Aumento de alíquota sobre pneus importados não deve impactar inflação

Aumento de alíquota sobre pneus importados não deve impactar inflação

Pneus de carga importados entram no país a US$ 2,90 o quilo. Preço no mercado internacional é de US$ 4,20

O pedido de elevação transitória da Tarifa Externa Comum (TEC), de 16% para 35% para pneus de passeio e de carga importados, pelo prazo de 24 meses, solicitado pela ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) à Camex (Secretaria Executiva da Câmara de Comércio exterior (Camex), com o objetivo de proteger empregos e investimentos no país e combater a concorrência desleal de produtos vindos principalmente da Ásia, não irá impactar o índice de inflação no país, aponta estudo da LCA.

De acordo com a consultoria, o eventual aumento de alíquota de pneus importados, de 16% para 35%, resultaria em um impacto, direto e indireto, de 0,032 pontos percentuais sobre o IPCA, considerando pneus de carga e passeio combinados.

Os fabricantes nacionais de pneus apontam que o Brasil sofre um surto desleal de importação de pneus, principalmente da Ásia. 100% dos pneus importados da região chegam ao país abaixo dos custos de produção e 50% ingressam no país abaixo do custo da matéria prima.

Segundo o levantamento da consultoria, em 2023, os pneus de carga importados ingressaram no mercado brasileiro ao custo médio de U$ 2,9 o kg, enquanto no mercado internacional o produto era comercializado por U$ 4,2 em média.

O estudo também verificou o custo do pneu de carga importado em alguns mercados de referência. Nos Estados Unidos, o maior mercado importador do mundo, o preço médio do quilo do pneu importado ficou na casa de US$ 4,4 kg, no México o valor praticado foi de U$ 4,5 e na França alcançou o patamar de U$ 5,3 o kg.

No caso dos pneus de passeio, a distorção também é significativa. Em 2023, o kg do pneu importado era comercializado internacionalmente a US$ 5,7 o kg. No Brasil, o produto está chegando ao país por U$3,2 o kg. Nos EUA, o valor de ingresso de pneus importados de passeio estava balizado em U$ 5,8 o kg e, na França, a US$ 6,5 o kg.

Essa concorrência desleal ocorre porque o Brasil está desprotegido e não ergueu barreiras para proteger a indústria nacional, ao contrário de que fizeram EUA, México e Europa, que optaram por limitar a entrada de importados em seus mercados, para preservar empregos e investimentos.

11 fabricantes no Brasil

O Brasil tem hoje 11 fabricantes de pneus com operações no país. São 21 plantas industriais, distribuídas por 7 estados. A indústria de pneus empresa 32 mil trabalhadores diretos e 500 mil indiretos no país. Este conjunto foi responsável pela venda de 52 milhões de pneus no mercado local em 2023. As fabricantes instaladas no país investiram nos últimos 10 anos cerca de R$ 11 bilhões em suas unidades fabris para excelência de processos, aumento da capacidade de produção, tecnologia, inovação e sustentabilidade.

“Se o governo não tomar nenhuma medida, vamos ter fechamentos de postos de trabalho e cancelamento de investimentos no país”, diz Klaus Curt Müller, presidente executivo da ANIP. Para ele, o problema da concorrência desleal também traz riscos de desindustrialização. “Essa invasão de pneus importados, como está hoje, desorganiza toda a cadeia de produção de pneus no país, o que envolve setores como os produtores de borracha, aço, têxteis e de produtos químicos, que também estão sentido os efeitos”.

Para Curt, a elevação da alíquota traria mais equilíbrio ao mercado e colocaria a importação de pneus em linha com os padrões internacionais de preços, sem impactar a inflação. “O estudo mostra que a elevação de alíquota não produziria inflação e protegeria empregos e investimentos no Brasil”, avalia o executivo.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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