Mais da metade dos industriais paranaenses está pessimista

A expectativa dos industriais de empresas paranaenses para 2016 é extremamente baixa. Mais da metade deles (54,03%) está pessimista para o próximo ano. O indicador favorável (32,89%) é o menor desde 1996 e, pela primeira vez, está abaixo dos 50%. Os dados são da XX Sondagem Industrial, realizada anualmente pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) em parceria com o Sebrae.

Fatores que contribuem, de acordo com o superintendente da Fiep, Reinaldo Tockus, para a diminuição da expectativa são: “aumento da dívida interna que superou os R$ 2,5 trilhões em outubro; o crescente endividamento externo, que superou os US$ 350 bilhões, contraído em grande medida para fomento ao consumo interno e não para realização de investimentos”, aponta.

Além disso, segundo ele, a taxa de investimentos atingiu apenas 18,1% do PIB e a de poupança 15%, no terceiro trimestre deste ano. “Junte-se a isso, a queda do PIB de 3,2% nos primeiros três trimestres, o rebaixamento e perda do grau de investimento do Brasil, a inflação acima de 10% e a instabilidade política”, são fatores que contribuíram para o cenário.

O empresariado paranaense aponta vários empecilhos para enfrentar a concorrência no mercado interno: a carga tributária elevada continua sendo a campeã, com 78,19%; seguida dos encargos sociais elevados com 66,78%. Além disso, dificultam o bom andamento das indústrias, o custo financeiro elevado com 55,70%, custo elevado de fabricação (40,27%), elevados custos de distribuição (35,91%), e mão de obra não qualificada (24,83%).
Dentre as estratégias das empresas em relação à concorrência nacional e internacional, 65,44% optarão por enxugar custos e 49,66% apostam na qualificação de pessoal. Os empresários investirão em 2016 em melhoria de processo (31,54%), em desenvolvimento de produtos (31,54%) e em aumentos de produtividade (27,18%), com o objetivo de recompor o nível de produtividade.

Para 43,96% dos industriais paranaenses, os aumentos de produtividade em 2015 têm origem no melhor gerenciamento de pessoal e na modernização tecnológica (41,61%). Os investimentos em modernização tecnológica estão vinculados quase sempre à utilização de máquinas e equipamentos modernos (63,09%) e são reflexo da continuidade de melhoria de produtividade e na expansão do mercado doméstico.

Os industriais paranaenses (46,31%) dizem ser de extrema importância ampliar a educação de seus funcionários. As empresas dedicam 28,96 horas em média por funcionário no ano em treinamento para absorção de novas tecnologias (78,86%). Destas, 31,90 horas, na área operacional, 28,81 na administrativa e 41,01 na gerencial. As formas para treinamento mais utilizadas são treinamento no próprio trabalho (31,04%), cursos Internos (28,32%) e Senai, Senac, Sesi, Sesc, Sebrae, etc. (26,24%).

Apenas os aeroportos continuam sendo avaliados positivamente por maioria relativa. Ferrovias, rodovias, telefonia, energia elétrica e infraestrutura urbana foram reprovados e os portos tiveram avaliação neutra.

Parte das indústrias (39,18%) tem pesquisa e desenvolvimento próprios, 13,15% absorvem tecnologia do Brasil e 13,7% utilizam tecnologia do exterior e outras 9,86% recorrem a universidades em busca de conhecimentos, parcerias, novas tecnologias ou inovações.

Boa parte (77,14%) das empresas paranaenses atribui a responsabilidade pela gestão da Inovação a uma pessoa ou grupo de pessoas. A maior parte das indústrias executa os processos de gestão da inovação: planejamento estratégico tecnológico (29,87), gestão da propriedade intelectual/industrial (24,83%), prospecção tecnológica/monitoramento (26,51%), gestão de projetos de P&D (28,52%) e gestão de normas e regulamentos técnicos (25,17%).
A estratégia de maior importância para 2016 foi, pela sexta vez consecutiva, a satisfação dos clientes, apontada por 51,34% dos entrevistados. E o desenvolvimento de novos negócios aparece com 51,34%.

Entre as estratégias para aumento de produtividade estão: o aumento da qualidade (42,01%) voltou a ser o maior benefício, seguido de redução de custos (39,94%) e obtenção de vantagem competitiva (18,05%).

A informação é utilizada como estratégia competitiva da empresa por 92,73% dos industriais, sendo que 57,14% selecionam, sistematizam e analisam dentro da empresa.

Em relação aos seus fornecedores, foram citadas as seguintes estratégias: estabelecer parcerias (53,02%), diversificar fornecedores (42,62%) e qualificar fornecedores (38,59%). As fontes dos recursos financeiros para realizar investimentos são majoritariamente recursos próprios (61,07%).

A pesquisa de Sondagem Industrial é realizada pela Fiep em parceria com o Sebrae. Nesta edição, participaram 371 de todas as regiões do Estado e de todos os portes.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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