Brasil e Reino Unido celebram reconhecimento de indicação geográfica do uísque escocês

Brasil e Reino Unido celebram reconhecimento de indicação geográfica do uísque escocês

Decisão protocolada pelo INPI protege propriedade intelectual da bebida no país

O Secretário de Estado de Negócios e Comércio do Reino Unido, Jonathan Reynolds, anunciou na Destilaria Glengoyne (Escócia), a ratificação do reconhecimento da indicação geográfica (IG) do uísque escocês (scotch) no Brasil. A decisão impulsiona oportunidades comerciais e a importação da bebida, que pode movimentar cerca 25 milhões de libras pelos próximos cinco anos e facilitar o acesso do produto das destilarias escocesas ao mercado brasileiro. Em 2023, o Brasil foi o oitavo maior importador de uísque escocês em volume, chegando à marca de £90 milhões.

Esta é a primeira vez que uma decisão como essa foi aprovada no Brasil nos últimos cinco anos, o que demonstra a importância da propriedade intelectual do uísque escocês no mercado brasileiro.

O processo se deu pelo consistente engajamento por parte de sucessivos embaixadores, diretores do Ministério de Negócios e Comércio do Reino Unido (DBT) no Brasil, do Comissário de Comércio da Sua Majestade Real para a América Latina Jonathan Knott, da Adida de Propriedade Intelectual do Reino Unido para LATAC (IPO) e de ministros do Ministério das Relações Exteriores e de Desenvolvimento do Reino Unido (FCDO), seguindo uma estratégia acordada com os dois governos.

“O uísque é um dos melhores produtos da Escócia e é muito procurado em todo o mundo. O anúncio dará às destilarias de todo o país a confiança de que precisam para exportar para uma das maiores economias do mundo”, afirma Jonathan Reynolds. 

“Como o setor agroalimentar e de bebidas é o maior setor manufatureiro do Reino Unido, é evidente que há um apetite internacional por produtos britânicos e estamos comprometidos em aumentar ainda mais as oportunidades comerciais para produtores de todo o mundo”, afirma o Ministro do Meio Ambiente, Alimentos e Agricultura do Reino Unido (DEFRA, na sigla em inglês), Daniel Zeichner.

A indicação geográfica no Brasil

A indicação geográfica (IG) dificulta que produtos falsificados sejam vendidos em mercados internacionais, garante que empresas britânicas possam exportar com confiança e que os consumidores recebam produtos autênticos e de alta qualidade.

“Como o primeiro produto estrangeiro a receber o status de denominação de origem no Brasil desde 2019, o uísque escocês encontra-se no mesmo grupo da tequila, do cognac e do champagne, com proteção legal especial. Isso é fundamental para garantir a qualidade e a história dos produtos que milhões de brasileiros estão comprando”, explica o presidente-executivo da Scotch Whisky Association, Mark Kent.

O pedido pela liberação da indicação geográfica do uísque escocês no Brasil foi oficialmente inicializado em 2012. O processo foi finalizado este ano, 12 anos após a submissão do pedido pela Scotch Whisky Association ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“A Indicação Geográfica é um instrumento essencial para reconhecer e valorizar os produtos com características diferenciadas devido à origem”, afirma o presidente do INPI, Júlio César Moreira.

A autenticidade do uísque escocês

Um uísque só pode receber o selo de uísque escocês se cumprir requisitos obrigatórios e legais. Para se encaixar na categoria de scotch, a bebida deve seguir padrões específicos:

• Deve ser obrigatoriamente produzido dentro das fronteiras escocesas com três principais ingredientes: água, levedura e cevada.

• Deve ser envelhecido em barris de carvalho por, ao menos, três anos, e o single malte deve ser destilado em alambiques de cobre. Os barris usados geralmente já foram empregados no amadurecimento de cerveja ou outros destilados, o que influencia o sabor final do uísque.

As características únicas do uísque escocês derivam de uma união de fatores geográficos e humanos que influenciam diretamente na qualidade da bebida:

• O clima frio da Escócia, com invernos rigorosos e verões amenos, garante que o uísque tenha o teor alcóolico ideal e que extraia sabores específicos das madeiras dos barris de carvalho. Em climas frios e úmidos, como o escocês, a evaporação de água em comparação à de álcool é menor, o que confere à bebida um teor alcóolico mais baixo.

• As destilarias são abastecidas com água de fontes naturais ricas em minerais específicos. A água da chuva que abastece esses mananciais pode se tornar mais branda e ácida ou mais dura e alcalina, ao escorrer pelas encostas das colinas escocesas. Essa característica contribui com o sabor único da bebida feita na região

• A abundância de turfa (material orgânico encontrado nos pântanos da Escócia) também contribui para o sabor distinto. Quando é queimada para secar a cevada maltada, a produção de fumaça agrega um sabor diferente à futura bebida.

• Os destiladores, misturadores e tanoeiros (profissional responsável por reconstruir e recondicionar os barris de madeira utilizados no amadurecimento do uísque) são profissionais com habilidades únicas e geracionais que garantem o padrão de qualidade dos rótulos em cada um dos lotes.

Uísque escocês em números

• A quantidade de uísque escocês consumida mundialmente é maior do que a de uísques japoneses, americanos e irlandeses juntos.

• Em 2023, as exportações de uísque escocês foram avaliadas em 5,6 bilhões de libras, com 1,35 bilhão de garrafas exportadas.

• Em 2023, o Brasil foi o oitavo maior destino de exportação do uísque escocês em volume, com 43 milhões de garrafas exportadas.

• Com exportações avaliadas em 408 milhões de libras, a América do Sul e a América Central foram a quarta maior região global para exportações de uísque escocês em 2023.  Atualmente, há 151 destilarias de uísque escocês em operação na Escócia.

• Segundo o Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade, em 2023, o mercado de bebidas alcoólicas ilícitas e falsificadas no Brasil era avaliado em 12 bilhões de libras.

• Estima-se que as exportações anuais de IG do Reino Unido sejam avaliadas em mais de 6 bilhões de libras e representem 25% do valor das exportações de alimentos e bebidas do Reino Unido. Somente em 2023, as exportações de uísque escocês chegaram a 5,6 bilhões de libras, representando 74% das exportações de alimentos e bebidas da Escócia e 22% de todas as exportações de alimentos e bebidas do Reino Unido.

Crédito da foto: Freepik

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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