Além da inflação, bets afetam o consumo dos brasileiros em supermercados

Além da inflação, bets afetam o consumo dos brasileiros em supermercados

Varejo alimentar vem sofrendo com as apostas online

A inflação vem mudando a forma de consumo dos brasileiros em supermercados, porém, especialistas apontam que esse não é o único motivo por trás do cenário nocivo, as bets também influenciam no setor de varejo alimentar. Prova disso é o alto gastos da população com os jogos de aposta, segundo o Banco Central, os movimentos com as bets giraram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês, o dado é baseado na média feita em relação ao primeiro trimestre de 2025. Para Leandro Rosadas, especialista em gestão de supermercados, o efeito pode ser não só prejudicial para o bolso dos trabalhadores, mas para os negócios deste setor também.

“É importante ressaltar que o dinheiro que é usado para jogar nessas casas de aposta, seria utilizado para o consumo de itens essenciais e supérfluos. Com isso, diversos supermercadistas vem registrando uma diminuição da compra de itens básicos, mas também de itens considerados dispensáveis, como bebidas alcoólicas, iogurtes e biscoitos. O baixo consumo de itens básicos já proporciona um saldo negativo, porém, esses produtos considerados “supérfluos” têm uma margem de lucro maior, gerando impacto no setor, explica.

O Brasil é um dos maiores mercados de jogos de apostas em todo o mundo, é o que diz o levantamento feito pela Associação Nacional de Jogos e Loterias. A pesquisa também apontou que o país ocupa a terceira posição no ranking dos maiores mercados globais das bets, o feito aconteceu em menos de quatro anos. Ainda de acordo com o Banco Central, já são cerca de R$ 300 bilhões gastos com o esquema de apostas por parte dos brasileiros.

“A inflação segue apertando o bolso dos brasileiros, 58% da população já está comprando menos alimentos do que costumavam levar para casa meses atrás. Em contrapartida, uma parte significativa do dinheiro que antes ia para comida, agora está indo para apostas e aplicativos de games com recompensas. Isso acontece já que passam a sensação de ganhar dinheiro fácil, quem está numa situação apertada, precisando de dinheiro, acaba jogando para conseguir ter uma forma de renda extra”, Leandro afirma.

Para se ter uma ideia, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados, as redes de supermercados no Brasil, o maior negócio de varejo no país, futuraram mais de R$ 1 trilhão somente em 2024, o número equivale a 9,12% do Produto Interno Bruto (PIB). Dessa forma, entre 3 a 4 anos de forte crescimento, apenas os jogos de apostam já são quase 30% do maior negócio de varejo brasileiro, de alimentos e bebidas.

Para Leandro, os programas de conscientização são fundamentais para criar um alerta sobre as bets entre o público. Ele também acredita que a regulamentação por parte do governo em relação aos jogos de apostas pode ajudar. Além disso, por parte dos supermercados, criar promoções mais acessíveis e programas de fidelidade que oferecem recompensas tangíveis, pode incentivar os consumidores a priorizarem suas compras no supermercado em vez de gastar em apostas.

“Benefícios como descontos, prêmios e cashback são estratégias eficazes. Ter uma estratégia de marketing consistente, uso de redes sociais e tráfego pago e um bom atendimento são ações fundamentais para estimular o consumo e fazer propaganda do seu negócio”, finaliza o especialista em gestão de supermercados.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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