Como o ICMS do preço do combustível é calculado?

Como o ICMS do preço do combustível é calculado?

Conheça os cálculos complexos e as mudanças recentes que atrapalham o entendimento da população sobre o quanto pagam pelo produto

Após meses de aumento, brasileiros sentem alívio no preço do combustível. As contas de energia e de celular também devem diminuir devido à redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O advogado tributarista, João Pedro Valduga, da Leal & Varasquim Advogados, explica que no último ano, o imposto estadual – que representa cerca de 80% das arrecadações dos Estados – passou por diversas altas, encarecendo diversos produtos e serviços, e a diminuição dos valores se deve à decisão da União em reduzir a alíquota desse tributo.

No final de junho o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei Complementar, aprovada de antemão pelo Senado, que limita a cobrança de 18% no ICMS de combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. De acordo com Valduga, a intervenção foi a alternativa encontrada pelo Governo Federal para diminuir os preços que chegam para o consumidor final e controlar a inflação.

“A redução da alíquota do ICMS para esses serviços específicos acaba refletindo em outros setores, podendo deixar outras atividades mais baratas”, aponta o advogado. Um exemplo disso são as corridas de aplicativo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço das corridas de aplicativo aumentou 62,56% em junho de 2022 em relação a junho de 2021. Motoristas da categoria apontaram o preço dos combustíveis como principal motivo do aumento desse serviço, que passou a ocupar a décima posição na lista dos maiores reajustes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desse ano.

Novo cálculo

João Pedro Valduga.

Valduga explica que, como regra, o cálculo de um imposto é baseado no “valor cheio” do objeto. Entretanto, não é o que acontece quando falamos em combustível. O advogado explica que dois são os fatores que valem quando falamos do ICMS no combustível: a nova base de cálculo e o “cálculo por dentro”.

“Em uma decisão recente, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, decidiu que o imposto aplicado aos combustíveis terá como base a média de preço dos últimos 60 meses, conforme o art. 7º da LC 192/2022. Isso quer dizer que, se o valor do combustível hoje se encontra em 6 reais, não será sobre esse valor atual que o imposto irá incidir.”

Em julho de 2017 a gasolina custava R$ 2,93 e foi subindo até atingir o valor aproximado de R$ 6,00 que se encontra hoje. A partir desses valores é feita a média dos valores mês a mês. Valduga explica que é sobre essa média móvel que incidirá a alíquota atual de 18%.

Porém, o cálculo “por dentro” do ICMS não é sobre o valor cheio de 18%, que corresponde a R$18,00. “Esse cálculo faz com que a alíquota seja maior que a taxa nominal, que é aquela que corresponde ao período de um ano”, afirma. Isso porque, no caso do combustível, o tributo faz parte da própria base de cálculo. A conta é a seguinte:

(100 / (1-0,18)) x 18% = (100 /0,82) x 18% = 121,95 x 18% = R$ 21,95

Valduga reforça que o “cálculo por dentro” é uma modalidade legal de bitributação, uma vez que o imposto incide sobre ele mesmo e não sobre o valor do produto em si. Ela permite o acumulo de tributos, o que gera um aumento na alíquota real e preço final do produto. “Por isso, é normal olhar a nota fiscal do combustível e achar que o cálculo do ICMS não fecha com o valor apresentado”.

O especialista acredita que isso se deve a complexidade deste cálculo, que faz com que se perca um pouco da transparência, deixando a população sem saber o quanto paga pelo produto.

Crédito da foto: Canva

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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