Apesar de problemas e polêmicas, planos de saúde registram quase 50 milhões de beneficiários em maio

Apesar de problemas e polêmicas, planos de saúde registram quase 50 milhões de beneficiários em maio

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou esta semana números surpreendentes: em meio ao novo rol taxativo e a aumentos de preço, reclamações de segurados e processos jurídicos, o setor de planos de saúde fechou o mês de maio com 49.584.238 milhões de pessoas nos planos administrados pelas 695 operadoras ativas. O resultado é o melhor desde o ano de 2016.

Enquanto isso, a Diretoria Colegiada da agência avalia autorizar 18 novos itens — entre exames, tratamentos e medicamentos — que ainda não constam na lista coberta pelos planos. A análise vem na sequência da decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) de considerar o rol taxativo, obrigando o custeio apenas de itens que nele constam. Após a decisão, a ANS já aprovou a inclusão de tratamentos para transtornos globais do desenvolvimento como autismo, Asperger e Síndrome de Rett; de medicamentos para doenças degenerativas; e da aplicação de contraceptivo injetável, por exemplo.

O advogado e especialista em Direito Médico Washington Fonseca (foto) comenta o novo rol e orienta quem pensa em adquirir um novo plano em meio ao atual imbróglio.

“O rol taxativo, fechado, evidentemente prejudica muito os segurados, as pessoas que dependem de serviços de saúde, principalmente em âmbito privado”, observa Fonseca. Mas pode-se mesmo mudar a regra do jogo durante a partida — ou alterar os parâmetros estabelecidos e os direitos adquiridos no ato da assinatura dos contratos? “A última palavra em relação ao direito adquirido pelo segurado vai ser via poder judiciário. É uma grande tristeza a gente ter chegado a este contexto, porque infelizmente não há respeito pelo que foi pactuado entre o segurado e a seguradora.”

O especialista observa, porém, que a questão esconde um paradoxo. “Não se pode contratar um plano de saúde com uma rede X em termos de hotelaria e querer usufruir da estrutura de um plano Y: se o seu plano oferece uma enfermaria, você não pode ter direito a um apartamento, por exemplo. As regras do jogo no contrato devem, sim, ser respeitadas por ambas as partes, seguradora e segurado — mas o tratamento da doença é uma outra história completamente diferente, que deve ser acatada pelo plano de saúde”, diz.

Em outras palavras: quando o beneficiário está acometido de uma doença cujo tratamento só existe em uma determinada categoria superior, deve-se pleitear a adequação por parte da seguradora. “Não adianta a pessoa adquirir um plano mais simples e querer usufruir de um plano mais complexo em termos de hotelaria, por exemplo — mas o tratamento de um câncer ou outra doença tem de ser respeitado. Você tem que ir à justiça para pleitear isso.”

O especialista comenta também outra reclamação comum entre os segurados: a demora ou recusa na autorização de procedimentos e tratamentos. “Isso já acontecia antes do julgamento do STJ. Infelizmente, este é um mecanismo que as seguradoras promovem para desestimular a população na hora de buscar um procedimento ou tratamento, mas existem mecanismos para combater esse tipo de prática nefasta. Quando há negativa do plano, deve ser aberto um protocolo na ANS para que haja uma resposta da agência — e, obviamente, sendo um caso de urgência ou emergência, a judicialização acaba sendo necessária.”

Por fim, Fonseca dá duas dicas valiosas a quem vai adquirir um plano de saúde — ou que já o adquiriu, mas está se sentindo lesado. “Antes de assinar, as pessoas devem ler o contrato com atenção, porque muitas vezes eles são realmente ininteligíveis.” Antes ou depois, se possível, “o melhor é sempre buscar suporte de um advogado, da defensoria pública, ou do Ministério Público”.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *