Restaurantes investem em estética e economia circular para atrair clientes

Estética, conforto e apelo visual são elementos estratégicos para fidelizar o público
Você já ouviu alguém dizer: “Eu como pelo lugar”? Essa frase resume uma tendência crescente no setor de alimentação fora do lar: a ambientação dos estabelecimentos tem se tornado tão importante quanto o sabor dos pratos. Estética, conforto e apelo visual são agora elementos estratégicos para atrair e fidelizar o público — especialmente em tempos de redes sociais.
Mais do que seguir tendências visuais, muitos restaurantes estão aproveitando o momento para modernizar seus espaços de maneira sustentável. Práticas de economia circular, como o uso de mobiliário reutilizado, têm ganhado força como alternativa para reduzir custos, gerar receita com ativos ociosos e reforçar o compromisso ambiental.
Mercado aquecido e consumidor mais exigente
Os números confirmam a força do setor: segundo a Associação Nacional de Restaurantes (ANR), em janeiro de 2024 o segmento registrou um aumento de 7,5% na receita real em relação ao mesmo período de 2023. Já a Abrasel aponta que o setor movimentou R$ 107 bilhões apenas no primeiro trimestre do ano, crescimento de 3,3% na comparação anual.
Esse avanço é impulsionado também pelo comportamento dos consumidores: dados da MindMiners indicam que 63% dos brasileiros consomem refeições feitas fora de casa, e 29% preferem comer em restaurantes — mais do que por conveniência, por experiência.
“A experiência gastronômica envolve muito mais do que o paladar. O ambiente, a iluminação e até o mobiliário criam conexões emocionais. Isso influencia diretamente a decisão de retorno do cliente”, explica o arquiteto e designer de interiores, Miguel Freitas.
A estética que vende e se recicla
“A economia circular não é só ambientalmente correta, ela é economicamente inteligente”, afirma Thiago da Mata, CEO da Kwara, plataforma que conecta empresas interessadas em vender ou comprar ativos de forma digital. Segundo ele, cresce a demanda por equipamentos e mobiliários utilizados, especialmente entre pequenos empreendedores e redes em expansão.
Dados da ONU apontam que a economia circular pode movimentar até US$ 108 bilhões globalmente até 2050. No Brasil, bares e restaurantes começam a ver nisso uma forma de se reinventar com menor impacto ambiental e maior retorno financeiro.
“É possível um restaurante, por exemplo, adquirir mais de 80% do mobiliário em leilões de ativos de outros estabelecimentos. Essa decisão pode reduzir em até 60% o custo do projeto”, detalha o profissional.
Estética, memória e propósito
Além do apelo visual, a valorização da comfort food — aquela comida que traz memórias afetivas — também se fortalece, indicando que o consumidor busca experiências completas: que emocionem, engajem e tenham propósito.
“A jornada do cliente começa antes do cardápio e termina depois da sobremesa. Tudo comunica: da fachada ao garfo”, conclui Miguel.