Varejo brasileiro negligencia R$22 bilhões/ano em potencial de consumo das pessoas com deficiência
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No Brasil existem cerca de 50 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência
Às vésperas da Black Friday, o varejo brasileiro pode estar negligenciando um mercado de R$22 bilhões anuais. Este é o potencial de consumo do público com deficiência, segundo estudo da Accenture, que se depara com a dificuldade de acesso a locais e plataformas de compras. Somente no universo digital, apenas 3% dos sites brasileiros de e-commerce não apresentam falhas de acessibilidade, segundo pesquisa realizada este ano pela BigDataCorp e o Movimento Web para Todos (MWPT).
A Rede Empresarial de Inclusão Social (REIS) aponta que este cenário é reflexo da invisibilização de pessoas com deficiência na sociedade e no mercado de trabalho. “Além do dever ético e social, a inclusão de talentos PCDS em postos de liderança e operacionais é etapa fundamental para as empresas acessarem um mercado volumoso e ávido por consumo”, defende Djalma Scartezini, CEO da REIS.
O IBGE aponta que, no Brasil, existem cerca de 50 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Nesse universo, de acordo com o levantamento elaborado pela Secretaria da Inspeção do Trabalho (SIT), junto com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) com base em informações do eSocial divulgadas em janeiro deste ano, somente 545,9 mil trabalhadores estão integrados ao mercado.
Scartezini pontua que o desenvolvimento e lançamento de produtos e serviços também precisa considerar a população PCD em pesquisas sobre seus interesses e demandas. Algo que deixa claro a importância da presença de colaboradores com deficiência em times P&D, comercial e de marketing.
“A inclusão precisa começar de dentro para fora, afinal cada PCD possui uma necessidade exclusiva. Incluir profissionais com deficiência nos times de marketing dessas empresas é possibilitar uma visão real de como tornar esses produtos realmente acessíveis levando em consideração as necessidades desses consumidores”, alerta Scartezini.
O CEO comenta que além da infraestrutura dos ambientes físicos, é preciso também desenvolver mecanismos para que esse público consumidor tenha acesso e autonomia para poder escolher um produto em uma gôndola, por exemplo. “A acessibilidade deve ser encarada como uma questão transversal”. Outro ponto defendido é o treinamento dos colaboradores que estão nos pontos de vendas para atendimento adequado do público PCD, considerando adaptações que englobam todo o processo e experiência dos consumidores.
O estudo Brand Inclusion Index 2024 (BII), realizado pela Kantar, com mais de 23.000 participantes em 18 países aponta que 66% das pessoas com deficiência afirmam já terem sofrido algum tipo de discriminação, no último ano. A análise ressalta ainda que as marcas mais inclusivas têm três coisas em comum: estratégias de DE&I bem pensadas e comprometidas em longo prazo; uma execução criativa impecável e coragem. “Trata-se de coragem de criar essas ações e se manter firme no propósito de dar voz aos grupos sub representados”.
Além disso, no Brasil, foi avaliada a opinião de 1.012 indivíduos dos quatro grupos sub representados – mulheres, pessoas pretas e pardas, pessoas com deficiências (PCDs) e comunidade LGBTQ+. E 88% dos brasileiros afirmam que diversidade e inclusão são importantes para eles, enquanto globalmente esse número é 79%.
O executivo ressalta que, ao adotar iniciativas que integrem esse público, as empresas podem consolidar seus posicionamentos e aumentar a percepção da marca perante o mercado, reforçando que está comprometida com a diversidade, equidade e inclusão.