Pandemia estimula uso de pagamentos online e sem contato

O isolamento social em função ao novo coronavírus (Covid-19) impactou de forma significativa os hábitos de compra e, consequentemente, a forma de pagamento dos brasileiros. Meios como links de pagamento, carteiras digitais e contactless (sem contato) ou NFC (near field communication), por exemplo, se tornam alternativas interessantes para compras na internet ou em lojas físicas.
Para o economista e presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo, a quarentena desperta um potencial de compra que antes caminhava a passos lentos.
“A tendência é que as pessoas busquem opções mais seguras e práticas para pagarem pelo que consomem, e diversas empresas já disponibilizam soluções sem contato. Seria inevitável não ver uma aceleração neste processo como reflexo da pandemia”, comenta de Angelo.
Um levantamento realizado pela consultoria Bain mostrou que 48% dos brasileiros estão dispostos a manter a utilização de tais meios mesmo após o retorno do distanciamento social. Ainda segundo o estudo, mais consumidores estão optando por pagar online ao pedir comida ou usar aplicativos para entretenimento, por exemplo.
A operadora Cielo, por exemplo, registou uma adesão sete vezes maior no uso de links de pagamento durante a quarentena em comparação ao período de pré-isolamento. O sistema permite que os consumidores pagem suas compras via link enviado pelo vendedor, e pode ser usado débito ou crédito. Muitas marcas estão adotando a alternativa, dentre elas, O Boticário, Ri Happy e Santa Lolla.
As tecnologias contactless (sem contato) ou NFC (near field communication), que evitam o contato do consumidor com as maquininhas de cartão, também cresceram. Segundo a Mastercard, o número de transações nesta modalidade foi quatro vezes maior em março, quando comparado ao ano passado. Já o Banco do Brasil aponta um aumento de 12% nas compras sem contato entre os períodos de pré e pós-quarentena e avanço de 13% em compras online feitas com cartões da instituição no início do isolamento.
Na opinião de Felisoni, a pandemia acelerou a disseminação de um serviço que já existia no mercado, mas que muitos não tinham acesso. “O pagamento por aproximação começou a ser usado recentemente no Brasil, ainda com poucos adeptos. Com a pandemia, o consumidor passou a enxergar que se trata de uma ótima alternativa para compras em lojas físicas ou delivery, por exemplo, e consequentemente os varejistas passam a investir na modernização de seus processos”, analisa o economista.
O uso de carteiras digitais também ganhou força durante o distanciamento social e, ao que tudo indica, deve se manter mesmo após este período. O PicPay, por exemplo, do Banco Original, somou cerca de 3 milhões de novos usuários mensais adicionados à sua base, que antes da crise contava, em média, com 500 mil usuários.
Outras fintechs têm oferecido vantagens aos usuários para se tornarem mais atrativas no mercado. O PagBank, banco digital da PagSeguro, e a Ame Digital, carteira digital das Lojas Americanas, são algumas opções que disponibilizam ativos interessantes como crédito nas primeiras compras e “cashback” (retorno do dinheiro) para atrair cada vez mais adeptos.
“Iniciativas como estas, como créditos em compras ou o retorno do dinheiro gasto, são interessantes para atrair o consumidor e mostrar que o dinheiro dele pode valer mais. Em tempos de crise, pode ser uma boa alternativa”, completa o especialista do Ibevar.