Saiba como jovens herdeiros estão reinventando o consumo e os investimentos

Saiba como jovens herdeiros estão reinventando o consumo e os investimentos

Com US$ 84 trilhões em transferência de riqueza estimados até 2045, Millennials e Gen Z estão redefinindo o mercado

Estamos testemunhando uma mudança histórica no cenário da riqueza global. Até 2045, cerca de US$ 84 trilhões serão transferidos dos Baby Boomers para as gerações seguintes — principalmente os Millennials e a Geração X —, segundo o relatório Navigating the Future of Wealth 2024, elaborado pela plataforma global de migração, Multipolitan. Mais do que uma mudança numérica, esse movimento está reformulando os conceitos de consumo, investimento e relacionamento com marcas.

As novas gerações estão assumindo o controle financeiro com uma mentalidade distinta. Com forte presença digital e valores mais alinhados à sustentabilidade e à ética, esses novos herdeiros priorizam investimentos responsáveis e diversificados.

“Não são apenas os números que mudam — é a mentalidade. A riqueza hoje é mobile, plural e sensível a valores sociais e ambientais”, afirma o responsável pelas operações da Multipolitan no Brasil, Eron Falbo.

No novo cenário, a economia de experiência, autenticidade e propósito ganha espaço na hora de investir e consumir, e as marcas estão sendo desafiadas a se atualizarem. “O novo consumidor não pode ser interpretado pelas lentes ultrapassadas dos estereótipos como se fosse ‘adolescente TikToker, descolado e rebelde’”, alerta Pedro Campos, executivo de marketing e especialista em comportamento digital. Em sua avaliação, há uma miopia nos planos de comunicação que insistem em reduzir uma geração inteira, composta por milhões e milhões de pessoas, a um único perfil. “Não é à toa que, especialmente para a Geração Z, houve uma mudança nas relações de consumo com as marcas tradicionais. Falta representação”, observa.

O novo consumo é um reflexo direto das transformações culturais, sociais e econômicas trazidas pelas novas gerações.

“Em 2025, o marketing que dará certo é aquele que não supõe, mas sim que busca entender de fato o ser humano do outro lado da tela. As marcas precisam se relacionar com pessoas reais, entendendo que essa geração cresceu e se tornou adulta, com responsabilidades e perspectivas mais profundas”, explica Campos.

Investimentos

Além da mudança na preferência e forma de consumir, a transferência de riqueza impacta diretamente os investimentos. “Diferente dos investidores tradicionais, esses novos protagonistas do mercado não estão satisfeitos com ações e títulos convencionais. Eles buscam retornos diferenciados, impacto social e conexão com seus valores pessoais, moldando uma nova forma de enxergar o dinheiro e o futuro”, afirma Arthur Farache, CEO da Hurst Capital, maior plataforma de ativos alternativos da América Latina.

Estudo recente realizado pelo Bank of America, mostra que 80% dos jovens investidores procuram investimentos alternativos em substituição aos do mercado tradicional. Há interesse crescente por ativos como royalties musicais, obras de arte, carros clássicos, royalties musicais, ouro, whisky premium e até bolsas de luxo.

No setor automotivo, carros clássicos do pós-guerra estão se consolidando como uma classe de investimento, com retorno médio superior a alguns índices de mercado. O valor de um Mercedes-Benz 300SE Cabriolet, por exemplo, dobrou nos últimos 10 anos.

As bolsas Birkin da Hermès também se transformaram em um ativo que se valoriza significativamente ao longo do tempo, tornando-se um investimento popular para muitos. A alta média anual é de cerca de 14%, superando mesmo o retorno do ouro. Segundo Lilian Marques, CEO da Front Row, empresa fundada em 2015 para atuar na revenda de peças novas e seminovas de alto padrão, 25% de seus clientes compram bolsas Hermès com perfil de investidor, alguns nem chegam a usar o item, mantendo-o em estado de conservação ideal para futura revenda. “As compras deixaram de ser meramente para consumo e passaram a ser um elemento de escolha de médio e longo prazo”, explica.

Em obras de arte, a demanda experimentada pela Hurst é crescente. “A procura aumentou, principalmente diante das notícias de investimentos que pareciam seguros e os acontecimentos comprovaram que não. Mas nos sentimos desafiados todos os dias para aumentar a rentabilidade e mitigar qualquer risco”, afirma Ana Maria Lima de Carvalho, Head de Investimento em Obras de Arte da Artk, originadora de investimentos em obras de arte da Hurst Capital. A última operação registrou um retorno de 35% ao ano para os investidores. A transação, realizada por meio de certificados de recebíveis, consistiu na concessão de crédito com garantia lastreada em obras de arte, com o propósito de viabilizar a participação de galerias em feiras internacionais.

Mobilidade

A globalização da riqueza também está impulsionando uma nova dinâmica de mobilidade financeira. O mercado de migração de investimentos ultrapassa os US$ 21 bilhões anuais, com programas de cidadania e residência por investimento em alta. No caso de Dubai, por exemplo, o interesse em buscar a segunda residência tem sido um símbolo de status entre investidores por conta das facilidades que oferece com segurança, ambiente regulatório estável e baixa carga tributária para pessoas físicas.

“Dubai oferece uma proposta muito clara: se você tem qualificação, pode trabalhar; se tem capital, pode investir; se quer estudar, também encontra portas abertas. Não é um modelo baseado em ancestralidade, mas em protagonismo”, ressalta o Managing Partner Latam da Multipolitan, Dan Marconi.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *