Pix vai transformar as relações com o dinheiro

Pix vai transformar as relações com o dinheiro

Pix, o novo método de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, que permite transferência de valores em poucos segundos, entrará em funcionamento no dia 16 de novembro. O Banco Central (BC) já contabiliza mais de 50 milhões de chaves de acesso cadastradas, e 762 instituições financeiras habilitadas para oferecer o serviço. O professor de Economia e Finanças, Victor Corazza Modena, da IBE Conveniada FGV, resume a operação. “O BC lançou no mercado a possibilidade que o sistema financeiro merece”.

Ele explica que em uma economia extremamente ativa, com um PIB de R$7,3 trilhões em 2019, já era mais do que necessário um meio mais simples e eficiente de pagamento. “Estamos entre as 10 maiores economias do mundo. Essa eficiência e facilidade era o que precisávamos no comércio e no dia a dia do cidadão comum”, ressalta.

Revolução bancária

Modena ainda explana que o Pix pode significar uma mudança na forma como o brasileiro se relaciona com dinheiro. “Em um cenário em que as instituições financeiras alcançam margens tão grandes, já era hora de vermos uma redução dos custos de transação para o consumidor, ainda mais para quem vive aumentando sua capacidade de consumo”, analisa.

Com a facilidade de uso do sistema, as transações rapidamente devem migrar para essa nova forma de operação. “Já existe uma corrente apostando no sumiço dos pagamentos em dinheiro por todos os usuários do sistema bancário, além dos 45 milhões de pessoas que não possuem contas em bancos”, comenta.

Pagamento por QR Code

Para o professor uma das principais implementações é o pagamento por QR Code, algo que já é realidade que China, Holanda e Suécia. “Na China, até passagens de ônibus e avião são pagas por QR Code. É muito fácil e muito seguro, porque protege bastante os dados”, explica o professor.

Modena aproveita e compara a aderência com o cartão de crédito que, desde sua implantação, demorou até cair no uso do brasileiro. “Antes, as novidades demoravam de 10 a 20 anos para serem recebidas. Hoje, esse ciclo foi encurtado e novos comportamentos acontecem em espaços de tempo menores. Isso pode acelerar a adesão do Pix”.

Entretanto, segundo ele, um novo desafio já está surgindo para os grandes bancos: novas fintechs e startups devem aparecer aos montes nessa onda de modernidade e eficiência. “Isso significa mais concorrência em meios de pagamento”. E o professor ainda vai além. “Nessa guerra quem ganha é o consumidor”.

Nubank em primeiro lugar

Para ele, o fato de o Nubank estar em primeiro colocado no registro de chaves do Pix, se deve a mentalidade de startup, fato que permite a adaptação rápida e pensamento em curto prazo, buscando um contato próximo com clientes mais jovens, acostumados com tecnologia e ligados nos smartphones.

“Tudo conta muito a favor do Pix, principalmente nas gerações mais jovens”, define o professor, explicando que tudo que é necessário para uma transação pelo novo sistema é um celular com acesso a internet que rode a versão mais recente dos aplicativos de banco.

Mas, o que é o pagamento Pix?

O novo meio de pagamento foi criado para ser uma alternativa ao TED, ou DOC, modelos que já existem e são utilizados por diversos bancos, fintechs e instituições financeiras. Com o Pix, as pessoas ou empresas poderão transferir dinheiro para estabelecimentos, ou outras pessoas, em menos de 10 segundos, pelo aplicativo no próprio celular.

“Se pensarmos que uma TED é cobrada em muitas instituições – e nem sempre é pouco -, que um DOC pode demorar dias para compensar, e que um boleto pode gerar custos pelo simples fato de ser gerado, fica clara a nossa dor ao utilizar esses meios de pagamento: ou são caros ou são extremamente ineficientes”, completa Modena.

O Pix possibilita que pagamentos ou transferências sejam concluídos em alguns segundos, e podem ser realizados em qualquer dia e horário, mesmo finais de semana. “Será economia de tempo e dinheiro para todos nós. Inclusive para as instituições financeiras. Estima-se que o custo do Pix para os bancos é extremamente reduzido, na casa de R$ 0,01 a cada 10 transações”, explica o professor, que também é contador.

Segundo o Banco Central, as principais vantagens do Pix são:

  • O serviço estará disponível 24 horas do dia, todos os dias, inclusive finais de semana.
  • As transações serão concluídas em menos de 10 segundos
  • O Pix será gratuito para pessoas físicas, inclusive MEIs (microempreendedores individuais)

As chaves do Pix

Para utilizar o serviço, é necessário cadastrar chaves, que serão utilizadas para fazer a transação. O especialista explica que ao invés de pedir agência, conta, nome e CPF, você registra apenas uma informação como chave, o próprio CPF ou número de celular, por exemplo. Assim, facilita o processo, que também pode ser realizado gerando um QR Code.

Para enviar ou receber uma transação Pix, não é necessário fazer nenhum cadastro avulso ou baixar qualquer novo aplicativo – ele pode ser usado diretamente no aplicativo de sua instituição; é necessário somente que ela ofereça esse meio de pagamento. O professor ainda alerta para as fraudes que estão acontecendo, e avalia que os consumidores devem apenas confiar em informações dentro das plataformas seguras de seus bancos.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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