77% dos inadimplentes querem pagar suas dívidas

77% dos inadimplentes querem pagar suas dívidas

Ansiedade e burocracia dificultam acordo, aponta estudo

97% dos inadimplentes do país reconhecem suas dívidas, e 77% manifestam intenção de pagá-las. Estes números expressivos são do estudo da Evollo, principal plataforma de speech analytics do mercado, que visa entender as reais causas da inadimplência no Brasil. A análise, que mergulhou em milhares de interações reais com consumidores, revela que o problema vai muito além do simples “não pagar” e que pode ter reflexos na saúde mental do inadimplente.

As principais causas da inadimplência relatadas envolvem dificuldades financeiras, que representam 29% dos casos, seguidas por problemas com a renda (17%), questões operacionais de pagamento (12%) e motivos de saúde (10%). Os dados reforçam que o consumidor inadimplente não o faz propositalmente, mas é alguém que enfrenta barreiras momentâneas, muitas vezes emocionais e estruturais.

Na visão de Eduardo Ribeiro, cofundador e responsável por Business Development da Evollo, os dados desafiam o senso comum e exigem uma nova forma de pensar a cobrança e o relacionamento com o consumidor endividado. “O inadimplente não é necessariamente um ‘mau pagador’, mas sim alguém em uma situação de vulnerabilidade momentânea”, afirma Eduardo Ribeiro, cofundador e responsável por Business Development da Evollo.

Segundo o Serasa, mais de 72 milhões de brasileiros estão inadimplentes – o que representa cerca de 40% da população adulta do país. A maior parte das dívidas está ligada a contas básicas, como cartão de crédito, contas de consumo e empréstimos pessoais.

Ansiedade atrelada à cobrança

Além da motivação, o trabalho também buscou entender o componente emocional atrelado ao endividamento. A ansiedade aparece em 98% das interações, a vergonha está presente em 60% delas e a irritação surge em 44% dos casos. A análise identificou que os principais gatilhos estão relacionados à pressão financeira imediata, presente em 65% dos casos, à percepção de injustiça nos valores ou processos (40%), ao medo de impacto no crédito (58%), ao constrangimento pela situação financeira (60%) e à incompreensão dos processos de cobrança, que aumenta a frustração em 32% das situações.

“As emoções não são aleatórias. Elas seguem um padrão, que se inicia com a ansiedade e o medo de julgamento, evolui para a vergonha e frequentemente culmina em irritação diante da sensação de perda de controle”, explica Ribeiro. 

Apesar disso, o estudo mostra que, quando o contato é feito com empatia, 63% dos clientes se sentem mais à vontade para revelar os verdadeiros motivos do atraso. Não só isso, mas as próprias chances de negociação aumentam consideravelmente, resultando em 56% de resoluções positivas mesmo em situações financeiras desafiadoras.“Mapear tais emoções permite que as empresas construam uma ‘curva emocional de cobrança’, abrindo espaço para estratégias mais humanas, empáticas e eficazes”, destaca o executivo.

60% dos consumidores buscam acertar suas dívidas

A maioria dos inadimplentes busca renegociar suas dívidas por iniciativa própria, algo observado em 60% das interações analisadas. No entanto, esbarram em propostas inflexíveis, processos burocráticos e falhas de comunicação. Quando não há clareza nas informações ou as ofertas não se alinham com a realidade financeira do consumidor, a negociação falha.

Entre os principais obstáculos apontados à regularização estão a falta de dinheiro, mencionada por 70% das interações analisadas, e a burocracia, citada por 42% das pessoas, o que amplia a frustração e dificulta a resolução. Os entraves se intensificam em momentos específicos, como o início do mês e os meses de março e abril, períodos marcados pelo desalinhamento entre datas de vencimento e entrada de recursos ou aumento de despesas sazonais.

Para quem consegue uma negociação bem-sucedida, os principais motivadores são o parcelamento acessível, citado por 69% das conversas analisadas, seguido por desconto direto, que atraiu 36% das pessoas, e a promessa de nome limpo em curto prazo, mencionada por 18%. Além disso, quando essas três condições são combinadas, a taxa de conversão chega a 78%.

A recuperação de crédito precisa deixar de ser um processo punitivo e se tornar um caminho de reconexão com o consumidor. Isso exige escuta ativa, flexibilidade e respeito às limitações dos consumidores”, complementa o co-fundador da Evollo.

Crédito da foto: Pixabay

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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