Campeonato Brasileiro: saiba como investir no time de coração com as debêntures-fut

Campeonato Brasileiro: saiba como investir no time de coração com as debêntures-fut

Com o parecer da CVM, há a possibilidade de compra de títulos de dívidas de clubes que se tornaram SAFs

O Brasileirão mal começou e os times da Série A completaram duas rodadas de jogos eletrizantes. O que muito torcedor não sabe é que haverá outra possibilidade de dar apoio ao seu time de coração além das arquibancadas ou em frente à TV ao longo dos anos. Com as debêntures, é possível investir no clube do coração e ainda lucrar, dependendo dos resultados.

As debêntures consistem em títulos, também chamados de valores mobiliários. Conforme explica Julia do Valle, advogada especializada em Direito Societário do Ambiel Advogados, com atuação nas áreas de M&A e Mercado de Capitais, as debêntures são títulos de dívidas emitidos pelos próprios clubes – no caso, os clubes que se tornaram SAFs, as Sociedades Anônimas de Futebol.

“O investimento em equipes de futebol no Brasil se tornou possível devido à implementação da Lei da SAF, que permitiu que clubes de futebol, antes organizados sob a forma de associação civil, sem fins lucrativos, passassem a se organizar como sociedades empresárias, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento da atividade econômica ligada ao futebol”, detalha.

Clubes-empresas

Atualmente, são oito clubes da Série A do Campeonato Brasileiro que podem ser investidos, por se tratar de clubes-empresas: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Cruzeiro, Cuiabá, Fortaleza, Red Bull Bragantino e Vasco. Entre os benefícios introduzidos pela Lei da SAF, estão a possibilidade de que os clubes captem recursos para o financiamento de suas atividades por meio de terceiros investidores, seja em operações privadas ou públicas, inclusive via mercado de capitais.

“Diante disso, as equipes de futebol passaram a poder abrir capital em bolsa de valores, emitir debêntures, promover crowdfunding de investimentos e criar fundos de investimentos. Além disso, a Lei da SAF criou uma espécie de debênture específica para as SAFs, denominada debênture-fut”, explica a especialista.

Sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial e Societário, Marcelo Godke acrescenta que as diretrizes são feitas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais no Brasil. No segundo semestre de 2023, ela emitiu um parecer de orientação que ofereceu as suas primeiras impressões de como tratar as SAFs quando captarem recursos no mercado de capitais.

“Os torcedores já podiam participar dos programas de sócio-torcedores, onde eles meio que doavam, pagavam uma mensalidade para doar dinheiro para o clube mês a mês. Agora eles podem se tornar investidores. Então, por exemplo, se o time de futebol abrir o capital, eles podem comprar ações, se emitir debêntures, eles vão poder comprar debêntures-fut. É como investir em uma empresa qualquer, desde que o clube abra o capital, evidentemente”, alerta Godke.

Opções estão limitadas

Como nenhuma das oito equipes abriu capital em bolsa de valores ainda, as opções de investimento pelo torcedor acabam ficando mais limitadas. Caso o torcedor – pessoa física ou jurídica – quisesse adquirir ações do seu time, por exemplo, seria necessário fazê-lo de forma direta, fora da bolsa de valores, o que implicaria em um investimento bastante alto. “Nesse sentido, as debêntures se mostram um caminho mais acessível, por possibilitarem um investimento com um ticket mais baixo”, pontua Julia.

Ainda há, portanto, um caminho de profissionalização para que os times que se tornaram (ou que desejam se tornar) SAFs, de fato, estejam preparados para uma abertura de capital. “Como a lei é relativamente recente e os times passaram a ser convertidos em SAF muito recentemente, esse projeto [de abertura de capital] pode demorar, porque há muita coisa a ser feita. Revisar a governança, profissionalizar a administração, auditar balanço, e tudo isso isso também é caro”, conclui Godke.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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