Caso Carrefour: o que as empresas precisam aprender

Caso Carrefour: o que as empresas precisam aprender

Crescimento exponencial, grande destaque e reconhecimento de marca, abertura de novas lojas. Nada disso foi o suficiente para fazer a rede Carrefour ficar de fora da lista de “como não fazer direito o seu gerenciamento de crise”. A empresa havia anunciado uma receita de R$ 40,5 bilhões e investimento de R$ 2 bilhões para expansão do grupo em 2019, mas logo em seguida foi bombardeada com o escândalo do caso do segurança de uma loja em Osasco (SP) que espancou um cão de rua — o qual, consequentemente, veio a óbito.

Este é apenas mais um dos exemplos de que o papel de uma empresa na sociedade vai muito além do que ela traz de investimentos ao país. Aliado a isso, o Carrefour demonstrou um grande despreparo em um momento tão delicado perante a sociedade. E foram diversos erros cometidos ao longo dos dias que se seguiram: a demora em um pronunciamento sobre caso, acreditando que o clima ficaria apenas entre grupos pequenos de redes sociais; “colocar” a culpa do caso no funcionário de empresa terceirizada e no atendimento do Centro de Zoonoses para somente então anunciar que reconhecia o problema e averiguaria os fatos. O que você pode aprender com tudo isso? Muita coisa!

Primeiro, a sociedade não quer mais saber de “respostas-padrão”, elas são superficiais e de certa forma demonstram frieza, ou seja, estão longe de criar empatia e ter um apelo mais humanitário. Isto é, inclusive, o que tem engajado empresas e pessoas. Hoje em dia, as pessoas discutem e debatem sobre diversos temas que se tornaram do cotidiano nas cidades, como machismo, homofobia, meio ambiente, e a causa animal é uma das que mais causam sensibilidade, assim como as que envolvem crianças. Todas essas pautas são questionadas diariamente e as empresas precisam aprender a conviver e a se engajar com elas, ao lado delas.

Depois, o caso mostrou uma enorme falha no treinamento da equipe. Por mais que o funcionário seja terceirizado, ele deve saber os valores dentro da empresa em que trabalha, pois para o cliente ele é a imagem daquela companhia. Treinar não somente para estarem todos alinhados com as missões e valores empregados pela empresa, mas também com a conscientização de ações que devem ser tomadas em momentos de crise. Como um estabelecimento de rua — que tem suas regras sobre higiene e a não entrada de animais —, é previsível que um cão de rua queira entrar ou apenas ficar próximo desse tipo de local. Se é, de alguma forma, desagradável, os funcionários devem tomar as devidas medidas e precauções, procurando a ajuda de profissionais e órgãos responsáveis pelo controle de animais, sem necessidade do uso de força e violência.

E, por último, a gestão corporativa. Na verdade, este é o principal fator que envolve todos os demais direcionamentos de uma empresa perante a sociedade. Por mais que tudo esteja bem alinhado, ninguém está livre de sofrer incidentes e, portanto, deve estar preparado para uma eventual crise. Nunca leve um fato com superficialidade e procure responder de imediato, assumindo suas responsabilidades e procurando mostrar o quanto sua empresa já trabalha em prol desse tipo de questão. Quando a crise bater à sua porta, esteja pronto para atendê-la com cordialidade.

O artigo foi escrito por Robson Costa (foto), que é CEO da Encanto Design de Experiências.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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