Haddad diz que governo poderá promover reformas econômicas a partir de 2027

Haddad diz que governo poderá promover reformas econômicas a partir de 2027

Ministro defende manutenção de arcabouço fiscal, mas admite ajustes

O governo precisará promover novas reformas econômicas a partir de 2027 para garantir a sustentabilidade das contas públicas, disse nesta quinta-feira (18) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, o atual arcabouço fiscal pode passar por “aprimoramentos”, mas não há razão para alterar sua estrutura central.

Durante café de fim de ano com jornalistas, Haddad disse que a questão fiscal continuará exigindo atenção de governos futuros. “Qualquer que seja o governo, vai continuar aprimorando o arcabouço fiscal”, afirmou.

Para o ministro, a arquitetura da regra deve ser preservada, embora os parâmetros possam ser ajustados. “Você pode discutir os parâmetros do arcabouço, como apertar mais ou apertar menos”, disse, citando como exemplo o limite de crescimento real das despesas, hoje fixado em até 2,5% ao ano.

Sobre a trajetória da dívida pública, Haddad avaliou que reformas serão inevitáveis.

“É o que eu estou fazendo o tempo todo aqui: algum tipo de reforma para melhorar a sustentabilidade dos gastos públicos no tempo”, afirmou.

Ele destacou que o objetivo da equipe econômica é perseguir metas fiscais críveis, com respaldo técnico, evitando compromissos que precisem ser revistos posteriormente.

Para 2025, a meta fiscal é de déficit zero, mas o arcabouço permite um resultado negativo de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a cerca de R$ 31 bilhões. Já em 2026, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevê superávit de 0,25% do PIB, estimado em R$ 34,3 bilhões. Pelas regras atuais, a meta será considerada cumprida se o resultado for de déficit zero.

“Vamos fixar uma meta exigente, demandante, mas possível de cumprir. É assim que estamos reconstruindo as contas públicas”, disse Haddad.

Ele acrescentou que a equipe econômica se considera preparada para adotar medidas tanto do lado das receitas quanto das despesas e afirmou que seu sucessor encontrará um cenário fiscal melhor do que o herdado em 2023.

Parâmetros podem ser ajustados

Haddad reforçou que discutir os parâmetros do arcabouço fiscal é um processo natural ao longo do tempo. Segundo ele, eventuais ajustes podem envolver o teto de crescimento das despesas, hoje em 70% do crescimento real (acima da inflação) das receitas. Futuros governos podem reduzir o limite para 60% ou subir para 80%, de acordo com Haddad.

Ele também citou a possibilidade de alterar o teto de crescimento real dos gastos, dos atuais 2,5% acima da inflação para 2% ou 3% ao ano.

“Um governo mais à direita pode decidir apertar mais os parâmetros. Outro pode manter os atuais. Isso é da democracia”, afirmou.

Para Haddad, o arcabouço combina uma regra de gastos com metas de resultado primário, modelo que considera o mais adequado entre as experiências internacionais analisadas. Ele disse que a regra recebeu amplo apoio quando foi apresentada, ainda que de forma condicional.

O ministro também afirmou ser contrário à criação de um teto específico para a dívida pública. “Sou contra um teto para a dívida. Manteria a arquitetura do arcabouço e discutiria apenas os parâmetros”, disse.

Política fiscal e monetária

Haddad voltou a defender a necessidade de harmonia entre política fiscal e política monetária, ressaltando que uma afeta diretamente a outra. Segundo ele, o Ministério da Fazenda tem acompanhado com preocupação sinais de desaceleração da atividade econômica.

“Se você pesa a mão na política monetária, acaba afetando o lado fiscal da economia”, afirmou. Haddad disse que o diálogo com o Banco Central tem sido constante para evitar dissonâncias entre as duas políticas.

O ministro rejeitou a avaliação de que o atual patamar elevado dos juros seja consequência direta do arcabouço fiscal. Para ele, o movimento está mais ligado à desancoragem das expectativas ocorrida no ano passado, em meio a ruídos no debate público, especialmente sobre o projeto de reforma do Imposto de Renda.

“Foi criada a narrativa de que não haveria compensação [da isenção do Imposto de Renda], o que afetou a credibilidade. O choque de juros foi uma resposta a isso”, disse.

Haddad lembrou que o atual governo herdou a taxa básica de juros em nível elevado, de 13,75% ao ano, e afirmou que credibilidade fiscal é um processo cumulativo. “O problema não começou agora”, concluiu.

Agência Brasil/Foto: José Cruz

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná.Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social.Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos.Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas.Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005).Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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