Vendas de cimento aceleram alta em outubro
Crescimento foi de 9% no mês e 4,3% no acumulado do ano
As vendas de cimento em outubro tiveram suas vendas acentuadas, totalizando 5,9 milhões de toneladas, um crescimento de 9,0% em relação ao mesmo mês de 2023, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento – SNIC.
O acumulado do ano (janeiro a outubro) registrou um total de 54,7 milhões de toneladas vendidas, aumento de 4,3% comparado ao mesmo período do ano passado. Ao se analisar o despacho do insumo por dia útil, nota-se alta de 2,5% sobre o mesmo mês do ano passado, ou seja, comercialização de 241,7 mil toneladas por dia em outubro de 2024.
O aquecimento dos mercados de trabalho e imobiliário, em especial do programa Minha Casa, Minha Vida, são os principais vetores para a manutenção do bom desempenho. Só o MCMV elevou em 65,9% os lançamentos de residências no Brasil no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. O resultado da venda de materiais de construção1, de vendas imobiliárias2 e financiamentos também seguiram em alta.
No entanto, apesar da construção civil estar com demanda aquecida, esse setor sofre com a falta de mão de obra, que eleva salários, pressiona a inflação e já reflete nos preços dos imóveis, que aumentaram mais que o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) nos últimos 12 meses.
Há ainda uma efetiva preocupação do mercado em relação à situação fiscal do governo, a alta dos juros e a mudança nas regras de financiamento habitacional, impactando a confiança do setor da construção3, que permaneceu estável em outubro com relação a setembro.
Diante desse cenário de incertezas, a confiança do consumidor4 caiu em outubro, impulsionada pela pior expectativa em relação à situação financeira das famílias nos próximos meses, resultando num menor ímpeto de compras.
O alto endividamento e a elevada inadimplência das famílias, aliado com a trajetória de alta da taxa de juros, também sinalizam cautela nas perspectivas da indústria brasileira do cimento para o ano de 2025, que poderá ter taxa de crescimento do consumo do produto menor do que em 2024.
Ainda assim, a expectativa é fechar este ano com cerca de 64 milhões de toneladas comercializadas. O resultado deverá recuperar 1,8 milhão das perdas de 2,3 milhões de toneladas entre 2022 e 2023. Esse consumo de 2024 permanece longe do recorde de 2014 de 73 milhões de toneladas.
“Os novos aumentos na taxa de juros irão afetar negativamente o consumo das famílias e o financiamento habitacional, influenciando na demanda do mercado imobiliário brasileiro, principal indutor do consumo de cimento. Os programas de infraestrutura do PAC, que poderiam ajudar a alavancar a atividade, permanecem com uma performance abaixo do esperado”, destaca Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.