Caso Americanas expõe necessidade de maior rigor na fiscalização do mercado de capitais

Caso Americanas expõe necessidade de maior rigor na fiscalização do mercado de capitais

O gestor dos fundos de investimento da Daycoval Asset, Anand Kishore (foto), comentou nesta sexta-feira (13) que a fraude de R$ 20 bilhões no balanço das lojas Americanas mostra a fragilidade do mercado de capitais, que necessita de uma reforma urgente para adoção de maior rigor em seus mecanismos de fiscalização, controle e punição.

“Embora não esteja perfeitamente claro e transparente o que ocorreu, o fato é que houve uma fraude contábil de R$ 20 bilhões que não tem efeito caixa para as lojas Americanas, mas que deve ter efeito contábil no balanço”, disse.

Anand recordou que no passado mercado brasileiro já experimentou fraudes, como no caso da CVC, do IRB, da JBS e outros, sem que o país adotasse maior rigor na fiscalização. Considerando, ainda, que a fraude beneficiou os integrantes da diretoria executiva das lojas americanas, que receberam um bônus sobre um lucro que não existia, a primeira consequência do caso é manchar a imagem do mercado de capitais brasileiro, expondo sua fragilidade e a falta de rigor no controle, fiscalização e penalização dos agentes econômicos que participam desse mercado, apesar das fraudes contábeis recorrentes.

Num segundo momento, o caso também fragiliza o investidor pessoa física que, mesmo determinado a acreditar no crescimento do país por meio do mercado de capitais, não consegue ter certeza se os números dos balanços que ele está lendo são verdadeiros ou não. “Mesmo para os investidores profissionais há dificuldade em entender essas questões”, reconhece.

O papel desempenhado pelas auditorias externas também foi questionado pelo gestor.Segundo ele, existe um conflito de interesses porque são as empresas que pagam as auditorias externas, que acabam não mostrando grande rigor na análise – fundamental para o mercado financeiro e os investidores minoritários entenderem a foto contábil das empresas.

“As auditorias têm tido um papel muito decepcionante, tanto no Brasil quanto no mundo e existem ‘n’ casos de problemas de auditorias que não conseguem pegar esse a fraude contábil e que lesam muito a confiança do investidor no mercado de capitais”.

As consequências do caso sob o ponto de vista mercadológico passam pela necessidade de verificar como os bancos que têm dinheiro emprestado para as lojas Americanas e os fornecedores da empresa vão reagir em relação a essa fraude já que o custo de captação de dívida das empresas, principalmente ligadas ao setor de varejo, deve subir em razão da incerteza quanto à quitação dessas dívidas.

Finalmente, ocorre uma previsível contaminação do setor como um todo, com questionamentos a respeito do comportamento de outras empresas de varejo brasileiro, para verificar se cometem o mesmo erro contábil, como ocorreu na manhã desta quinta-feira, com as ações do Magazine Luiza e do Via Varejo que abriram em queda em torno de 9%.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *