Setor de confecções é o que mais emprega mão de obra feminina
As indústrias de extração, de transformação e da construção empregam aproximadamente 851 mil pessoas no estado do Paraná e, deste total, apenas 29% ou 244.674 dos postos de trabalho são ocupados por mulheres. Os números fazem parte de estudo da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e apresenta o panorama da participação da mão de obra feminina no setor industrial. O levantamento é resultado do compilamento de dados do Ministério do Trabalho e aponta que a presença do trabalho feminino é maior nos grandes centros urbanos do estado. Os postos de trabalho ocupados pelas mulheres concentram-se em grandes e pequenas empresas, respectivamente.
Para o gerente de economia da Fiep, Marcelo Percicotti, a partir dos dados é possível traçar um perfil das mulheres que atuam na indústria paranaense. “Ela é predominantemente jovem, tem entre e 30 e 39 anos, e permanece desempenhando atividades nos segmentos de transformação e da construção em um período de 12 a 23,9 meses. O maior tempo de permanência é no setor extrativista, que chega a 59,9 meses”.
Com relação à escolaridade, predomina entre as profissionais dos três segmentos industriais o ensino médio completo. Elas estão buscando cada vez mais qualificação. O Senai no Paraná registrou aumento da participação de mulheres nos cursos técnicos. Em 2010, elas representavam cerca de 18% dos alunos matriculados – índice que atingiu 32% em 2015. No ano passado, elas foram maioria em cursos como o de Alimentos, Segurança do Trabalho, Produção de Moda, Qualidade e Química, entre outros.
Nos cursos superiores da Faculdade da Indústria IEL a presença feminina já é maioria. As mulheres representam 55% do total de alunos matriculados na instituição de ensino neste ano. Elas também estão cada vez mais presentes nos cursos de pós-graduação e MBAs ofertados pela Escola de Negócios da Faculdade. Entre 2013 e 2015 houve um aumento de 50% no número de mulheres nessas capacitações.
Perfil da mulher na indústria paranaense
A maior concentração da mão de obra feminina está na indústria de transformação. São 230,5 mil mulheres à frente das atividades deste setor. Em seguida, aparece a indústria da construção com apenas 13.576 dos 166,8 postos de trabalho. Com a presença mais tímida, elas ocupam 575 das 6.566 vagas na indústria de extração.
As mulheres têm como principal ocupação o cargo de auxiliar administrativo na indústria extrativa. Já na indústria de transformação, aparecem nos cargos de confecções e roupas, embaladora e alimentadora de produção. Na construção civil as duas principais ocupações são auxiliar administrativo e funções para conservação e manutenção de edifícios.
Na indústria de transformação, os segmentos industriais que concentram a mão de obra feminina são, respectivamente: fabricação de produtos alimentícios, confecções e artigos do vestuários, fabricação de móveis, fabricação de produtos de borracha e material plástico. Proporcionalmente, elas estão em maior número nas atividades do segmento da moda (confecções e artigos do vestuário). Das 68,4 mil vagas existentes neste segmento, 76% são ocupadas por mulheres.
Para a coordenadora do Conselho Setorial da Indústria Têxtil e do Vestuário da Fiep, Luciana Bechara, a justificativa do alto percentual está na habilidade manual necessária já que nem todas as etapas da produção são realizadas por máquinas. Outra característica apontada pela coordenadora é a de que muitas têm a oportunidade de ingressarem no mercado de trabalho por meio desta atividade industrial. “A maior parte da produção é manual, por isso não é necessário curso específico para exercer este tipo de função”, complementa.
Empoderamento das mulheres
O Sistema Fiep é signatário de iniciativas promotoras da equidade de gênero no trabalho, a exemplo do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e do Pacto Global. E também apoia a campanha ElesporElas/HeForShe da ONU Mulheres, em prol do engajamento dos homens pelo fim da violência contra as mulheres e meninas. O Sesi é signatário dos Princípios de Empoderamento das Mulheres: Igualdade significa negócios (Women’s Empowerment Principles – WEPs), plataforma da ONU Mulheres em parceria com o Pacto Global, para promover práticas empresarias que levem ao avanço das mulheres no mundo do trabalho.
O Sesi Paraná também divulga o guia: “Relações de Gênero na Indústria: Metodologia Sesi em Prol da Equidade”, e assessora as indústrias no processo de internalização do tema. Por meio de uma parceria do Sesi com a ONU Mulheres no Brasil, está em curso o desenvolvimento de um projeto que disponibilizará indicadores de gênero no trabalho, em convergência com os Princípios de Empoderamento das Mulheres e indicadores de sustentabilidade empresarial.
“Cada vez mais as empresas estão percebendo o impacto da equidade de gênero tanto no desenvolvimento econômico e social regional, quanto nos negócios, na medida em que ambientes livres de discriminação são mais equilibrados, favorecem desenvolvimento de competências organizacionais, sendo portanto, mais produtivos e saudáveis”, observa Renata Fagundes Cunha, especialista em Responsabilidade Social do Sesi Paraná.