Americanas: um ano e meio após o escândalo financeiro

Americanas: um ano e meio após o escândalo financeiro

Com prejuízo de R$ 1,4 bilhão no primeiro semestre de 2024, a empresa segue em recuperação e em débito com credores

Um ano e meio após a revelação do escândalo contábil que abalou a Americanas, a empresa continua em processo de recuperação judicial, enfrentando desafios significativos em sua trajetória de reestruturação. Desde que as inconsistências contábeis foram descobertas em janeiro de 2023, expondo um rombo de R$20 bilhões, a varejista tem lidado com credores insatisfeitos, investidores prejudicados e a deterioração de sua imagem no mercado.

Segundo a advogada da Assis Gonçalves, Nied e Follador – Advogados, Maria Eduarda Ferreira Piccoli, em janeiro de 2023, a Americanas entrou com pedido de recuperação judicial, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. O plano foi aceito pelos credores da companhia apenas em 19 de dezembro, com apoio de mais de 90% dos votantes. “Em relação ao pagamento dos credores, alguns avanços foram observados, especialmente no que diz respeito aos grandes bancos credores, como Bradesco, Itaú Unibanco, BTG Pactual e Santander. No entanto, muitos credores menores, incluindo micro, pequenas e médias empresas, continuam enfrentando dificuldades. Estima-se que as dívidas com esses fornecedores somavam pelo menos R$1 bilhão logo após o escândalo, e muitos ainda aguardam uma solução definitiva. Aparentemente, o processo de recuperação está em andamento, mas a situação permanece complexa”, afirma.

Resultados do 1º semestre de 2024

Advogada da Assis Gonçalves, Nied e Follador – Advogados, Maria Eduarda Ferreira Piccoli
Maria Eduarda Ferreira Piccoli. Foto/Micheli Iwasaki

Em 14 de agosto deste ano, a Americanas divulgou um prejuízo de R$1,4 bilhão no primeiro semestre de 2024, valor representa uma redução de 55,9% em comparação ao mesmo período de 2023, quando a varejista registrou perdas de R$3,2 bilhões. “De acordo com a companhia, o desempenho nos primeiros seis meses de 2024 reflete os esforços feitos ao longo de 2023, com foco na operação das lojas e no atendimento ao cliente, além da implementação de medidas emergenciais. Essas ações contribuíram para a desaceleração da queda da receita consolidada, especialmente no segmento de varejo físico”, conta Maria Eduarda.

Além disso, a receita líquida da empresa no primeiro semestre de 2024 foi de R$ 6,8 bilhões, uma queda de 2,6% em relação aos R$ 7,03 bilhões do mesmo período de 2023 e o volume bruto de mercadorias (GMV) da Americanas no semestre foi de R$ 10,06 bilhões, uma retração de 9% em relação aos R$ 11,05 bilhões do mesmo período de 2023.  “Foi possível notar que o ritmo de recuperação da empresa manteve-se constante ao longo dos primeiros seis meses de 2024, com aumento da receita no varejo físico e expansão da margem bruta, apesar da redução no número de lojas e da retirada de produtos de alto valor, como TVs de grandes telas, eletrodomésticos e itens de informática”, explica a advogada.

Impactos para o varejo

Maria Eduarda explica que investidores continuam sem previsão clara de ressarcimento. “Embora a Lei das Sociedades por Ações ofereça proteção, especialmente aos acionistas minoritários, a recuperação de investimentos em situações como essa requer paciência e estratégia. Para os que não conseguiram vender suas ações em momento oportuno, a recomendação é avaliar cuidadosamente com seus assessores financeiros se vale a pena aguardar uma possível recuperação do valor das ações”, comenta.

Além disso, a advogada reforça a necessidade de maior transparência e participação dos minoritários nos conselhos de administração e fiscal, afirmando que essa crise trouxe à tona a fragilidade da proteção desses acionistas no Brasil. “Além dos acionistas e credores, o escândalo da Americanas teve um impacto significativo no setor varejista e em toda a cadeia de fornecedores. Empresas de diversos portes ainda sofrem as consequências da crise. O impacto nas micro, pequenas e médias empresas, que dependiam da Americanas como cliente, continua sendo uma questão crítica. Essas empresas ainda sentirão os efeitos dessa crise ao longo dos próximos meses”, explica Maria Eduarda.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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