Exportações de calçados caem 23,5% em agosto

Heitor Klein: "O clima de desconfiança só prejudica o país".
Heitor Klein: “O clima de desconfiança só prejudica o país”.

Depois de três meses seguidos de altas, nos comparativos com os meses imediatamente anteriores, as exportações de calçados voltaram a cair. Em agosto os calçadistas embarcaram 9 milhões de pares por US$ 69 milhões, 13,7% menos do que em julho (US$ 80 milhões) e 23,5% menos do que no mesmo mês de 2014 (US$ 90,2 milhões). No acumulado dos oito meses do ano, foram embarcados 74,6 milhões de pares por US$ 613 milhões, 12,3% menos do que no mesmo período do ano passado (US$ 699 milhões).

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, o resultado negativo não chega a surpreender, embora a expectativa fosse de maior estabilidade no mês oito. “A alta do dólar ainda não refletiu sobre os resultados, mas esperávamos uma maior estabilidade em relação aos meses anteriores”, comenta, acrescentando que a alta da moeda norte-americana só deve ser refletida nos embarques a partir de dezembro.

Segundo o executivo, a volatilidade cambial tem prejudicado as exportações, especialmente porque dificulta a formação dos preços. “A negociação fica mais lenta e, por vezes, negócios são perdidos. Os importadores esperam a melhor cotação para concretizar a compra”, explica Klein, para quem, neste momento, a estabilidade cambial é fundamental para que sejam concretizadas as expectativas de recuperação nos embarques. “O Brasil vive um momento de incertezas e o câmbio fica extremamente vulnerável. Não é somente a situação econômica que precisa melhorar, mas a política. O clima de desconfiança só prejudica o país”, avalia.

Em agosto os três principais destinos das exportações tiveram resultados negativos. Para os Estados Unidos, principal comprador do produto nacional, as exportações geraram US$ 14 milhões, 24,4% menos do que no mesmo mês de 2014. Com isso, as vendas para os norte-americanos acumularam uma queda de 4,4% nos oito meses do ano, chegando a US$ 120,27 milhões.

Para a Argentina, a queda foi de 54,2% em relação a agosto do ano passado. No mês oito, os “hermanos” compraram o equivalente a US$ 5,85 milhões em calçados verde-amarelos. No acumulado dos oito meses, as exportações para a Argentina chegaram a US$ 42,76 milhões, 24,8% menos do que no mesmo período do ano passado.

Terceiro destino do calçado brasileiro nos oito meses do ano, a França importou US$ 3,87 milhões em calçados brasileiros no mês passado, queda de 15,2% ante agosto de 2014. No acumulado os franceses importaram US$ 39 milhões, 6,5% menos do que no mesmo ínterim de 2014.

No mês de agosto os três principais exportadores de calçados tiveram resultados negativos. O Rio Grande do Sul embarcou o equivalente a US$ 29,65 milhões, queda de 22,3% frente ao mesmo mês do ano passado (US$ 38,18 milhões). Nos oito meses, os gaúchos embarcaram o equivalente a US$ 242,24 milhões, 7,2% menos do que no mesmo período de 2014 (US$ 261 milhões).

Segundo no ranking de exportadores de calçados, o Ceará vendeu US$ 17 milhões além-fronteiras  no mês de agosto, o que configura uma queda de 29,6% ante mesmo mês de 2014 (US$ 24,2 milhões). No acumulado, os cearenses somam US$ 155,82 milhões com exportações de calçados, 19,1% menos do que em igual ínterim do ano passado (US$ 192,55 milhões).

O terceiro maior exportador brasileiro é São Paulo, que no mês oito embarcou o equivalente a US$ 8,88 milhões, 26,8% menos do que em agosto do ano passado (US$ 12,13 milhões). No acumulado, os paulistas somam US$ 84,7 milhões em divisas com exportações de calçados, queda de 14,8% frente ao mesmo intervalo de 2014 (US$ 99,4 milhões).

Assim como as exportações, as importações de calçados também registraram queda em agosto. No mês passado entraram no Brasil 2,36 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 35 milhões, número 29,4% menor do que o registrado no mesmo mês de 2014 (US$ 49,5 milhões). Nos oito meses do ano, a importação de 25 milhões de pares já soma US$ 373 milhões, 7,9% menos do que o registro do ano passado (US$ 404,7 milhões).

As principais origens das importações nos oito meses do ano seguem sendo Vietnã (US$ 198,27 milhões, queda de 16,7%), Indonésia (US$ 93,15 milhões, incremento de 23,4%) e China (US$ 35 milhões, queda de 7,8%).

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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