Após dois meses de queda, faturamento das PMEs ficou estável em fevereiro

Após dois meses de queda, faturamento das PMEs ficou estável em fevereiro

Comércio segue em crescimento

O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) aponta que o faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras manteve estabilidade em fevereiro, com expansão de apenas 0,3% (YoY), após dois meses consecutivos de queda (-1,5% em janeiro/25 e -0,9% em dezembro/24). No primeiro bimestre de 2025, o índice acumula uma leve retração de 0,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, evidenciando uma perda de fôlego do segmento, em comparação aos resultados registrados até o terceiro trimestre de 2024.

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 736 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, responsável pelo índice, explica que a queda do consumo acompanha a perda de fôlego das PMEs apontada pelo IODE-PMEs, especialmente no segmento de Serviços. Esse movimento, observado desde o final de 2024, está em linha com os dados do IBGE sobre o PIB no quarto trimestre, que cresceu abaixo das expectativas e desacelerou em relação ao terceiro trimestre, com destaque negativo para o recuo do consumo das famílias.

“O desafiador cenário macroeconômico – marcado por maiores pressões inflacionárias e juros elevados – impacta as PMEs e, naturalmente, a economia doméstica como um todo. Um dado que reforça esse panorama de dificuldades para a evolução do consumo das famílias é a queda expressiva da confiança dos consumidores nos últimos meses, conforme apontado pela Sondagem do Consumidor da FGV-IBRE. Esse declínio reflete, sobretudo, a piora na percepção financeira futura dos agentes econômicos”, comenta o economista.

O Comércio continua sendo o principal destaque positivo dos pequenos e médios negócios. Em fevereiro de 2025, o segmento registrou um avanço de 13,1% no faturamento real em relação ao mesmo período do ano anterior. Assim como nos últimos meses, o atacado segue como o responsável pelo impulso, especialmente em atividades como ‘comércio atacadista de joias, relógios e bijuterias’, ‘comércio atacadista de equipamentos elétricos de uso pessoal e doméstico’ e ‘comércio atacadista de resíduos de papel e papelão’.

Por outro lado, o varejo apresentou um crescimento mais modesto em fevereiro de 2025 (+1,2% YoY), revertendo parte das perdas acumuladas nos dois meses anteriores. O segmento foi aquecido por ‘comércio varejista de artigos de viagem’, ‘comércio varejista de equipamentos para escritório’ e ‘comércio varejista de livros’.

O índice mostra que Infraestrutura também se sobressai, com alta de 2,1% em comparação com fevereiro de 2024. O resultado foi impulsionado pelas atividades de ‘água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação’ e ‘serviços especializados para construção’. “No entanto, o cenário de juros elevados e a queda da confiança já impactam negativamente alguns segmentos da construção civil, especialmente ‘obras de infraestrutura’ (-4,1% YoY) e ‘construção de edifícios’ (-11,0% YoY)”, completa Beraldi.

O setor de Serviços, fundamental para o mercado de PMEs segundo o economista, apresentou um modesto progresso de 0,6% em fevereiro de 2025 na comparação anual, após dois meses consecutivos de queda nessa base de comparação. A expansão foi viabilizada por ‘‘informação e comunicação ” e ‘transporte e armazenagem’. Atividades essenciais, como ‘alimentação’ e ‘educação’, ainda apresentaram movimentação financeira abaixo do esperado.

Já a Indústria registrou nova retração em fevereiro de 2025, com queda de 7% na comparação anual, marcando o quarto recuo consecutivo nessa base de comparação. Entre os 23 subsegmentos da indústria de transformação monitorados pelo IODE-PMEs, 12 apresentaram redução no faturamento real no mês, principalmente, ‘fabricação de produtos alimentícios’ e ‘fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos’. Por outro lado, alguns segmentos mostraram ascensão: ‘confecção de artigos do vestuário e acessórios’, ‘fabricação de papel e produtos de papel’ e ‘impressão e reprodução de gravações’.

Os resultados recentes apontados pelo índice reforçam a percepção de que 2025 tende a ser um ano desafiador para a atividade econômica doméstica, especialmente para as pequenas e médias empresas, que dependem do cenário de crédito e da evolução do consumo das famílias. Ainda assim, a performance observada em diversas atividades no último mês sugere que, apesar do ambiente macroeconômico adverso, as PMEs não devem ser completamente comprometidas. “O avanço apenas deve ocorrer de forma mais moderada e alinhada ao ritmo da economia como um todo. Para o PIB brasileiro em 2025, a mediana das expectativas do mercado aponta para uma evolução de 2%, segundo o Relatório Focus do Banco Central do Brasil”, explica Beraldi.

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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