Indústria precisa inovar, mesmo em tempos de crise
O setor industrial vem atravessando momentos de dificuldade há três anos consecutivos. No caso específico do Paraná a queda do faturamento industrial desde 2013 chega a 20%. Só no ano passado, as indústrias paranaenses faturaram 8,4% a menos e nos primeiros sete meses de 2016 a perda acumulada ficou próxima de 5%, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).
O consolo é que a crise não dura para sempre e as empresas precisam continuar criando produtos e tecnologia para se prepararem para a retomada da economia. Sem isso, correm o risco de perder competitividade e ficar para trás na próxima onda de crescimento. O problema é que com menos dinheiro em caixa, diminuem também os recursos na área de inovação.
O processo de inovação é muito mais que o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços. Envolve a criação de novos modelos de negócios, novas formas de atender necessidades dos consumidores, novos processos organizacionais, novos meios de competir e cooperar no ambiente empresarial. Segundo o gerente executivo do Centro Internacional de Inovação do Sistema Fiep, Filipe Cassapo, a inovação, acima de tudo, é uma ferramenta necessária para promover a competitividade com produtividade e sustentabilidade.
Entretanto, o que se tem verificado em termos de Brasil é que o grau de inovação, principalmente nas indústrias, ainda é muito baixo. E isso pode ser constatado através da comparação de dados entre Brasil e Coreia do Sul, informa Cassapo. De acordo com ele, o primeiro item a ser analisado entre os dois países é a geração de conhecimento, onde ambas as Nações produzem uma ciência de qualidade. Em termos de artigos referenciados internacionalmente nós temos uma diferença de 20% a menos do que os sul coreanos. Porém, quando se comparam os valores do Produto Interno Bruto (PIB) para transformar o conhecimento em negócios há uma grande disparidade. Na Coreia do Sul, 4,3% do PIB são destinados para pesquisas e conhecimentos gerados nas universidades. No Brasil esse porcentual cai para 1,2% ou quase quatro vezes menos.
Outro elemento importante destacado pelo gerente executivo do Centro Internacional de Inovação do Sistema Fiep é o número de mestres. “Inovação não é apenas geração de conhecimento. É preciso transformar o conhecimento em negócios”, alerta Cassapo, informando que na Coreia do Sul, 80% dos pesquisadores estão inseridos na iniciativa privada contra apenas 25% do Brasil.
Uma das dificuldades enfrentadas pelo sistema brasileiro é o número de pesquisadores nas empresas: são poucos e com tendência de redução. O Brasil tem mais de 130 mil pesquisadores, sendo 57% em universidades e 37% em empresas. E o mais lamentável ainda é que a última Pesquisa sobre Inovação Tecnológica (Pintec) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que está havendo uma redução na quantidade de pesquisadores nas empresas.
O número de pesquisadores nas empresas brasileiras vinha aumentando até 2005, quando atingiu 50 mil. Porém, voltou a cair. Hoje são pouco mais de 45 mil pesquisadores em empresas. A Coreia do Sul, com um sétimo da nossa população, tem 166 mil. E os Estados Unidos têm 1,1 milhão. O pequeno dispêndio do Brasil em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) se manifesta concretamente no pequeno número de pesquisadores.
Quando se comparam os números de patentes entre os dois países os dados são ainda mais desanimadores. Em 2012 (últimos números pesquisados), por exemplo, a Coreia do Sul solicitou 14.500 patentes contra apenas 245 do Brasil. “O que era uma diferença de apenas 20% no que se referia à produção de artigos referenciados internacionalmente entre Brasil e Coreia, quando analisamos outros itens verificamos que o nosso País não consegue transformar o conhecimento em produtos inovadores”, lamenta Cassapo.
Paraná tem 442 empresas inovadoras
A última Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 442 empresas do Paraná praticam o processo de inovação continuada. Segundo Filipe Cassapo, esse número deve crescer ainda mais nos próximos anos, tendo em vista que a economia paranaense está cada vez mais industrializada.
Na opinião de Cassapo, a inovação é a capacidade de transformar o conhecimento em empreendimentos inovadores e não precisa ser radical. “Inovar também não é só pesquisa. Para inovar é preciso ser criativo e, acima de tudo, converter a ideia em resultado de negócios”, observa.
A XX Sondagem Industrial realizada pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) referente aos anos de 2015 e 2016 revela que quase 40% das empresas paranaenses têm pesquisa e desenvolvimento próprios. Por outro lado, 9,86% recorrem a universidades em busca de conhecimentos, de parcerias, de novas tecnologias ou inovações; 13,15% absorvem tecnologia do Brasil e 13,70% o fazem do exterior. Por sua vez, 24,11% das nossas indústrias ainda não possuem uma política tecnológica formada.
A pesquisa também mostrou que 77,14% das empresas paranaenses atribuem a responsabilidade pela gestão da inovação ou de novos produtos formalmente a uma pessoa ou grupo de pessoas.
Quanto à estrutura organizacional para apoiar a política de inovação, 34,9% das empresas paranaenses atribuem a uma diretoria/gerência específica os assuntos de tecnologia e inovação; 17,11% o fazem por diversos setores da empresa e 12,75% têm uma coordenação de projetos de tecnologia e inovação.
Para as indústrias paranaenses, o planejamento estratégico tecnológico, a gestão da propriedade intelectual/industrial, a prospecção tecnológica/monitoramento, a gestão de projetos P&D e gestão de normas e regulamentos técnicos são “bem” dominados e executados nos processos de gestão da inovação.
Quando o assunto é estágio tecnológico das indústrias paranaenses em relação ao nível nacional, a XX Sondagem Industrial da Fiep mostrou que 21,65% se consideram adiantadas; 58,42%, em dia; 12,71%, defasadas; e 7,22% desconhecem. Isto mostra que o Paraná conta com 71,13% de empresas atualizadas (adiantadas e em dia) tecnologicamente ao nível nacional. Em termos internacionais, 42,05% das indústrias do Estado se consideram defasadas tecnologicamente; 32,86% estão em dia e 4,59% adiantadas.
A aprovação de uma patente demora 11 anos
O gerente executivo do Centro Internacional de Inovação do Sistema Fiep aponta dois grandes obstáculos enfrentados pelas empresas inovadoras. O primeiro deles é a burocratização. “No Brasil tudo é muito demorado. Para que uma empresa tenha uma patente concedida são necessários 11 anos. Então o que vale uma ideia que demora 11 anos para ser aprovada?”, questiona Cassapo, que aponta a burocracia como a maior inimiga da inovação.
O segundo grande obstáculo à inovação é a falta de recursos financeiros. Os incentivos de apoio direto se materializam por meio de instrumentos de financiamento aos projetos de inovação disponibilizados através das agências e bancos de fomento, como a Finep, o BNDES, as fundações estaduais de pesquisa, dentre outras. Nessa modalidade de incentivo, há ainda a subvenção econômica, que consiste na aplicação de recursos públicos não reembolsáveis (que não precisam ser devolvidos) diretamente em empresas, para compartilhar com elas os custos e riscos do projeto.
Em março de 2013, o Governo Federal lançou o programa “Inova Empresa”, prevendo investimentos de cerca de R$ 33 bilhões para inovação na indústria brasileira. No entanto, mesmo com o aumento nos últimos anos, por parte do governo brasileiro, do dinheiro disponível para a inovação, o País vem perdendo posições em rankings de competitividade internacional. Outro dado que mostra que o conjunto do sistema de incentivos à inovação tem sido, até o presente momento, pouco eficaz em alterar de maneira radical o quadro da inovação nas empresas brasileiras são os resultados obtidos nas últimas pesquisas de inovação tecnológica realizadas pelo IBGE.
Atualmente, o principal instrumento utilizado pelas empresas inovadoras do setor industrial é o financiamento para compra de máquinas e equipamentos, sendo que dentre os menos utilizados está o instrumento de subvenção econômica e o financiamento a projetos de PD&I e inovação tecnológica em parceria com universidades ou institutos de pesquisa. Já a Fundação Dom Cabral em parceria com a Inventta Consultoria realizou levantamento junto às empresas brasileiras para avaliar a visão delas sobre as políticas públicas de apoio financeiro à inovação e também avaliar a efetividade dos mecanismos de fomento à inovação.
A pesquisa mostrou a falta de recursos financeiros e a mensuração dos ganhos do processo como dificuldades do processo de inovação. Além disto, a cultura da empresa e a falta de processos estruturados foram apresentadas como complicadores da inovação quanto a sua utilização, desafios e perspectivas. Pelos resultados, a maioria das empresas fez uso de fontes de fomento nos últimos três anos (51%). Além disto, 38% das empresas nunca utilizaram o benefício, mas têm a intenção de utilizá-lo nos próximos anos. Dentre os que utilizam as linhas de fomento, a maioria pretende continuar usando esse mecanismo.
O que é preciso para que uma inovação dê certo?
Para o professor da Fundação Getúlio Vargas, Moysés Simantob, para que uma inovação possa ser bem sucedida é necessário conhecimento, mercado, aceitação e sorte. Já na opinião do economista da gerência de Economia, Fomento e Desenvolvimento da Fiep, Roberto Zurcher, a inovação é uma das saídas para enfrentar a crise. “A crise econômica é um momento para as empresas repensarem seus produtos. As que forem mais criativas, certamente, sairão na frente”, destaca.
Como exemplo, Zurcher cita o celular Quantum Fly, lançado pela unidade de negócio da paranaense Positivo Informática, que esgotou em menos de 24 horas. Objetivando atender um público de maior poder aquisitivo, o aparelho foi mais um passo dado pela empresa para a consolidação da marca no concorrido mercado de celulares. A empresa posicionou o produto como top de linha, com condições de oferecer o mesmo desempenho dos aparelhos de marcas renomadas como Apple e Samsung, mas com preço 50% inferior. Em um ano, a Positivo saltou de 2,3% de market share para 6,1%.
Segundo o estrategista de Marcas e Inovação, Hélio Moreira, o desafio de evoluir é fundamental, e não há como fugir dele. Ele chama a atenção para a quebra de alguns paradigmas. O primeiro deles é que a maioria das empresas fica olhando apenas para seus concorrentes como fonte de competição e muitas vezes como inspiração, sendo que essa quebra de paradigma virá de fora do seu setor. “O Skype e o WhatsApp não nasceram de dentro da indústria de telecomunicações. O Airbnb não surgiu de nenhuma rede hoteleira. Bitcoin não nasceu na indústria financeira. Uber não saiu dos taxistas. Amazon não nasceu no varejo. Ser uma empresa ágil, com a chegada da transformação digital tornou-se ainda mais importante para sobrevivência. Não é uma opção”, alerta. Para Moreira, as inovações que vimos na última década são apenas um aquecimento para o que veremos nos próximos vinte anos. Ou seja, ainda não vimos nada.
Senai no Paraná é parceiro para inovação
Nos últimos anos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) tem se posicionado como principal ofertante de tecnologia aplicada à indústria brasileira. O domínio técnico dos processos produtivos, o conhecimento científico de ponta e a infraestrutura laboratorial mais moderna e mais ampla do país confere ao Senai a condição de atuar com rapidez e objetividade em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. No Paraná, o Senai, que está presente no Estado há 70 anos, oferece consultorias para que as empresas estruturem seus planos de inovação, desde metodologias de captura de ideias até a gestão da carteira de projetos e captação de fundos.
Há quatro anos, o Senai vem investindo na constituição de sete Institutos de Tecnologia nas áreas de Alimentos e Bebidas, Meio Ambiente e Química, Construção Civil, Papel e Celulose, Tecnologia da Informação e Comunicação, Madeira e Mobiliário, Metalmecânica e um Instituto de Inovação na área de Eletroquímica. Foram cerca de R$ 150 milhões de investimentos em infraestrutura laboratorial e profissionais de pesquisa à disposição das indústrias paranaenses e do Brasil. Somente no ano passado, a entidade executou cerca de 60 projetos de inovação com empresas de todos os portes, diversos setores industriais e em todas as regiões do Estado.
Bússola da Inovação dá o rumo certo para as indústrias paranaenses
O Paraná foi o primeiro estado brasileiro a contar com o programa Bússola da Inovação, que objetiva incentivar o processo de inovação na indústria. Através desse programa o empresário responde um questionário online e recebe um diagnóstico de como está o processo de inovação dentro do seu negócio. Depois, os resultados são compilados em uma pesquisa que revela o Índice Paranaense de Inovação (IPrI). Podem participar indústrias de qualquer porte e segmento do estado. Todos os dados são sigilosos, sendo apenas compilados em uma pesquisa que revela o Índice Paranaense de Inovação (IPrI), da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Duas edições já foram realizadas e a terceira está com inscrições abertas. A segunda mostrou que houve uma queda de 13% no índice de inovação no estado, com nota final 5, quando o ideal é anota 7. Os principais desafios identificados pela pesquisa foram: aquisição de conhecimento externo; captação e exploração de incentivos e recursos; e formalização e qualificação de equipes de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Segundo o gerente executivo do Centro Internacional de Inovação, Filipe Cassapo, o Sistema Fiep está aí para ajudar as empresas a serem mais competitivas. Para traçar um retrato real da inovação, a pesquisa Bússola da Inovação, que é realizada a cada dois anos, precisa contar com o maior número possível de respostas. Assim, a participação de cada indústria é fundamental para mostrar as necessidades de cada setor e região. Com base nessas informações, podem ser idealizadas e planejadas ações específicas para facilitar o processo de inovação nas indústrias.
O sucesso da Bússola é tanto que já rompeu as fronteiras do Estado. De acordo com informações do coordenador do projeto, Augusto César Machado, o programa foi levado também para a Federação das Indústrias do Ceará. Embora seja um programa de médio e longo prazo, o seu objetivo é ambicioso: plantar uma semente da inovação e melhoria do desenvolvimento e assim mudar a cultura empreendedora.
As inscrições para a edição 2016 são gratuitas e vão até outubro pelo site do programa (www.bussoladainovacao.org.br). Após fazer o cadastro, o empresário responde um questionário com questões sobre procedimentos da sua empresa. É importante que as empresas respondam o questionário até o fim para que recebam o diagnóstico. Até agora mais de 2 mil empresas já participaram da Bússola da Inovação.
Com a Indústria 4.0 entramos na quarta revolução industrial
Estamos em plena era da quarta revolução industrial, que está sendo chamada de Indústria 4.0. Essa fase promete uma produção mais inteligente, em que todos os processos de decisão das fábricas serão tomados pelas próprias máquinas, com base em informações fornecidas de dentro do sistema de manufatura em tempo real.
Para o gerente executivo do Centro Internacional de Inovação do Sistema Fiep, Filipe Cassapo, a Indústria 4.0 pode ser definida como um conjunto de inovações. “No mundo inteiro as indústrias estão aderindo à quarta revolução industrial e o Brasil deve se preparar para não perder tempo. Aliás, algumas startups, inclusive do Paraná, já oferecem tecnologia 4.0. Quem não conseguir acompanhar, vai ficar para trás e perder a capacidade de produzir com custos e prazos otimizados, é uma questão de sobrevivência. Na Alemanha, essa indústria já é uma política de estado, entrar nessa indústria é um salto importante para o futuro”, adianta.
A Indústria 4.0, explica Cassapo, é a utilização de novas tecnologias de integração entre o virtual e o físico, para aumentar a produtividade e competitividade das indústrias de todos os tipos. Ele faz referência às três revoluções industriais anteriores, lembrando que a primeira trouxe a automação por meio de energia a vapor, a segunda, a energia elétrica, no começo do século 20. Mais recentemente, nos anos 1980, foi a robotização. E agora, com a emergência da nuvem, estamos à frente de um novo salto.
Avanços em sistemas como o Big Data, que é, basicamente, um grande conjunto de dados armazenados, é outra ferramenta que será ainda mais disseminada em um futuro próximo. “Com a capacidade da nuvem cada vez mais gigantesca, será possível armazenar cada vez mais rápido e de forma inteligente, com um banco de dados que gere análises sobre o produto e ajude a otimizar o processo produtivo”, explica. A descoberta de padrões e tendências, chamado de machine learning, permite a detecção de repetições de venda, por exemplo. “Vai ter um aproveitamento melhor dos dados e uma inteligência maior na hora de tomar decisões, o que aumenta a competitividade, pois é possível realizar um atendimento mais personalizado ao cliente, e customizar o produto”, salienta Cassapo.
A indústria da manufatura virtual – por meio da “internet das Coisas” – que se refere a essa revolução tecnológica que tem como objetivo conectar os itens usados do dia a dia à rede mundial de computadores – traz o conceito de que a fábrica seja 100% conectada. “Na fábrica, as máquinas poderão trocar informações, da mesma forma que ocorre a comunicação entre fornecedor e cliente”, frisa o gerente da Fiep.
A curitibana Goepik, criada há quatro meses, é uma spinoff da startup Eruga, e trabalha com digitalização de processos, utilizando como tecnologia a realidade aumentada e virtual, fornecendo informações em tempo real. Segundo explica o CEO da Goepik, Wellington Moscon, que criou e desenvolveu sozinho o software utilizado nos óculos de realidade aumentada, depois da Renault, outras grandes empresas já se mostraram interesse nessa tecnologia.
De acordo com Moscon, processos críticos, como paradas de produção, precisam de rápida atuação para minimizar as perdas na indústria. Através da tecnologia criada pela Goepik, utilizando plataforma de streaming e realidade aumentada um especialista atuando de forma remota pode orientar visualmente o operador no processo de manutenção do equipamento. Ou seja, o operador utiliza um smartphone e um óculos de realidade aumentada e através da câmara de dispositivo irá permitir que o especialista remoto tenha acesso ao seu campo de visão e insira elementos em realidade aumentada. Desta forma as perdas na produção são minimizadas, são eliminados os custos de deslocamentos (muitas vezes de um país para outro) e o processo de aprendizagem é acelerado.
Em parceria com o Senai, a Goepik está desenvolvendo um treinamento imersivo em grandes máquinas com foco em NR12, permitindo dessa forma que procedimentos e acidentes de trabalho sejam simulados de maneira fiel ao ambiente industrial, eliminando riscos de acidentes no processo de treinamento, diminuindo custos com materiais e deslocamentos dos alunos.
Resultados de pesquisa preocupam
A quarta revolução industrial já está aí e veio para ficar. O preocupante são resultados de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no primeiro semestre do ano com mais de duas mil empresas sobre adoção de tecnologias digitais relacionadas à era da manufatura avançada, a chamada indústria 4.0. A nova lógica de produção se refere à integração digital das diferentes etapas da cadeia de valor dos produtos industriais, desde o desenvolvimento até o uso, e envolve a criação de novos modelos de negócio, produtos e serviços a eles atrelados.
Atualmente, a digitalização é considerada o primeiro passo para a indústria entrar no novo patamar tecnológico. Em alguns países onde esse processo está mais avançado, já houve aumento da produtividade e redução de custos de manutenção de equipamentos e do consumo de energia, além do aumento da eficiência do trabalho. Entretanto, a pesquisa da CNI mostra, entre outras coisas, que a indústria brasileira ainda está se familiarizando com a digitalização e com os impactos que pode ter sobre a competitividade. O desconhecimento é significativamente maior entre as pequenas empresas (57%). Na avaliação da CNI, é preciso aproximar especialistas e indústria para ampliar o conhecimento sobre os ganhos que o país pode ter com a mudança de patamar da indústria.
Pouco menos da metade das empresas industriais utiliza pelo menos uma das dez tecnologias digitais listadas na pesquisa, como automação digital sem sensores; prototipagem rápida ou impressão 3D; utilização de serviços em nuvem associados ao produto ou incorporação de serviços digitais nos produtos. Para 66% das empresas, o custo de implantação é a principal barreira interna à adoção de tecnologias digitais.