Reforma do sistema financeiro impacta diretamente na Agenda 2030

Reforma do sistema financeiro impacta diretamente na Agenda 2030

De acordo com a ONU, é necessário um aumento maciço nos empréstimos para que os países se desenvolvam em melhores condições e reduzam as dívidas

Promover a reforma do sistema financeiro não só no Brasil, mas no mundo, é estratégico para reduzir a fome, fomentar uma economia sustentável e, ainda, mitigar desastres gerados pelas mudanças climáticas no planeta. Esse foi um dos temas centrais debatidos no segundo painel do Fórum do Desenvolvimento – Reforma Tributária e Reformas Econômicas: desafios e oportunidades para o financiamento ao desenvolvimento no Brasil”, realizado em Brasília, nesta quarta-feira (3/7), e que contou com a presença de autoridades do governo federal, da Organização das Nações Unidas (ONU), e dos setores econômicos, entre eles, o presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Celso Pansera.

Em uma perspectiva mundial, o oficial de Parcerias e Investimentos da ONU no Brasil, Haroldo Machado Filho, lembrou que, quando a Agenda 2030 com 17 objetivos e 169 metas foi aprovada por 193 países, em 2015, havia um alinhamento mundial a partir dos interesses de cooperação internacional. No entanto, hoje, ele considera que existe um cenário de protecionismo dos países e uma menor disposição para cooperação internacional, o que afeta o cumprimento dos objetivos.

“O que é mais assustador é que um terço dessas metas está não apenas estagnada, mas regrediu. Então, a realidade é que a fome está aumentando. São 10% da população mundial que enfrentam a fome ou a insegurança alimentar. Isso representa mais de 700 milhões de pessoas no mundo. Também estamos vendo catástrofes ambientais acontecendo na nossa frente”, analisa.

Segundo ele, é necessário preencher as lacunas de financiamento. “A dívida pública global já atingiu 313 trilhões de dólares, e essa dívida é sobretudo de países em desenvolvimento que têm pouca capacidade em pagar. Países que detém 40% da população mundial gastam mais tempo com pagamento de juros da dívida do que iniciativas com saúde e educação. Então, todo esse impacto devastador da dívida sobre as economias em desenvolvimento tem chamado a atenção do sistema internacional”, destaca.

Para enfrentar esse problema, segundo ele, a ONU atua para fazer uma reforma da arquitetura financeira internacional para apoiar os ODS a partir de grandes linhas de reforma. “Uma delas é um pacote de estímulo aos ODS no valor de 500 bilhões de investimento adicional, sobretudo para os países em desenvolvimento. Para haver esse estímulo, seria necessário contar obviamente com um aumento maciço nos empréstimos para que ocorra o desenvolvimento em melhores condições e, consequentemente, reduzir essas dívidas”, esclarece.

José Pedro Bastos Neves, coordenador geral de Finanças Sustentáveis do Ministério da Fazenda, destacou que a Fazenda tem desenvolvido diversos mecanismos para aumentar o financiamento de atividades sustentáveis, entre elas, a transição energética. “O Ministério desenvolveu o Plano de Transformação Ecológica. Trata-se de um plano de desenvolvimento econômico em que existem oportunidades de comercio internacional, desenvolvimento tecnológico e produtivo, associado a essa agenda. As três ações que mais têm impacto são: emissão de títulos verdes, taxonomia sustentável e a regulação do mercado de carbono”, diz.

A diretora da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte (AGN) e diretora da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), Márcia Maia, reforçou o Sistema Nacional de Fomento também tem focado a atenção no desenvolvimento sustentável do país. “O mundo todo tem pensado em estratégias para destravar o financiamento ao desenvolvimento sustentável. Além disso, a maior recorrência de catástrofes climáticas e ambientais, sob a conjuntura econômica e política sensível da política mundial, tornam ainda mais urgente pensar em estratégias para aceleração do desenvolvimento sustentável”, finaliza.

O “9º Fórum Debate – Reforma Tributária e Reformas Econômicas: desafios e oportunidades para o financiamento ao desenvolvimento no Brasil” foi promovido pela ABDE com organização da Estúdio Folha, apoio institucional da Frente Parlamentar de Apoio ao Sistema Nacional de Fomento para o Financiamento ao Desenvolvimento (FPSNF), Organização das Nações Unidas e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (ONU- PNUD). O evento foi patrocinado pela Softex, European Investiment Bank, Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e Caixa Econômica Federal e Governo Federal.

Crédito da foto: Eduardo Tadeu

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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