Homens pedem salário 77% maior do que mulheres para ocuparem cargos de diretoria

Homens pedem salário 77% maior do que mulheres para ocuparem cargos de diretoria

Mulheres se candidatam menos a vagas de liderança do que homens

Os homens dominam as candidaturas para cargos de liderança, representando cerca de 60% das vagas abertas para gerência e coordenação e 53,2% das de diretoria. Os dados são de levantamento realizado pela plataforma Hub Labs, do Grupo Hub, consultoria de RH especializada em recrutamento, seleção e desenvolvimento de pessoas, com base em 2.789 candidatos. Desses, 936 se candidataram para coordenador, 1.806 para gerente e 47 para diretor.

Em relação à pretensão salarial, a diferença é notável: homens solicitam, em média, 77% a mais que as mulheres para posições de diretoria (R$ 20.010,04 contra R$ 11.295,45). Já para as posições de gerência, a discrepância é de 8,3% (R$ 18.323,35 contra R$ 16.921,38), enquanto para coordenação, mulheres tem pretensão ligeiramente maior (R$ 13.844,57 versus R$ 13.692,86).

Quando analisada a remuneração média dos candidatos, a diferença salarial também é significativa entre homens e mulheres aspirantes a vagas de liderança. Homens que se candidatam a cargos de diretoria ganham, em média, cerca de 60% a mais que as mulheres (R$ 16.806,27 versus R$ 10.510,27). Para os cargos de gerência a diferença chega a 42% (R$ 9.618,88 versus R$ 6.781,81), e para os de coordenação 17,6% (R$ 5.575,21 versus R$ 4.736,48). Foram analisadas posições em cinco setores da economia, como varejo, bens de consumo, indústria, agronegócio e tecnologia.

Segundo Inara França, gerente de RH do Grupo Hub, os achados revelam que as mulheres evitam se candidatar a vagas onde existe o risco de rejeição por não atenderem 100% dos requisitos. “É comum ouvirmos que as meninas amadurecem antes dos meninos, mas, na verdade, elas apenas são cobradas e corrigidas com mais rigor desde cedo, enquanto os meninos têm mais liberdade para errar e aprender com o tempo. No mercado de trabalho, isso se reflete em um padrão onde muitas mulheres só se candidatam a oportunidades quando sentem que estão 100% preparadas, enquanto os homens se arriscam mais. Os homens olham para uma vaga e pensam ‘eu consigo aprender o que falta’, enquanto as mulheres pensam ‘se eu não atender a todos os critérios, talvez eu não seja boa o suficiente'”, analisa.

Quando a mulher busca uma nova oportunidade, continua Inara, a referência salarial de seu trabalho tende ainda a ser influenciada pelo que ela já recebe. “Se uma mulher já vem de um histórico de salários mais baixos, ela tende a pedir menos. Se a empresa aceita esse valor sem revisão, a disparidade continua. Esse é um ciclo autorreprodutivo que mantém a desigualdade salarial e é importante dizer que o mercado não vai quebrar este ciclo sozinho. Ele precisa ser quebrado de forma estratégica e intencional pelas empresas”, complementa.

Disparidade salarial também atinge cargos de analista

Já em relação aos cargos de analista, a situação se inverte, com mulheres respondendo por 58,3% do total de 3.178 candidaturas. E embora a remuneração média do público feminino que se candidata a vaga seja maior (R$ 6.455,69), representando quase o dobro da do público masculino (R$ 3.281,91), ainda assim, homens pedem cerca de 6,24% a mais (R$ 8.246,78 versus R$ 7.762,49).

“Este dado reflete uma série de fatores culturais e sociais, incluindo expectativa de gênero e valorização diferenciada das competências entre homens e mulheres. É uma situação que reforça a necessidade de políticas de equidade salarial mais robustas e ações afirmativas que promovam qualidade nas condições de remuneração e plano de carreira para ambos os gêneros”, finaliza Victor Fazzio, sócio sênior do Grupo Hub.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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