Importação de aparas de papel desequilibra o setor

Importação de aparas de papel desequilibra o setor

A exportação cresce, mas não alivia as dificuldades dos recicladores

A Associação Nacional dos Aparistas de Papel (ANAP) alerta que a crescente importação de papelão reciclável está prejudicando significativamente o setor aparista brasileiro, desestimulando os catadores e comprometendo os incentivos à Economia Circular. A entidade afirma que essa prática, adotada por grandes indústrias, desestimula a coleta de materiais recicláveis no país e pressiona negativamente os preços internos.

“A importação foi prática recorrente durante a pandemia, quando o Brasil sofreu com a falta de material reciclado. Agora é diferente, pois não houve queda na atividade de reciclagem; o que se registrou foi um desestímulo à coleta pós-consumo, feita principalmente pelos catadores, com a queda no preço pago pelo papelão reciclável”, diz Marcelo Bellacosa, presidente da ANAP.

Recentemente, uma grande indústria importou 30 mil toneladas de papelão, principalmente dos EUA, a um valor 30% superior ao oferecido no mercado interno, enquanto fábricas do Sul compraram mais 15 mil toneladas no exterior.

João Paulo Sanfins, vice-presidente da ANAP, destaca que “são 45 mil toneladas importadas, 12% da necessidade de matéria-prima das indústrias, a um preço por quilo duas vezes maior do que pagam no mercado interno”. Para ele, a estratégia da indústria é controlar os preços internos, “evitando novos aumentos. As fábricas alegam falta de papelão no Brasil, mas “há matéria-prima suficiente no mercado nacional”, afirma Sanfins.

Consumo cresce 5,3%

Além disso, segundo estudo da ANAP, o consumo total de aparas de papel cresceu 5,3% em maio em comparação a abril. No acumulado de janeiro a maio de 2024, o consumo de aparas avançou 6,5%, com alta em todas as categorias analisadas.

A exportação de aparas de papel também registrou crescimento em junho, conforme estudo mensal realizado pela consultoria GO Associados, do economista Gesner Oliveira, encomendado pela ANAP. A entidade reúne empresas que reciclam mensalmente milhares de toneladas de material recolhido das ruas pelos catadores e entregue também pelo comércio varejista, atacadistas e indústria.

Em valor, a exportação alcançou US$ 1,3 milhão em junho, um aumento de 214% em relação ao mês de maio (US$ 406 mil), representando o maior valor exportado do ano. No acumulado de 2024, o total exportado foi de US$ 3,34 milhões. Mesmo com o aumento das tentativas de exportação, o valor ainda é ínfimo frente ao faturamento total do setor.

Em volume, a exportação atingiu 2.315 toneladas de aparas, que renderam US$ 800 mil, uma ligeira queda de 2% em relação a maio. Entre os nove principais destinos das exportações de aparas de papel, quatro estão nas Américas – Argentina, Bolívia, Paraguai e Estados Unidos. Argentina e Arábia Saudita são os dois principais destinos do ano, representando, cada uma, cerca de 24% do total das exportações nos seis primeiros meses de 2024, na sequência estão Bolívia (22%) e Paraguai (16%).

“O volume de exportação, contundo significa 0,5 % de nossa produção, ou seja, quase nada”, conclui Bellacosa.

Crédito da foto: Divulgação.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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