Mais de 35% dos brasileiros se endividaram diante da queda da renda familiar
O mês de março marcou o início da quarentena no Brasil e, com isso, foi registrado um nível recorde de efeitos na economia do país e nas finanças do brasileiro. De acordo com um levantamento realizado pela Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, em maio, foi registrado um alto número de pessoas endividadas. O levantamento ouviu 1.215 usuários do aplicativo. Destes, 40,2% declararam que já tinham dívidas em atraso antes da pandemia do novo coronavírus e 12,7% adquiriram dívidas entre março e abril deste ano em decorrência da crise na economia.
Os principais motivos que levaram até essa situação foram diminuição da renda familiar (35,5%) e falta de controle dos gastos (34,5%). A startup também perguntou aos usuários se pretendiam negociar as contas em atraso, 30,7% disseram que pretendem fazer isso, enquanto 38,3% já tomaram essa atitude e renegociaram as dívidas.
Inadimplência deve crescer
O CEO e fundador da startup, Carlos Terceiro, explica que o momento demonstra a importância de cuidar das finanças pessoais, já que o número de inadimplentes deve crescer ainda mais nos próximos meses. “Quem tem uma reserva de emergência, provavelmente terá que recorrer ao uso dessa verba. Mas mesmo quem não tem e nunca se preocupou em planejar o orçamento deve aproveitar o momento para fazer isso. Com organização e tomando algumas atitudes, é possível diminuir os prejuízos financeiros da pandemia”, explica.
Ele indica que a primeira ação para não perder os controle das finanças é fazer uma avaliação completa sobre a vida financeira. Começando pela análise da renda, se ela diminuiu, foi totalmente cortada ou se há perspectiva de sofrer alteração nas próximas semanas. “Baseado na renda, é necessário analisar as despesas e gastos para entender quais poderão ser reduzidos. Alguns gastos como saídas para lazer não ocorrerão neste período, porém, os gastos fixos, como água, energia e gás, tendem a aumentar no período. Por isso, é importante balancear as contas para que as finanças não fujam totalmente do controle”, diz Carlos.
Fazer compras exige cuidado
Segundo Luiz Henrique Garcia, CEO da QuiteJá, plataforma digital de renegociação de dívidas, o momento de incertezas pela qual o mundo passa requer mais atenção e cuidados redobrados ao efetuar qualquer tipo de compra. “Neste momento, podem surgir inúmeras dúvidas sobre como lidar com as finanças. A insegurança é ainda maior para aqueles que têm empregos informais. É fundamental analisar cada detalhe na hora. O ideal é fazer uma economia de recursos para tentar efetuar a compra pagando a vista. Se não tiver jeito, negociar uma entrada do valor para abater o restante dentro do seu orçamento, evitando assim ficar no vermelho”, declarou.
Ainda segundo o especialista, na contramão deste cenário, muita gente segue procurando renegociar suas dívidas e deixar o nome limpo na praça. “Dívidas como cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro e cartão de crédito, seguem sendo a dor de cabeça da população em geral. Devido a isso, muita gente tem procurado organizar as finanças. Na QuiteJá registramos aumento de demanda de 35%. Estamos nos aproximando de 2 milhões de boletos pagos mesmo vivendo essa pandemia. Ou seja, a população ficou mais crítica quanto a efetuar qualquer tipo de compra sem analisar o cenário”, concluiu.