ABF recorre da decisão do STF que considerou constitucional ISS sobre royalties de franquias

ABF recorre da decisão do STF que considerou constitucional ISS sobre royalties de franquias
A Associação Brasileira de Franchising (ABF) recorreu, por meio de embargos de declaração, da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que considerou constitucional a incidência de ISS sobre royalties de franquia. O Recurso Extraordinário nº 603.136 que trata desta questão, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes (foto), teve seu julgamento encerrado em 26 de maio com oito dos dez ministros votantes negando provimento ao recurso. Os ministros Marco Aurélio e Celso de Mello entenderam que os royalties não poderiam ser tributados por meio do ISS.

Para o setor, o ministro Gilmar Mendes partiu da premissa equivocada de que o contrato de franquias não se limita à uma simples cessão de direitos, mas envolve também uma prestação de serviços, passível de ser tributada pelo ISS. A legislação brasileira sobre a atividade de franchising no Brasil, respeitada mundialmente, foi atualizada esse ano (Lei 8.955/94, que vigorou no Brasil por 25 anos, e Lei 13.966/19, que entrou em vigor em 26 de março de 2020), deixando clara a natureza da franquia e, em nenhum momento, definiu a franqueadora como uma prestadora de serviços.

Não é serviço

Além disso, de acordo com a ABF, a jurisprudência consolidada nos estados e no Superior Tribunal de Justiça, até então, entendia que os royalties do franchising remuneram a seção de direito de uso da marca e que eventuais atividades realizadas pelas franqueadores aos franqueados visam a manutenção da padronização da rede, não sendo sua finalidade última uma obrigação de dar – logo, não se trata de forma alguma de um serviço.

“A entrada em vigor da nova Lei de Franquias há cerca de três meses deu esperança ao setor, que há muitos anos, baseado em jurisprudência dominante de vários estados, pela não incidência de ISS sobre os contratos de franquia, entendeu que o Supremo acataria o Recurso Extraordinário nº 603.136. Essa situação, além de ferir a isonomia e causar insegurança jurídica aos agentes econômicos, deixa uma herança econômica inviável, capaz de ameaçar as mais de 160 mil unidades franqueadas em operação, espalhadas por todos os estados da nação e, consequentemente, toda a cadeia do franchising”, afirma Fernando Tardioli, diretor jurídico da ABF.

Impacto no modelo de negócio

O diretor ressaltou ainda que, para a ABF, a discussão não se limita ao acréscimo de mais um tributo para a atividade, mas um impacto direto no modelo de negócio, consagrado internacionalmente e também no Brasil. Com faturamento de R﹩ 186 bilhões, o setor é responsável por 2,5% do PIB do Brasil, e gera, aproximadamente, 1,4 milhão de empregos diretos. “É sempre bom lembrar que, na ponta, o setor é formado, em sua grande maioria, por micro, pequenos e médios empresários que poderão ter seus negócios inviabilizados de uma hora para outra com esta decisão”, alertou Tardioli.

Com base nesse equívoco, a ABF apresentou Embargos de Declaração com a finalidade de demonstrar tal equívoco. De forma alternativa, caso não seja revertido o entendimento firmado, a ABF irá reiterar seu pedido de modulação dos efeitos da decisão proferida.
 
“O que se pretende com esse pedido alternativo é que, caso a decisão permaneça desfavorável aos contribuintes, ela somente venha a efetivamente obrigar que seja recolhido ISS sobre royalties a partir de um marco temporal a ser estabelecido pelos Ministros, por exemplo, a data do julgamento. Assim, a ABF continuará defendendo de maneira intransigente os interesses do setor e adotará todas as medidas ainda possíveis para tentar reverter o julgamento”, conclui Fernando Tardioli.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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