Imobiliárias no Brasil demoram mais 6 horas para atender clientes interessados em alugar imóveis

Imobiliárias no Brasil demoram mais 6 horas para atender clientes interessados em alugar imóveis

Pesquisa destaca desafios na experiência do cliente no aluguel de um imóvel

Um a cada cinco clientes interessados em alugar um imóvel no Brasil sequer recebeu resposta de imobiliárias. O dado foi divulgado no Panorama de Atendimento Imobiliário: Experiência na Locação, estudo inédito produzido pela Plaza, startup que atua como braço direito das imobiliárias, utilizando IA para apoiar gestores e corretores, que avaliou a qualidade do atendimento para locação nas 100 maiores cidades do Sul e Sudeste do país.

Para a realizar a pesquisa, a proptech utilizou a metodologia de cliente oculto por meio de contatos via whatsapp, analisando mais de 1.500 imobiliárias para mapear processos, o tempo de resposta, o uso de tecnologia e os desafios enfrentados por inquilinos em busca de um imóvel para alugar.

Segundo o panorama, o tempo médio de resposta das imobiliárias foi de 6 horas e 17 minutos, enquanto a duração média para a conclusão de um atendimento foi de pode levar até 26 horas. Como consequência, apenas 1,7% dos serviços foram classificados como 5 estrelas, com finalização em menos de 30 minutos, contra 51% que foram considerados 1 ou 2 estrelas,refletindo um nível insatisfatório de atendimento. O levantamento também aponta que 41,48% de todos os contatos avaliados acabaram abandonados antes mesmo da conclusão.

De acordo com Julio Viana, CEO e cofundador da Plaza, os números refletem um gargalo significativo no atendimento, que impacta diretamente a experiência do cliente e a taxa de conversão das imobiliárias. “O tempo de resposta é um fator crítico, e o alto índice de leads abandonados mostra que há um grande espaço para otimização por meio da tecnologia e processos mais ágeis“, pontua.

Atendimento prestado

Com relação ao atendimento, o estudo aponta que o corretor de imóveis segue sendo o principal responsável pelo atendimento inicial, com mais de 58% das abordagens aos clientes, seguido pelo pré-atendimento humano, com 31%.

O uso da Inteligência Artificial (IA) no pré-atendimento ainda é incipiente, representando apenas 3,6% dos atendimentos. No entanto, os dados mostram que a IA pode acelerar significativamente o tempo de resposta inicial, reduzindo em até 8 vezes  –  para apenas 2 minutos. Além disso, essa tecnologia apresenta a maior taxa de finalização entre todos os métodos analisados, com 97%. Em comparação, o atendimento conduzido por corretores tem um tempo médio de resposta de 8,7 horas e uma taxa de conclusão de 70%.

Já na etapa de pós-contato, a pesquisa da Plaza revelou que somente 40,74% dos contatos receberam follow-up após o desengajamento inicial do lead. Dentro desse percentual, o estudo apontou que os corretores de imóveis são os que mais realizam o acompanhamento, com mais de 53% dos casos. Em contrapartida, o pré-atendimento realizado por humanos constatou menos tentativas de follow-ups, com somente 13%.

A falta de estratégias de follow-up é um dos motivos para a perda de oportunidades no mercado imobiliário. Os dados mostram que um grande número de leads desiste do contato antes da conversão, o que reforça a necessidade de um acompanhamento mais estruturado e eficiente. Ferramentas automatizadas e inteligência artificial podem ajudar a reverter esse cenário, garantindo um atendimento mais ágil e eficaz,” detalha Viana.

Avaliação estadual

Segundo o Panorama de Atendimento Imobiliário, a procura por um imóvel para locação tende a ser mais complexa no Rio de Janeiro, que foi o estado que apresentou as maiores taxas de abandono nos atendimentos, com 54%. Quando se trata sobre a velocidade do atendimento, o destaque negativo fica com o Rio Grande do Sul, que possui o atendimento mais lento da pesquisa, demorando mais de 33 horas para finalizar o contato.

Pelo sentido inverso, Santa Catarina registrou os melhores índices avaliados, com o atendimento mais rápido e a maior taxa de finalização, com tempo médio de primeira resposta de 2 horas e finalização do atendimento em 12.

Ao analisar as abordagens de cada região, o estudo aponta São Paulo como o estado que mais utiliza o corretor de imóveis para realizar o primeiro atendimento, com 61,7% das imobiliárias do estado, enquanto Minas Gerais o que menos se utiliza com 26%.

Locação Garantida

As diferenças regionais também aparecem nas garantias aceitas e exigidas para se realizar uma locação. Enquanto o caução ainda é comum em certos estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, onde é aceito por mais de 50% das imobiliárias, outros nem ao menos possibilitam essa opção como uma garantia aceita.

Dentre as opções mais comuns, a fiança paga foi a mais mencionada, com taxa média de 11,86% sobre o aluguel. Por outro lado, mais de 22% das cidades pesquisadas já não aceitam caução como garantia. Além disso, 9,4% das imobiliárias solicitam documentos antes da visita ao imóvel, criando barreiras adicionais para potenciais inquilinos.

Em um país com taxas de criminalidade altas como o Brasil, visitar um imóvel com estranhos pode ser algo perigoso. Por isso, pedir a documentação antes de visitar o imóvel pode ser um passo importante para trazer segurança para o corretor de imóveis e proprietário,” conclui o CEO da Plaza.

O mercado de aluguel no Brasil

O segmento de locação segue em alta, refletindo uma mudança no comportamento dos consumidores. Segundo o Censo 2022, 20,9% dos domicílios brasileiros são alugados, um salto em relação aos 12,3% registrados no ano 2000. No total, o país passou de 6,7 milhões de imóveis alugados para 18,8 milhões em duas décadas. Estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná concentram quase 50% dos imóveis locados, e o número médio de moradores por residência caiu de 3 para 2,8 pessoas.

Esse crescimento acompanha a valorização dos aluguéis: em janeiro de 2025, o Índice FipeZap apontou um aumento de 0,96% em relação ao mês anterior, superando a variação de outros indicadores econômicos como o IPCA e o IGP-M. No acumulado dos últimos 12 meses, nas regiões Sul e Sudeste, as cidades que mais se destacaram em valorização foram Porto Alegre (+25,98%), Belo Horizonte (+14,20%), São Paulo (+11,60%), Florianópolis (+9,94%) e Rio de Janeiro (+7,86%).

O valor médio do aluguel residencial alcançou R$ 46,94 por metro quadrado no primeiro mês do ano, sendo que São Paulo lidera entre as capitais, com uma média de R$ 58,49 por metro quadrado. Especialistas atribuem essa alta à retomada econômica e ao fortalecimento do mercado de trabalho, que impulsionaram a demanda por locação. Apesar de um ritmo de crescimento mais moderado em comparação com os últimos anos, a expectativa para 2025 é de continuidade na elevação dos preços, influenciada pela restrição no mercado de vendas e pelas taxas de juros elevadas, que dificultam o acesso ao crédito imobiliário.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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