Empresas perdem talentos por erro invisível

Empresas perdem talentos por erro invisível

Pesquisa revela como a falta (ou o excesso) de reconhecimento pode desencadear  efeito dominó de distorções nas avaliações

Um simples erro de avaliação pode custar caro para a empresa. E não estamos falando apenas de decisões equivocadas, mas de um efeito dominó emocional que compromete a produtividade, a motivação e até o senso de justiça dentro das equipes.

A recente pesquisa desenvolvida pelo professor associado de Comportamento Organizacional da Yale SOM (Escola de Negócios da Universidade de Yale), Tristan L. Botelho, e divulgada pelo Yale Insights, revelou que profissionais que se sentem subestimados tendem a reproduzir essa distorção quando estão na posição de avaliadores, tornando-se mais “mesquinhos” ao elogiar ou reconhecer os outros. Já aqueles que recebem elogios imerecidos também replicam o erro, perpetuando avaliações distorcidas.

A especialista em desenvolvimento de líderes e fundadora da QUARE, Carolina Valle Schrubbe, observa esse padrão com frequência em consultorias e workshops. “Vejo o gerente que não reconhece e o coordenador que não foi reconhecido. A consequência é desmotivação, baixa produtividade e, muitas vezes, perda de talentos”, afirma.

“O colaborador pode receber um ótimo salário, mas se não sente que é visto e valorizado, algo sempre parece faltar”, destaca Carolina. 

A chave para esta mudança está no reconhecimento estruturado e consciente, não como bajulação, mas como retorno objetivo e sincero sobre comportamentos e entregas que surpreenderam positivamente. “Dizer ‘você me surpreendeu em tal situação’ é muito mais poderoso do que um simples ‘parabéns’”, exemplifica a especialista.

Ela ainda conta que a QUARE tem atuado para ajudar líderes a se comunicarem melhor com suas equipes e a tornarem o feedback uma ferramenta estratégica, inclusive com o desenvolvimento de softwares que vão ajudar nessa tarefa. “Em breve, vamos lançar uma tecnologia com inteligência artificial voltada à gestão do momento do feedback. A plataforma vai organizar o histórico de evolução do colaborador e oferecer insights personalizados sobre a melhor forma de comunicação com cada perfil”, revela.

Justiça emocional importa

De acordo com a pesquisa, quando um profissional sente que sua entrega foi invisibilizada, ele começa a se “economizar” nas funções do dia a dia da empresa.. A especialista em desenvolvimento de líderes explica como isso ocorre na prática. “É o famoso ‘por que me esforçar se ninguém nota?’. “Isso mina a cultura da meritocracia e afeta diretamente os resultados do time da empresa”, alerta.

Para evitar esses impactos, a recomendação da especialista é clara: feedback estruturado com base em competências técnicas e comportamentais, alinhadas às entregas esperadas por cargo. “Não pode ser um checklist protocolar. É um momento decisivo para engajamento e performance do colaborador. Seja franco e comunique-se de maneira respeitosa, afinal, o feedback é uma conversa entre adultos com a efetiva vontade de contribuir”, pontua.

Para as empresas e líderes, o alerta é claro: reconhecimento não é mimo, é uma ferramenta poderosa de gestão. E empresas que não se atentarem a isso, correm o risco de ver talentos se apagando, ou, pior, indo embora.

Crédito da foto: Freepik

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *