Debênture é alternativa para captação de recursos na crise

Debênture é alternativa para captação de recursos na crise

Em meio à retração do mercado de crédito e da economia em geral por causa da pandemia de Covid-19, as debêntures podem ser uma das opções mais seguras de captação de recursos para empresas, como títulos que representam as dívidas do seu emissor, elas são reguladas pela Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76) de maneira bastante abrangente e rigorosa, no que diz respeito à emissão, direitos e obrigações.

“Elas são regidas por regras bastante detalhadas e isso cria uma enorme segurança jurídica. Em tese, eu poderia fazer um contrato mútuo e negociar com esse documento, mas as debêntures, por terem regras completas, quase que exaustivas e bem reguladas, podem circular com segurança jurídica para seus detentores”, explica Marcelo Godke, especialista em Direito dos Contratos, mestre em Direito pela Columbia University School of Law e sócio do Godke Advogados.

Prêmios de risco

Empresas podem se financiar com dinheiro dos seus acionistas (capital social), mas podem também tomar emprestado com debêntures, um recurso que vai ser pago de volta para os investidores. As debêntures representam uma grande fatia de títulos de investimento corporativo no País e, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), houve queda nos prêmios de risco das debêntures em maio.

Segundo a entidade, quanto menor for o prêmio significa que o risco atrelado aos papéis corporativos também é menor. “Caso pudessem ser emitidas por empresas limitadas e cooperativas, haveria mais opções para investidores com o mesmo regramento testado e retestado várias vezes, o que cria uma enorme segurança jurídica no mercado de dívidas corporativas”, acredita Godke.

Quem pode emitir

Atualmente, somente empresas com capital representado por ações e que sejam sociedades anônimas não pertencentes ao setor financeiro podem emitir debêntures. O Projeto de Lei nº 3324/2020 propõe autorizar a emissão de debêntures por sociedades limitadas e cooperativas.

No caso, as companhias deverão ter demonstrações financeiras em conformidade com as normas aplicáveis às companhias fechadas. Pelo texto do projeto, as cooperativas não poderiam emitir debêntures conversíveis em cotas da sociedade, mas isso seria liberado para as limitadas para abranger startups com esse formato. O objetivo da proposta é “ampliar os instrumentos de captação dessas sociedades”.

O PL aguarda relator para tramitação. “Existe certa resistência de se adotar esse tipo de títulos por empresas limitadas, mas esse receio é infundado porque é melhor dar segurança jurídica ao mercado, característica das debêntures por terem regramento por meio da lei das S.A.”, explica Marcelo Godke.

No momento atual, e, que há um enorme déficit de financiamento para as organizações em geral, principalmente as de menor porte, Godke defende a utilização das debêntures e a sua ampliação. “Quando se consegue adotar um instrumento jurídico que é sólido e já foi testado várias vezes, dando maior segurança jurídica, isso facilita a captação de recursos para o funcionamento das companhias”, destaca o advogado.

O que são debêntures?

As debêntures são títulos de dívida de médio e longo prazos (a partir de dois anos) que podem ser emitidos por Sociedades Anônimas de capital aberto ou fechado, ou seja, empresas privadas, com a exceção de bancos. Em geral, esses títulos são utilizados por empresas para financiamento de projetos, aumento de capital ou da capacidade produtiva e para reestruturação de dívidas. Ao contrário das ações, são um título de renda fixa e não tornam o investidor um sócio da empresa (embora possam ser conversíveis em ações).

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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