Para Abimaq, impactos da crise política tornam o setor produtivo imobilizado

O primeiro bimestre de 2016 registrou 28,7% de queda no faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos, em comparação com o mesmo período do ano passado. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (30/03) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Para o presidente da entidade, Carlos Pastoriza, as incertezas políticas combinadas com a política econômica recessiva, em que o custo do capital é incompatível com o retorno dos investimentos, tem inviabilizado qualquer decisão de investimento no país. “O dólar em alta, por exemplo, é o único instrumento disponível ao setor produtivo na busca por market share no mercado interno”, destacou.
Para tentar modificar o atual cenário, a Abimaq pretende atuar em conjunto com outras entidades de classe, em uma mobilização para desatar as amarras do governo em prol de investimento em infraestrutura. Pastoriza salientou que a Abimaq é uma entidade apartidária, mas que apoia as investigações da Polícia Federal, na Operação “Lava Jato”. “Os culpados devem pagar por seus erros, mas a classe política precisa se responsabilizar pela celeridade na tomada de decisões que amenizem os impactos da atual crise”, declarou.
No primeiro bimestre deste ano, o consumo aparente de máquinas e equipamentos caiu 1,7% em relação a janeiro/15. O consumo aparente também mostrou menor dinamismo, despencando 25,6% na comparação com 2015. De acordo com o Departamento de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, a forte desvalorização do Real (causada por instabilidades políticas e fatores externos) evitou um resultado ainda pior no nível de consumo.
Também influenciou nos números da balança de pagamentos, em que foi apontada uma redução do déficit na balança comercial do setor, caindo de um patamar de US$ 1,5 bihão mensal para perto de US$ 500 mi. Uma queda obtida mais pela redução das importações do que uma melhora nas exportações.
Em fevereiro, o setor utilizou apenas 65,4% de sua capacidade instalada. O comportamento do emprego, que desde meados de 2013 vem registrando fortes quedas, pelo segundo mês consecutivo apresentou relativa estabilidade, registrando um índice de 0,2%.