Ao suspender compra de pescados brasileiros, União Europeia evidencia fragilidades do sistema de inspeção

A União Europeia (UE) anunciou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que, a partir de 3 de janeiro, suspenderá a importação de pescados e produtos de pesca de origem brasileira. Em setembro, uma missão veterinária da UE concluiu que mudanças solicitadas em visitas anteriores ainda não tinham sido realizadas. Então, a Comissão do bloco econômico comunicou, nesta semana, que o sistema de controle da produção de pescado brasileiro tem graves falhas e deficiências, especialmente no que se refere à qualidade dos barcos pesqueiros. A suspensão vai atingir em cheio pelo menos 67 empresas e 2 barcos-fábrica que atualmente exportam pescados para a UE.

Tais missões são realizadas geralmente a cada cinco anos, e as autoridades brasileiras já tinham sido notificadas das exigências outras vezes, ou seja, não houve nenhuma surpresa. O problema é que as ações corretivas não foram possíveis por causa de uma conjuntura que se mostra grave e é denunciada há tempos pelo Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical): falta pessoal e capacitação na área de inspeção e fiscalização agropecuária no Brasil.

De acordo com o presidente da entidade, Maurício Porto, a suspensão por parte da União Europeia deixa claro um problema latente, que pode piorar em breve, caso seja aprovada a terceirização da inspeção de produtos de origem animal. “O que está acontecendo agora com os pescados mostra que a política do governo brasileiro necessita de um rumo diferente do que vem sendo tomado. É preciso valorizar o auditor fiscal federal agropecuário (AFFA), promover novos concursos e dar melhores condições de trabalho”, defende Porto.

Ainda de acordo com o Anffa, a situação está agravada com o descaso da Secretaria de Pesca, que já teve status de ministério, pertenceu ao Mapa, ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) e agora está para ser transferida para a Presidência da República. “São mudanças que enfraquecem as políticas voltadas para a atividade pesqueira. Vemos tal movimentação com preocupação”, diz o presidente da entidade.

Impactos econômicos

O continente europeu é um dos principais mercados desse setor e, em 2015, comprou 9 mil toneladas de pescado brasileiro. Em 2016, foram 7 mil toneladas, e a principal espécie é o atum. Em nota, a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) afirmou que o setor movimenta mais de R$ 4 bilhões por ano e gera emprego para cerca de 1 milhão de pessoas.

Sobre os Auditores Fiscais Federais Agropecuários

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) é a entidade representativa dos integrantes da carreira de Auditor Fiscal Federal Agropecuário. Os profissionais são engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas que exercem suas funções para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar para as famílias brasileiras. Atualmente existem 2,7 mil fiscais na ativa, que atuam nas áreas de auditoria e fiscalização, desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes, fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão, óleos, azeites, etc.), laticínios, ovos, méis e carnes. Os profissionais também estão nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados, nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do agronegócio. Do campo à mesa, dos pastos aos portos, do agronegócio para o Brasil e para o mundo.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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