Tributar dividendos e transações digitais é CPMF disfarçada?

Tributar dividendos e transações digitais é CPMF disfarçada?

O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou em entrevista à CNN Brasil, no último domingo, algumas mudanças tributárias que pretende aplicar até o final deste ano. Dentre elas, está a volta da tributação sobre dividendos. Segundo o ministro, a proposta do governo é colocada como liberal-democrata e possui como pilar diminuir impostos sobre empresas e aumentar sobre dividendos.

Em um estudo feito pela Associação Nacional Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), foi revelado que o governo pode arrecadar até R$ 59,79 bilhões ao tributar lucros e dividendos. Além disso, outra proposta seria a taxação de imposto sobre transações digitais.

Volta da CPMF com outro nome

Para o economista chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, o imposto de renda sobre dividendos terá impactos diferentes, de acordo com a proposta efetiva. “É totalmente a volta da CPMF com outro nome. Se ele vier acompanhado pela redução dos impostos sobre a empresa, o feito será neutro ou positivo. Se ele vier sozinho, representando aumento da carga tributária, ele terá consequências negativas. O mercado ainda está cauteloso em relação a esse tema” explica.

Para Daniela Casabona, sócia diretora da FB Wealth, com o aumento das dívidas públicas o governo vai precisar achar alternativas para arrecadar mais dinheiro nos próximos anos e equilibrar esse saldo. “Quanto os números de investidores, essa ligação está menos relacionada a aplicação dos impostos, pois na verdade o empresário é quem pode ser o maior prejudicado. Para a bolsa de valores, não acredito ter nenhum impacto, uma vez que os investidores que estão indo para renda variável e buscando uma rentabilidade melhor ao ser acionista de uma empresa e muitos deles, inclusive, já estão habituados a pagar impostos sobre suas compras e vendas de ações”, ressalta.

Dividendos

Jefferson Laatus, estrategista chefe do Grupo Laatus, explica que a questão citada por Guedes sobre dividendos, impacta inicialmente as empresas. “Hoje em dia, é normal no mercado financeiro, um banco ou empresa dar participação para os funcionários como forma de pagamento, pois é mais fácil ao nível de imposto. Para as empresas isso não é positivo, mas para os investidores e pessoas físicas que vão migrar para a bolsa, pode ser positivo porque as empresas vão ter que manter dinheiro em caixa e esse dinheiro vai rentabilizar de alguma forma, sendo muitas vezes recomprando suas ações e investindo em si mesma. Em teoria acaba sendo positivo para a bolsa, para o crescimento das empresas e a valorização dos ativos. Agora, a tributação dos dividendos pode afastar investidor do mercado e empresas estrangeiras podem evitar o país depende do tamanho que for essa tributação”.

 De acordo com Fabrizio Gueratto, financista do Canal 1Bilhão Educação Financeira, Guedes pretende criar algo semelhante a  Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), taxação aplicada pelo governo entre os anos de 1997 e 2007. “Não vai ter nenhum tipo de mudança na vida dos investidores, apenas para o caixa do governo, mas essa é a lógica do Guedes pegar coisas que impactam pouco no bolso, mas influenciam muito no caixa do governo”.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *