Para lucrar no Ibovespa, é preciso paciência diante da estagnação

Para lucrar no Ibovespa, é preciso paciência diante da estagnação

Cenário atual pode trazer oportunidades aos investidores

 A Finacap Investimentos desenvolveu um estudo que analisou os ciclos históricos do Ibovespa, principal índice de ações brasileiras, desde 1967. A pesquisa utiliza dados do índice e do desempenho do principal fundo da gestora, o Mauritsstad FIA, que busca superar o Ibovespa. O estudo identificou a duração dos períodos de estagnação, queda, recuperação e alta dos níveis dos preços dos ativos para entender como as recuperações acontecem a longo prazo.

Ao contrário do que é perceptível no dia a dia do mercado, a análise destaca que o Ibovespa ficou por mais tempo estagnado do que volátil. Foram identificados quatro períodos de estagnação (espaço de tempo entre um pico de alta e o momento em que o índice ultrapassa a máxima anterior) seguidos por uma forte valorização. Mas nenhum período de estagnação foi maior do que o atual na história do índice. De junho de 2008 até abril de 2024, foram 191 meses em que o Ibovespa segue negociando no patamar de 23 mil pontos em dólar.

Luiz Fernando Araújo, sócio e gestor da Finacap, acredita que o momento atual é bom para os investidores, pela oportunidade de investir em um período contracíclico.

“Essa estagnação é uma oportunidade para montar a carteira. Já que é nesse momento que a bolsa está barata e pouca gente está olhando. No entanto, é preciso saber administrar esses investimentos e ter diversificação para sobreviver a esse ciclo de estagnação com acúmulo de valorização ao longo prazo”.

Períodos de estagnação e recuperação

O primeiro período de estagnação ocorreu entre 1971 e 1984, totalizando 169 meses para o índice voltar ao pico de 1.224 pontos em dólar. Esse intervalo de tempo foi marcado pela crise do petróleo e pelo processo inflacionário da economia, que perdurou até a década de 1990.

Entre 1983 e 1986, porém, houve uma forte recuperação, com o Ibovespa chegando ao patamar de 3.860 pontos, uma valorização 13,9 vezes maior que o patamar mais baixo de 278 pontos. O período foi marcado pela abertura política e planos econômicos que conseguiram estabilizar a inflação por um tempo.

A pesquisa, então, aponta que a volta da inflação retomou o período de estagnação, que perdurou até 1994, quando surgiu o Plano Real. A recuperação da confiança dos investidores provocou a maior magnitude de expansão do índice de toda a série. De 1990 até 1997, o Ibovespa foi de 408 pontos para 11.669 pontos, multiplicando 29,1 vezes o valor inicial do ciclo.

Em 1997, a estagnação retornou após uma sequência de crises internacionais e locais: quebra dos Tigres Asiáticos, crise da Rússia, apagão, estouro da Bolha das Pontocom e ataque às Torres Gêmeas. Todos esses eventos tiveram impacto nos mercados e levaram o índice ao patamar de 2.219 pontos em setembro de 2002. A recuperação veio em 2005, quando o índice atingiu o patamar de 11.669 pontos, compreendendo 97 meses de estagnação.

O novo ciclo de recuperação se iniciou em setembro de 2002 e foi até junho de 2008, quando o Ibovespa atingiu 44.551 pontos. O multiplicador para este período é de 20,1 vezes. A alta veio da elevação nos preços das commodities, impulsionada pelo crescimento econômico da China. Mas o Brasil fez o dever de casa e conseguiu manter a estabilidade econômica conquistada na década de 1990.

Depois de tantas altas e baixas, a bolsa entrou no maior ciclo de estagnação, que se estende até hoje. A mínima do atual período aconteceu em setembro de 2015, quando o índice chegou a 11.342 pontos.

De acordo com Araújo, ainda há muitas incertezas sobre os “turning points” da bolsa para viabilizar estratégias de investimento baseadas exclusivamente nestas informações. No entanto, ele explica que a compreensão desta dinâmica é fundamental para entender os fundamentos econômicos que explicam estes movimentos.

“Por exemplo, quando o preço da commodity aumenta, a demanda também cresce, o que provoca novos investimentos para expandir a oferta até o momento que a demanda não acompanha mais. Então, se tem uma queda nos preços e os ciclos de oferta e demanda demoram para se ajustarem. Durante esse período ocorre a estagnação”, complementa.

 

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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