Déficit fiscal no Brasil: quais as consequências e o que fazer para resolver o problema?

Déficit fiscal no Brasil: quais as consequências e o que fazer para resolver o problema?

Entre as consequências para o país e para a população estão aumento da taxa de câmbio, redução no volume de empregos e diminuição de renda

O déficit fiscal (ou primário) de um país diz respeito à diferença entre a sua arrecadação e os seus gastos, sem considerar o pagamento dos juros sobre a dívida. Segundo o Banco Central, no mês de maio de 2024, por exemplo, as contas do governo registraram um déficit primário de R$ 63,9 bilhões. O valor é 27% maior do que o registrado no mesmo mês de 2023, que foi de R$ 50,2 bilhões. As contas do governo central englobam Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social. Em junho, o déficit primário foi de R$ 40,9 bilhões. Já o acumulado do ano ficou em R$ 272,2 bilhões.

Mas quais as consequências desse déficit para a economia do país e também para o bolso da população?

“Para o mercado, vemos o aumento da desconfiança e, consequentemente, o aumento do risco país, o que pode, por exemplo, causar o aumento da taxa de câmbio. Já para a população, algumas das consequências são o menor crescimento econômico, o que gera menor crescimento do nível de emprego e menos renda”, analisa o professor do curso de Ciências Econômicas da FAE Centro Universitário, Ilton Cleto.

Existem dois tipos de déficit: o primário e o nominal. No primário, não se contam os juros da dívida. Já no nominal, sim. “Por exemplo: se tivermos um déficit de R$ 53,9 bilhões no primário, mais juros de R$ 74,4 bilhões, o total será o nominal de R$ 138,3 bilhões”, explica o professor.

Quando um governo gasta mais do que arrecada e contrai dívidas, geralmente acaba recorrendo ao mercado financeiro, com a emissão de títulos públicos e empréstimos. Com isso, aumenta-se a dívida pública. Ou seja: é um círculo vicioso que necessita ser desmanchado.

Mas, para resolver o problema, não existe mágica: a conta só fecha se o país cortar gastos e aumentar a arrecadação. “A equipe econômica tem procurado fazer isso, por exemplo, com a ‘tributação das blusinhas’. Mas isso somente não basta, é preciso cortar gastos efetivamente”, alerta o professor.

Outro fator que contribuiria seria a redução da taxa de juros, segundo Cleto. Hoje, o Brasil tem taxa de juros de 6% ao ano ‒ valor bastante alto, mas justificado como medida de combate à inflação. “Além de cortar gastos, é preciso tributar setores que não tragam impactos tão graves ao país”, analisa o professor. Até o fim do ano de 2024, o governo federal promete reduzir o déficit a zero.

A estimativa do IPCA para a inflação este ano é de 3,71%. Segundo o professor, se houver cortes na Selic durante um ano, por exemplo, haveria reduções significativas na dívida do país e, consequentemente, entraria mais dinheiro para investimentos. Se a inflação voltasse, seria necessário aumentar os juros e, de acordo com Cleto, o resultado nominal pioraria ainda mais.

O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) também contribuiria para a redução do déficit (em médio e longo prazos). “O crescimento do PIB ocorre geralmente quando o governo investe em áreas diversas, como infraestrutura, que traria aumento de emprego e renda”, diz o professor.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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