Empreendedores menos escolarizados sofrem mais com pandemia do coronavírus

Empreendedores menos escolarizados sofrem mais com pandemia do coronavírus

Os donos de pequenos negócios com menor nível de escolaridade estão sendo mais afetados pela crise causada pela pandemia do novo coronavírus. Pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre 29 de maio e 2 de junho, mostrou que, entre os 7.403 empresários brasileiros entrevistados, aqueles com Ensino Médio ou menos têm maior dificuldade de manter a operação de modo virtual e implementar ferramentas digitais de venda.

Além disso, esses empreendedores estão situados, em maior proporção, nos municípios que sofreram mais restrições de circulação da população, seja com lockdown ou fechamento parcial.

Mais jovens

De acordo com a 4ª edição da pesquisa “O impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios”, os empresários menos escolarizados são mais jovens e têm maior proporção de pretos e pardos. Esses empreendedores registraram um percentual maior de interrupção temporária (44%), do que os empresários com nível superior ou mais (41%); e têm mais dificuldade de manter o negócio em atividade durante as medidas de isolamento social, pois a empresa só funciona presencialmente (47% contra 33% dos empreendedores com mais escolaridade).

A pesquisa também aponta que entre os que tiveram expansão das vendas, 21% dos empresários com curso superior ou mais tiveram bons resultados por venderem produtos ou serviços favorecidos pela pandemia. Entre os que possuem apenas ensino médio ou menos, essa percentagem é de apenas 9%. “Muitas vezes, esse empreendedor está na periferia das grandes cidades, trabalha em negócios que dependem do presencial, então são duplamente prejudicados”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles.

Nível Superior

Segundo o levantamento, entre os que tiveram expansão das vendas, o percentual de empresários de Nível Superior que passou a vender seus produtos de forma online a partir da pandemia (41%), é maior que a proporção de empreendedores com ensino médio ou abaixo (37%).

Quanto ao processo de retorno das atividades, a pesquisa mostrou que os empresários com menos escolaridade estão presentes em maior proporção (67%), nas cidades que enfrentam lockdown ou quarentena; enquanto os donos de pequenos negócios com Nível Superior ou mais, têm maior presença nas cidades que estão em processo de reabertura.

Uso de redes sociais

O uso das redes sociais também é maior entre os que possuem mais escolaridade, sendo 51% deles já vendiam antes da pandemia com o auxílio de plataformas, aplicativos ou internet, enquanto, entre os menos escolarizados, essa taxa é de 41%. Quando se observa apenas os empresários que vendem pela internet, aqueles com menor escolaridade utilizam mais o Whatsapp e menos Instagram, Facebook e site próprios. A maior diferença é observada no uso do Instagram com 56% de empresários com mais escolaridade, enquanto 37% dos menos escolarizados utilizam essa plataforma.

O perfil dos empreendedores com nível médio ou menos é constituído principalmente por negócios recentes e, em sua maioria (73%), por microempreendedores individuais (MEI), com predominância de atuação no comércio (50%). Entre os mais escolarizados, a proporção de MEI é de 45%, com maior participação no setor de serviços (48%). 

Dívidas e Crédito

Apesar dos dois grupos não apresentarem diferenças significativas em relação à queda de faturamento mensal, com 88% para os menos escolarizados e 86%  para os mais escolarizados, houve diferença em relação à situação financeira dos empresários. Enquanto 43% dos empreendedores com Ensino Médio ou menos têm dívidas em aberto, 39% dos empresários com Ensino Superior ou mais estão nessa situação.

Confira abaixo os principais resultados da pesquisa:

  • Empreendedores menos escolarizados foram mais afetados pelas restrições de circulação de pessoas, sendo 67% dos negócios localizados em municípios onde houve fechamento parcial (60%) e fechamento total (7%). Eles também tiveram mais interrupção temporária (44%) do que os mais escolarizados (41%).
  • Uma proporção maior de negócios conduzidos por empresários com Ensino Médio ou menos não conseguiu funcionar com as medidas de isolamento social, pois só funcionam presencialmente. Enquanto entre os menos escolarizados, 47% não conseguiram funcionar por esse motivo, entre os mais escolarizados esse percentual foi de 33%.
  • Entre os empreendedores com Ensino Médio ou menos, é maior a proporção de jovens, preto e pardos. Há maior proporção de MEI entre os empresários menos escolarizados (73%). Eles também possuem negócios mais recentes e faturam menos.
  • Entre os empresários que conseguiram expandir as vendas na pandemia, aqueles com Ensino Médio ou menos, tiveram menor evolução no sentido da venda online em comparação aos com mais escolaridade, sendo que 37% deles passaram vender mais online, enquanto 41% dos mais escolarizados utilizaram mais os recursos da internet.
  • Em relação ao que vendem apenas pela internet, os menos escolarizados utilizam mais o Whatsapp, enquanto os mais escolarizados utilizam mais Facebook, Instagram e sites próprios.
  • Os dois grupos sofreram de forma semelhante altas quedas no faturamento mensal, com 88% para os menos escolarizados e 86% para os mais escolarizados.
  • Em relação às dívidas, enquanto 23% dos empresários com Ensino Médio ou menos estão endividados, 30% dos empresários com ensino superior ou mais possuem dívidas.
  • Os empresários menos escolarizados pediram menos empréstimos em bancos e tiveram mais recusas.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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