“Fuga de compras” é um fenômeno crescente em redes associativas e centrais de negócios

“Fuga de compras” é um fenômeno crescente em redes associativas e centrais de negócios

Fenômeno tem preocupado cada vez mais os gestores de redes empresariais

Área Central, especialista em soluções de gestão, compras conjuntas e inteligência para grupos de negócios, aponta crescimento da chamada “fuga de compras” em negociações realizadas por associados de grupos empresariais brasileiros. O conceito é utilizado para identificar situações em que uma empresa membro de uma rede ou central de negócios compra produtos ou serviços de fornecedores externos ao escolhido pelos demais integrantes do negócio. A percepção decorre de transações e o cruzamento de dados monitorados em tempo real pela empresa de tecnologia por meio de informações geradas por mais de 200 redes e centrais de negócios de 20 setores diferentes da economia, como supermercados, farmácias, lojas de materiais de construção, vestuário e varejo.

Conforme a Área Central, em uma única rede associativa de Minas Gerais, por exemplo, ao menos R$ 9.8 milhões foram transacionados em 2023 por unidades associadas por meio da “fuga de compras” com fornecedores não parceiros, o que gerou uma perda de arrecadação financeira de R$ 355 mil em acordos comerciais — valor que poderia ter sido usado para diferentes objetivos da rede, como investimentos em marketing, “cashback” para os associados, ampliação e/ou pagamento de contas e manutenção do centro de distribuição, entre outros.

Cristiano Martins, executivo de relacionamento com o cliente da Área Central, destaca que a fuga de compras é um fenômeno que tem preocupado cada vez mais os gestores de redes empresariais, porque é um comportamento que pode enfraquecer significativamente a sinergia e a eficiência desses grupos empresariais.

“Uma rede associativa ou central de negócios ganha força quando se une para negociar ou comprar seus insumos e produtos. Esse é o conceito básico de uma rede de negócios. Quando as ações coletivas perdem integrantes, a força do grupo diminui, prejudicando o benefício mútuo esperado”, explica.

O executivo exemplifica o funcionamento das redes de supermercados, que compram diversos produtos de fornecedores diferentes, como frios, bebidas e frango. “Embora nenhuma rede negocie coletivamente todos os itens, quando um grupo decide comprar, por exemplo, bebidas de um fornecedor específico, a fuga de compras ocorre se alguns associados desviam suas aquisições para outros fornecedores. Isso diminui o volume de compras do parceiro escolhido e, consequentemente, os benefícios e verbas de incentivos que retornariam para o grupo”, afirma.

Motivações para a Fuga de Compras

O especialista aponta várias razões pela crescente nos casos em que uma unidade pode optar por fornecedores externos ao grupo: custo mais baixo, melhor qualidade do produto, disponibilidade mais rápida, inovação ou relações comerciais pré-existentes. “Vamos dizer que ele faz por um preço menor ou mais vantajoso para ele. Mas ele deixa de considerar que este é um ganho momentâneo e desconsidera os impactos que isso irá gerar para todo o grupo”. Isso inclui o fortalecimento do poder de barganha que ambos poderiam ter a longo prazo ao investirem em compras coletivas com determinados fornecedores.

Muitas vezes, a escolha por fornecedores não parceiros ocorre porque os associados desconhecem as tabelas de preços às quais a Rede tem acesso (seja no centro de distribuição ou com fornecedores parceiros) ou por comodidade dos compradores das lojas, que, na correria do dia a dia, acabam realizando seus pedidos com fornecedores habituais, deixando de fazer cotação e, por consequência, ignorando o melhor preço e condição de pagamento.

“É de suma importância que os associados da Rede entendam que nem sempre a compra com o menor preço é a mais vantajosa, uma vez que toda compra feita com um fornecedor parceiro será revertida em benefícios não apenas para si próprio, mas também para o grupo, fortalecendo toda a cadeia envolvida (stakeholders)”, avalia.

Impactos e Soluções

A fuga de compras pode ter impactos significativos, resultando em perda financeira para o grupo empresarial e na quebra de confiança entre o associado e a rede quando feita de má-fé. Além disso, Cristiano Martins observa que a reincidência da fuga de compras” pode reduzir a eficiência operacional e a lucratividade do grupo, uma vez que muitos acordos de redes com fornecedores “macro” se revertem em uma porcentagem de cashback e outros benefícios.

Para mitigar o problema, ele sugere políticas como integração vertical, programas de fidelidade, melhoria da qualidade dos produtos e serviços internos, e sistemas de monitoramento e análise para rastrear e identificar padrões de fuga de compras com uso de tecnologia. “Essas ferramentas permitem uma análise retroativa detalhada, ajudando a gestão a mapear e entender onde e por que ocorrem as fugas. Ao adotar uma abordagem proativa, utilizando dados e inteligência de negócios, as redes empresariais podem minimizar os impactos negativos da fuga de compras, fortalecendo a colaboração e a eficiência entre suas unidades”, conclui.

Crédito da foto: Freepik

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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