 4% para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial. No Brasil, esse percentual equivale anualmente a aproximadamente R$ 468 bilhões, se for levado em consideração o PIB do país em 2024, que foi de R$ 11,7 trilhões (IBGE). Em números acumulados desde 2012, o prejuízo econômico pode chegar a R$ 5 trilhões, cerca de metade do PIB anual do Brasil em números de hoje.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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