Inteligência Artificial é mais antiga do se imagina

Inteligência Artificial é mais antiga do se imagina

Os recursos de IA são aplicados hoje no contexto corporativo para otimizar processos e melhorar a experiência do cliente. Foto/Gerd Altmann-Pixabay

Parte II

Termo foi utilizado pela primeira vez em 1956

Quando se pensa na origem da Inteligência Artificial (IA) é comum imaginar que se trata de uma descoberta recenteA primeira ideia que vem à mente é que possa ter surgido na década de 80, quando os computadores pessoais iniciaram seu caminho. No entanto, as teorias sobre a IA são muito mais antigas.

No início dos anos 40, o neurofisiologista Warren McCulloch e o matemático Walter Pitts criaram o primeiro modelo computacional para redes neurais baseado em matemática e algoritmos.

Já a primeira vez em que o termo Inteligência Artificial foi utilizado, data de 1956, durante uma conferência em Dartmouth pelo professor de Stanford, John McCarthy. Ele citou a IA para nomear as máquinas que poderiam reproduzir informações de forma similar à inteligência humana. A partir dessa conferência, IA tem sido utilizada para descrever o campo de estudo e esse tipo de tecnologia.

Na década de 70, a onda de estudos relacionados à IA continuou, dessa vez com o uso de elementos mais simples para construir sistemas mais complexos.

Nos anos 90, os avanços tecnológicos da IA possibilitaram o crescimento deste campo. Desde então, computadores começaram a ser produzidos para vencer humanos em diversos testes e jogos, a exemplo do xadrez.

Hoje, os recursos de IA são aplicados no contexto corporativo para otimizar processos e melhorar a experiência do cliente. Isso inclui o uso de chatbots para trazer respostas mais rápidas, assertivas e sob medida para o usuário.

IA é apenas o primeiro passo

Para o especialista em inteligência artificial (IA) e coordenador do Laboratório de Aprendizado de Máquina e Imagens Aplicados à Indústria (Lamia) do campus de Santa Helena da UTFPR, Thiago Naves, é possível aplicar as soluções de IA no setor da indústria. Porém, na sua avaliação, o fator mais importante para que a tecnologia seja bem utilizada vai além das ferramentas em si, pois depende diretamente dos objetivos pretendidos.

“Muitas pessoas acreditam que o passo principal é ter a ferramenta, mas isso é só o primeiro passo. A Inteligência Artificial precisa de um objetivo claro e bem delimitado, pois é a partir disso que o empreendedor consegue traçar uma forma de uso. Na indústria, podemos falar em redução de custos, captação de novos clientes ou melhoria de produtividade, por exemplo”, explica.

IA aplicada à área de Beleza

Na área de beleza, o Grupo Boticário, que nasceu no Paraná, já faz uso da Inteligência Artificial antes mesmo do boom da Inteligência Artificial generativa. Na empresa, a tecnologia é utilizada desde a recomendação de compras aos consumidores até a testagem de novos produtos, informa o diretor executivo de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Boticário, Gustavo Dieamant.

A primeira experiência do Boticário com Inteligência Artificial ocorreu, em 2019, quando utilizou essa ferramenta para o lançamento da linha de perfumes Egeo.  “On you” (Em Você) e “On me” (Em Mim) integraram o portfólio da marca Egeo, o primeiro perfume do mundo feito com a ajuda da IA.

De lá para cá, o Grupo Boticário tem investido pesado na tecnologia. Só no ano passado foram investidos R$1 bilhão. A equipe também cresceu expressivamente, passando de 200 em 2019, para mais de 3 mil, este ano.

Atualmente, são mais de 40 equipes dedicadas exclusivamente ao desenvolvimento e à gestão de ferramentas de Inteligência Artificial. Elas tocam mais de 50 projetos, que procuram aplicar a tecnologia em todas as etapas da cadeia, que vai do desenvolvimento de produto até a logística de distribuição das mercadorias.

Inclusive, o Grupo criou o cargo de diretor de produtos de dados e IA, uma posição ainda pouco comum no mundo corporativo. “Uma das obrigatoriedades do meu cargo é garantir que o portfólio de IA que usamos seja retornável financeiramente, então discuto com os outros diretores do Grupo sobre o que vamos fazer para melhor direcionar esse uso de IA”, diz Matheus Garibalde, executivo que exerce a função desde o começo de 2023.

No ano passado, o Grupo Boticário atingiu a marca de R$ 30,8 bilhões em vendas, um crescimento superior a 30%. Em partes, a companhia atribui esse avanço às estratégias de cross-marcas e cross-canais. Elas envolvem o tratamento e compartilhamento de informações,  respeitando a LGPD, entre todas as marcas e canais do grupo.

Baseada na centralidade do consumidor, a Inteligência Artificial reúne todos os itens que cada cliente comprou. A partir desses dados, ela faz recomendações de produtos de outras marcas.

IA na testagem de produtos

Gustavo Dieamant, diretor executivo de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Boticário. Foto/Divulgação Boticário

A Inteligência Artificial também marca presença no processo de desenvolvimento de produtos de O Boticário. Através do Projeto Lyra, o sistema realiza teste com diferentes formulações da companhia para identificar variações de cor, viscosidade e pH.

No processo do desenvolvimento de um novo produto, antes da utilização da estratégia de dados, existiam muitos pontos de tentativa e erro ou contávamos com a expertise dos pesquisadores mais sêniores, responsáveis por indicar as reações negativas e resultados abaixo do esperado. Com a aplicação da estratégia de dados, hoje, usamos a IA para simular testes como, por exemplo, alterações de cor, viscosidade e pH, acelerando, portanto, o desenvolvimento e testes de novos produtos e reduzindo o time-to-market”, explica Gustavo Dieamant.

De acordo com o diretor executivo de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Boticário, como resultado, houve uma redução média de 82% do tempo de análise dos pesquisadores. “Além da agilidade, isso resulta também em redução de custos”, acrescenta.

O Grupo ainda faz uso da tecnologia para identificar novas oportunidades que podem ser exploradas por suas marcas e sugerir a quantidade de compra de estoque aos lojistas. “O ecossistema inteiro sai ganhando com a IA”, afirma Dieamant.

Batom Inteligente

Batom Inteligente está sendo testado. Foto/Divulgação Boticário.

O batom é um dos produtos mais populares na maquiagem e está presente na história há várias gerações. Muitos avanços foram feitos neste item de make, mas o Grupo Boticário, em parceria com o centro de inovação que forma pessoas e impulsiona organizações há mais de duas décadas, CESAR, anunciou no primeiro semestre deste ano uma novidade em benefício da inclusão e acessibilidade no mercado de beleza e cosméticos. É  o Batom Inteligente para pessoas com deficiência física e visual.

Tecnologia pioneira e inovadora, o “Batom Inteligente” utilizará inteligência artificial e será capaz de aplicar o batom automaticamente, sem borrar, respeitando os limites do lábio, diferenciando-o com precisão. O dispositivo eletrônico permitirá que pessoas com deficiência visual ou com limitação motora nos membros superiores, possam usar batom sem qualquer dificuldade ou erro de contorno com o simples acionamento de um botão.

Os recursos de inteligência artificial permitem que o batom identifique as diferenças entre a pele do rosto e da boca de cada pessoa posicionada à frente do equipamento. Isso garante uma aplicação confortável, segura e eficaz.

“Estamos muito contentes de termos chegado a mais uma fase do Batom Inteligente. Esse é um projeto realizado em muitas frentes de atuação, com participação dos nossos times internos, parceiros e consumidores. Todos estão de alguma forma contribuindo para o desenvolvimento desse equipamento que visa proporcionar mais inclusão e acessibilidade no mercado de beleza e cosméticos”, celebra o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Boticário.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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