Empresas da nova economia devem investir no desenvolvimento de equipes
Negócios que nasceram na era digital enfrentam desafios similares aos das empresas tradicionais na gestão de pessoas
Negócios com base tecnológica e crescimento rápido e escalável, as startups são hoje mais de 12.700 no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Nascidas já no ambiente digital e conhecidas por equipes jovens convivendo em escritórios informais ou em um modelo de trabalho híbrido, essas empresas também enfrentam desafios parecidos com as empresas formais: engajar e desenvolver lideranças e equipes.
“A cultura das empresas nativas digitais e startups difere dos modelos tradicionais por ser uma cultura mais jovem e ousada, desapegada de burocracias e formalidades que são predominantes em empresas mais conservadoras. Isso não as isenta de dúvidas a respeito do desenvolvimento de equipes e das lideranças”, comenta Bianca Aichinger, coach e sócia-fundadora da Quantum Development.
Segundo ela, que liderou equipes tanto em empresas tradicionais quanto em empresas nativas digitais, “os profissionais dessas organizações se adaptam melhor às mudanças e ao ambiente em constante movimento, mas também sentem a necessidade de serem ouvidos, entenderem o propósito do seu trabalho e terem prioridades e direcionais claros, funções normalmente atribuídas à liderança”, completa.
As startups são comumente associadas à autonomia e à ideia de manter profissionais felizes e confortáveis como se estivessem em casa. Mas isso não significa falta de metas ou descaso com resultados. “No final do dia, mesmo que em um ambiente descontraído, o resultado do negócio é o foco, afinal a geração de resultados financeiros é essencial para todos os stakeholders. Esta busca por resultados pode ser palco de muita pressão sobre equipes compostas de pessoas muito diversas e na sua maioria jovens”, explica Bianca.
Para a coach, é preciso que a alta gestão esteja atenta ao comportamento de líderes e equipes para que a descontração seja uma contribuição ao desempenho e não apenas uma distração. A comunicação precisa ser clara, intencional e frequente – propósito, missão e prioridades precisam estar alinhadas em todos os níveis e áreas para que o processo flua na velocidade que o mercado exige. “Para que esta comunicação aconteça, as empresas precisam estar cientes de que o desenvolvimento das equipes é um esforço constante, uma iniciativa que trará sustentabilidade ao negócio e a permanência dos melhores talentos”, completa.
Construir conexões é fundamental
O ambiente de empresas nativas digitais e startups é voltado para a inovação, criatividade e crescimento acelerado. Assim, a autonomia e a autoliderança são essenciais, bem como a capacidade de aprender.
E como atingir evolução e equilíbrio em ambientes tão acelerados? Conciliar foco, colaboração e autonomia nas empresas nascidas na era digital pode ser desafiador e algumas estratégias podem auxiliar os gestores. “Clareza de papéis e responsabilidades, definição clara de objetivos e prioridades, empoderamento dos colaboradores, colaboração interdisciplinar e cultivar uma cultura de aprendizado contínuo são ações que proporcionam a criação de uma conexão verdadeira entre equipes e empresa e podem promover muitos ganhos em produtividade e engajamento”, ressalta Bianca
Por onde começar?
Em ritmo acelerado, líderes acabam tendo dificuldades de criar espaços para reflexão, criação e aprendizado coletivo. Uma das metodologias que pode auxiliar estes líderes é o coaching de equipes. Segundo Bianca, o coaching de equipes permite tirar as equipes do dia a dia em que as coisas são feitas automaticamente, permitindo um espaço para a reflexão.
“É uma oportunidade de trabalhar o autoconhecimento e também de apoiar estas equipes na construção de confiança e de melhorar suas formas de trabalho. Os profissionais envolvidos são estimulados a compreender o propósito de seu trabalho e o propósito da empresa, estabelecendo uma conexão genuína com a organização, com os seus pares e seus líderes”, finaliza.