Alto custo de governança trava atividade de multinacionais no Brasil

Alto custo de governança trava atividade de multinacionais no Brasil

 Brasil é o segundo mercado mais caro da América Latina para empresas internacionais

Altos níveis de burocracia e a adoção lenta de processos digitalizados em toda a América Latina estão entre os principais motivos pelos quais a região é uma das jurisdições mais complexas e caras para as multinacionais operarem, de acordo com dados do Relatório Especial Latam EPM da Mercator® by Citco (Mercator), líder em Gerenciamento de Portfólio de Entidades (EPM).

Segundo o relatório, a América Latina é, em média, 31% mais cara para se operar do que a Europa – a região mais barata do levantamento -, e 65% mais lenta para se executar tarefas do que a América do Norte – a jurisdição mais ágil. Os desafios enfrentados pelas multinacionais na região são impulsionados por complexos requisitos jurídicos, pela divisão local das autoridades, por traduções e pela exigência de um representante em campo – fatores que resultam em custos significativos para as empresas. A digitalização é outra barreira relevante: a América Latina está muito atrás da Europa e da Ásia quando se trata de unificar e simplificar os processos de governança corporativa.

O Panamá se destacou como o local mais favorável para estabelecer e manter empresas em 2023 – com base no custo e no tempo total envolvido no gerenciamento dessas organizações. Em seguida, vieram o Equador e as Ilhas Cayman. As Ilhas Virgens Britânicas e o Equador foram as jurisdições mais barata e mais rápida, respectivamente. Em contrapartida, El Salvador e Guatemala foram classificadas como as jurisdições mais cara e mais lenta, respectivamente.

O que acontece no Brasil?

A complexidade jurídica do Brasil exige que as multinacionais dediquem recursos para garantir que estão operando de acordo com as normas locais. O país é a segunda jurisdição com o custo de operação mais caro, atrás apenas de El Salvador. Em comparação às Ilhas Virgens Britânicas, que é o mercado com custo de operação mais barato da região, o Brasil supera em 160% o território britânico.

O levantamento aponta que a divisão de entes subnacionais, regrados por diferentes autoridades e leis, e a necessidade de tradução de documentos tornam a operação das multinacionais mais complexa do que em outros países da região. No Brasil, também existem etapas adicionais a serem concluídas por essas empresas, como o registro obrigatório de todos os diretores ou acionistas estrangeiros junto à autoridade fiscal brasileira.

O Brasil também figura entre os países com o maior tempo para conclusão de tarefas, tendo o sexto pior resultado da região e exigindo cerca de 675% mais tempo do que o Equador, a jurisdição com o melhor resultado graças à digitalização de serviços corporativos.

Por fim, o estudo aponta que, junto ao México, o Brasil é uma das principais potências globais com grande capacidade de investimento na região. Portanto, o custo jurídico no país é maior e mais próximo ao que é observado em mercados desenvolvidos, do que de economias menores da América Latina.

Em resumo, os dados obtidos por meio da plataforma de tecnologia EPM da Mercator, Entica™, mostraram que o Panamá ocupa a primeira posição na região devido às seguintes vantagens:

  • Registros eletrônicos estão disponíveis para quase todas as ações corporativas;
  • Modificações exigem o mínimo de documentos em comparação com outras jurisdições da América Latina, e o registro é feito rapidamente;
  • É comum aprovar decisões corporativas por meio de resoluções escritas, em vez de exigir uma reunião oficial;
  • Não há requisitos de nacionalidade para os diretores das entidades;
  • O processo de incorporação é simples e rápido.

“A América Latina oferece um mercado rico e repleto de oportunidades para multinacionais que desejam estabelecer ou expandir suas operações. Após a pandemia, observar uma série de jurisdições na região que começaram a incorporar ferramentas digitais para modernizar os processos corporativos traz um horizonte otimista. Porém, a digitalização na América Latina ainda está no início e a região como um todo está significativamente atrasada em relação a outras quando se trata de unificar e simplificar os processos de governança”, afirma Kariem Abdellatif, diretor da Mercator.

O Brasil tem sido percebido internacionalmente como uma das principais economias emergentes e com grande potencial de investimento – portanto, é esperado que o custo dos serviços legais seja mais alto.

É fundamental que as multinacionais estejam cientes das nuances e complexidades na América Latina para se manter em dia com as obrigações regulatórias de cada mercado. Aquelas que não o fizerem enfrentarão riscos à reputação e estarão passíveis de multas

“Obviamente, o objetivo deste relatório não é aconselhar as empresas multinacionais sobre onde estabelecer entidades ou subsidiárias – essa escolha é motivada de acordo com a necessidade – mas sim traçar expectativas e fornecer previsões sobre o custo relativo e o tempo que será gasto para realizar suas atividades”, conclui Abdellatif.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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