
Após o anúncio de mudança no comando da presidência da Petrobras na última sexta-feira (19) e o medo do mercado de interferência no comando da estatal, com receio de alteração na política preços, todo o cenário da Ativa Investimentos está em revisão. A corretora prevê um câmbio e juros mais elevado, uma eventual maior deterioração fiscal e um PIB mais baixo.
“Ainda que Bolsonaro tenha dito que não irá intervir no preço da Petrobras, o discurso dele torna-se populista quando se vale de uma tentativa de colocar o povo como explorado. Ao afirmar que não vai interferir, e adiciona um “mas”, ele está, logicamente, justificando sua interferência, o que implica em uma incoerência”, explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Para Étore, o discurso do Presidente vai além do combustível, se vale de uma lógica intervencionista, que remete a um passado, quando eram cometidas grandes interferências nos comandos e preços das companhias, o que gerava grandes prejuízos para empresa e para a nação. “Não acredito que haverá o represamento de preços, mas todo esse cenário será avaliado com cautela”, diz Sanchez.
Defasagem da gasolina – Na manhã de segunda (22), após rodar o modelo de defasagem, a Ativa Investimentos informa que ainda existe espaço para 6% de elevação no preço da gasolina no modelo de média Petrobras (mais assertivo).
Inflação acima do centro da meta para 2021
A inflação em 2021 avançou pela sétima semana seguida, de 3,62% para 3,82%, ficando pela primeira vez no ano acima do centro da meta de inflação de 3,75%. Para 2022, a inflação permaneceu estável na semana passada. Vale destacar que o boletim Focus que foi publicado nesta segunda (22), nasce desatualizado, uma vez que as estimativas que compõem o relatório são enviadas até as 17 horas da última sexta-feira (antes do Bolsonaro demitir o presidente da Petrobras).
Outro desdobramento da expectativa de inflação acima do centro da meta se deu no âmbito da Selic para o final de 2021, que subiu de 3,75% para 4,00%. As projeções de PIB pioraram de 3,43% para 3,29% em 2021.
“A perspectiva para o IPCA de fevereiro subiu de 0,56% para 0,67% pela sexta semana consecutiva, abaixo da nossa expectativa ajustada para o mês de 0,62%. Na mesma direção, as projeções de fevereiro subiram de 0,30% para 0,38%, próximo ao índice que nós esperamos (de 0,37%). Por último, em abril de 2021 o mercado espera elevação de 0,32% no mês, acima da nossa expectativa para o mês de 0,20%”, explica Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos.