Aumenta a participação de mulheres em conselhos de empresas do Paraná
Dados mostram que o número de companhias demandando mulheres em projetos de recrutamento apresenta crescimento
A participação de mulheres em conselhos consultivos de empresas está aumentando no Paraná. Em 2019, a presença feminina era de 10.5%, enquanto que em 2023 saltou para 17.8%. Os dados são da Evermonte Executive Search, empresa especializada no recrutamento de executivos C-level, que possui sede em Porto Alegre, escritórios em São Paulo e Florianópolis e que acaba de inaugurar uma filial em Curitiba.
Uma das razões para o aumento está no fato de que, após a pandemia, os colegiados passaram a incluir posições de RH em suas composições, com a representatividade dessa área passando de 2% em 2019 para 6.4% em 2023. A área de RH é tradicionalmente um setor com forte presença de mulheres, sendo que elas ocupam 64% das posições de alta liderança no segmento. Para além de grandes empresas do centro do país, os dados reforçam uma mudança de cultura que avança para empresas familiares e de grande porte em outras regiões.
“A busca específica por profissionais de alta gestão que se identificam com o gênero feminino está consolidada, tanto que, nos projetos deste primeiro semestre conduzidos pela Evermonte no Paraná, 87% das empresas demandaram mulheres na lista de candidatos. Esse número vem aumentando com certa velocidade. Em 2020, por exemplo, essa solicitação chegava a cerca de 30%. Entendemos que a necessidade de maior diversidade não abrange somente uma questão de gênero, mas de outros atributos também; entretanto, o avanço já demonstra que as companhias estão tratando o tema com comprometimento e seriedade”, avalia Augusto Fontoura, associate director da Evermonte no Paraná.
Busca por profissionais
Com composição mista, os conselhos consultivos ainda reservam em torno de 50% de suas posições para cargos de finanças. Isso pode se tornar um desafio para empresas que buscam profissionais no mercado, uma vez que a diferença de gênero ainda tem variações baseadas em áreas e segmentos. “Tratando especificamente do mercado do Paraná, nas posições de alta gestão em finanças, por exemplo, o espaço amostral de mulheres gira em torno de 11%. Quando falamos de posições de engenharia de alta gestão, esse número chega próximo a 6%, tendo alguns segmentos de negócios com números inferiores a 3%, como o automotivo”, explica Augusto.
Para Janete Anelli, coordenadora geral do capítulo Paraná do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a presença feminina em conselhos é um fator de enriquecimento para todos. “Quando falamos em ampliar a diversidade nestes ambientes, estamos falando de trazer outras perspectivas – outras visões – que irão impactar positivamente o futuro das empresas, não só a partir de gênero, mas a partir de diferenças geracionais, de raça, de background, por exemplo”, comenta ela.
Já sobre a mudança de cultura das empresas, quando o assunto é a contratação de mulheres, a profissional é realista em relação ao movimento. “Obviamente, o conhecimento em finanças é fundamental para qualquer profissional de um conselho, seja ele homem ou mulher, porém um dos itens que mais afasta a mulher dos conselhos ainda é o viés de similaridade, um modelo mental que faz com que o homem busque suas referências entre os homens. O que poderia mudar esse processo é a intencionalidade – desde o início do processo de busca -, primando pelo que a “cadeira” exige do profissional e não pelo gênero”, completa ela.