Professor da FGV indica o que é mais vantajoso ao quitar contas de início do ano 

Janeiro sempre pesa mais no bolso devido aos gastos que se acumulam no início do ano – IPTU, IPVA e material escolar, por exemplo. O professor de Finanças, Cesar Caselani, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), indica como administrar seu dinheiro e as opções de aplicação mais vantajosas com a Selic em baixa.

IPVA e IPTU: pagar à vista ou parcelado?

“A trajetória de queda acentuada da taxa básica de juros (Selic meta), que caiu de 14,25% ao ano em agosto de 2016 para 7% ao ano na última reunião do COPOM ocorrida em dezembro de 2017, afeta diretamente a decisão entre realizar pagamento à vista com desconto e parcelados. Quanto menor a taxa de remuneração das aplicações de renda fixa, todas elas influenciadas pela taxa básica, mais vantajoso tende a se tornar o pagamento à vista dos impostos, especialmente se as taxas de desconto para pagamento antecipado forem mantidas em patamares similares aos dos anos anteriores.

No caso do IPTU da cidade de São Paulo, o desconto para pagamento à vista é de 4% sobre valor sem desconto a ser parcelado em 10 meses. Isto significa uma economia equivalente a 0,92% ao mês para o proprietário de imóvel que resolver pagar com desconto. Apenas a título de comparação, a taxa atual de remuneração da caderneta de poupança gira em torno de 0,4% ao mês, sendo muito inferior ao ganho obtido com o pagamento do IPTU com desconto. Naturalmente este exemplo leva em consideração a situação de uma pessoa que tenha à disposição o dinheiro para pagamento do IPTU com desconto. No caso de ele ter que buscar um empréstimo para pagar com desconto o IPTU, o custo efetivo de tal empréstimo teria que ser inferior à economia de 0,92% ao mês para ser vantajoso. Levando-se em conta o alto custo do dinheiro no Brasil, não vale a pena se endividar para pagar o IPTU com desconto.

Já no caso do IPVA do estado de São Paulo, o desconto para pagamento à vista é de 3% sobre valor sem desconto a ser parcelado em 3 meses. Isto significa uma economia equivalente a 3,13% ao mês para o proprietário do veículo ao pagar com desconto, economia essa muito superior a qualquer alternativa de aplicação do dinheiro em renda fixa (lembre-se que a Selic anual está em 7%). Novamente o exemplo leva em consideração a situação de uma pessoa que tenha à disposição o dinheiro para pagamento do IPTU com desconto. No caso de ele ter que buscar um empréstimo para pagar com desconto o IPTU, o custo efetivo de tal empréstimo teria que ser inferior à economia de 3,13% ao mês para ser vantajoso.”

Material escolar e outras despesas

“Outras despesas de início de ano, como material escolar dos filhos, devem ser feitas com o mesmo cuidado com o dinheiro que deve nortear qualquer decisão que envolva gastos. Em primeiro lugar, sempre questione se é absolutamente necessário fazer o gasto. No caso do material escolar, os pais devem avaliar se determinado item é realmente necessário, bem como procurar alternativas mais baratas e de qualidade. Em segundo lugar, no caso de não os pais não terem recursos disponíveis para a aquisição de todo o material escolar, eles devem adquirir apenas o que for estritamente necessário. Por exemplo, se a mochila do ano anterior ainda tem condições de uso, não faz sentido comprar uma nova e comprometer o orçamento familiar. Em casos extremos de falta de dinheiro para comprar o básico do material escolar, caso seja necessário endividar-se para comprar o essencial, buscar avaliar atentamente as alternativas de empréstimo à disposição no mercado e escolher aquela com o menor custo.”

Aplicações financeiras em 2018

“A trajetória de queda acentuada da Selic afeta também as rentabilidades das diversas aplicações financeiras de renda fixa. A tabela abaixo mostra o que aconteceria caso um investidor de perfil conservador aplicasse hoje R$ 1.000,00 em cada uma das diversas modalidades conhecidas.

Na tabela acima, as aplicações em caderneta de poupança, CDBs e Fundo DI consideraram um horizonte de investimento de 1 ano, após o qual o dinheiro seria sacado. Devido ao fato de não cobrar IR, é possível notar que o saldo da caderneta de poupança após 1 ano não ficou muito distante dos saldos dos CDBs e do Fundo DI, todos eles incorrendo em uma alíquota de IR de 20%. No caso específico do Fundo DI, foi imaginada uma taxa de administração de 0,5% ao ano. Com o nível atual da taxa de juros, taxas de administração muito superiores a 0,5% podem fazer com que o fundo DI perca em rendimento até mesmo para a caderneta de poupança.

No caso do Tesouro Direto, foram considerados dois títulos prefixados, o primeiro vencendo em janeiro de 2020 e o segundo vencendo em janeiro de 2023. Como ambos os títulos têm vencimento superior a 1 ano, é possível auferir taxas anuais superiores a 7% (Selic meta atual). Cabe destacar que os valores futuros dos títulos do tesouro representam o saldo de R$ 1.000,00 após 2 e 5 anos, respectivamente.”

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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