Mudanças climáticas alteram preferências dos consumidores imobiliários de Curitiba

Mudanças climáticas alteram preferências dos consumidores imobiliários de Curitiba
New Urban, em construção no bairro Novo Mundo, em Curitiba.

Com aumento das temperaturas, atributos como face Norte e sacada fechada  perdem relevância na escolha de apartamentos na capital mais fria do país

Influenciada pela mudança de comportamento dos consumidores brasileiros com relação às escolhas de menor impacto ambiental, a construção civil passa por mais uma transformação associada ao aquecimento global. Além de reduzir emissões nas obras e investir em eficiência energética e hídrica – para atender à demanda por produtos imobiliários mais sustentáveis –, o setor absorve mudanças nas preferências dos consumidores relacionadas ao aumento das temperaturas em todas as regiões do país.

Em Curitiba, capital mais fria do Brasil, escolhas como sacadas fechadas com vidros e a opção pelos apartamentos com face Norte já não são preferências unânimes. Com temperatura média 1,2ºC acima da registrada na década de 70, a cidade teve aumento no número de dias com máximas acima de 30ºC e as temperaturas negativas são cada vez mais raras. Em função das mudanças climáticas, os apartamentos com incidência direta do sol durante todo o dia – característica das plantas com face Norte – deixaram de ser apenas solução para o frio e umidade do antigo inverno curitibano e passaram a ser ponto de atenção nos estudos de conforto térmico.

Para atender à norma de desempenho de edificações (ABNT NBR 15.575), os novos empreendimentos precisam estar de acordo com critérios de habitabilidade em qualquer uma das faces. E a Norte demanda um cuidado adicional dos projetistas, para que o calor não atinja níveis acima do admissível. “Tradicionalmente, moradores de condomínios verticais de Curitiba sempre tiveram a preocupação de escolher a planta de apartamentos com base na orientação solar, com o intuito de evitar mofo, ter uma melhor qualidade de iluminação natural e reduzir o frio no inverno. Mas as mudanças climáticas estão gerando uma revisão dos padrões, pois a preocupação agora envolve o equilíbrio do conforto térmico em diferentes estações, considerando as variações dos fenômenos climáticos e ondas de calor que alteram os padrões de temperatura usualmente conhecidos. Com isso, unidades voltadas à face Sul, que têm ambientes mais frescos, têm sido uma escolha cada vez mais comum entre os compradores na capital“, conta o engenheiro civil Vinícius Hanser, gerente de Engenharia o da AGL Incorporadora.

Para alcançar bons níveis de conforto térmico, o setor da construção civil está investindo cada vez mais no uso de novas tecnologias, como softwares de simulação, além de consultorias especializadas em eficiência energética e lumínica, que propõe alterações nos projetos arquitetônicos e de paisagismo antes da execução das obras. “Por meio de modelos computacionais, hoje é possível compreender como o ambiente vai se comportar do ponto de vista do conforto térmico em diferentes estações. São feitas simulações paramétricas para otimizar a entrada de luz natural, sombreamento e insolação dos ambientes, além de correntes de vento. O uso da tecnologia ajuda os projetistas a tomarem decisões inteligentes sobre a arquitetura do edifício, escolha dos materiais e soluções que reduzem a troca de calor entre o ambiente exterior e os apartamentos“, explica.

Em processo de certificação GBC (Green Building Council) inédito para a categoria em Curitiba, o New Urban Residence, da AGL, alcançou excelentes níveis de conforto térmico para todas as plantas, com destaque para as da face Sul. “Os quartos possuem incidência direta do sol nascente, com janelas que atendem à ventilação e iluminação natural, auxiliando, desta forma, na rotina do sono noturno. A condição evita a sensação de abafamento causada pela incidência direta do sol no período da tarde e reduz a necessidade de ar condicionado, mesmo no Verão“, completa o engenheiro. Com 85% das unidades vendidas, o empreendimento, que fica no bairro Novo Mundo, será inaugurado no segundo semestre de 2024.

Tecnologia e conforto térmico passivo

Além de melhorar o bem-estar dos futuros moradores, as soluções de conforto térmico passivo também representam economia de energia para os futuros moradores, porque reduzem o uso de climatizadores, como aquecedores e aparelhos de ar condicionado. Entre os itens que contribuem para a redução de trocas térmicas estão esquadrias de alta performance, portas com borrachas de vedação e vidros refletivos, que bloqueiam até 50% da troca de calor.

O uso de tecnologias de ponta nas fachadas de edifícios também está entre as medidas com efeitos consideráveis no conforto térmico. Um exemplo que ganhou destaque nacional está em Curitiba. O Tokkai Residence, da AGL, foi construído com a fachada inteligente em EIFS (External Insulation Finish System), um sistema de revestimento que reduz sensivelmente a troca de calor entre os lados de dentro e de fora da torre. “É um revestimento que tem várias camadas e produz o mesmo ´efeito cebola´ das roupas térmicas. Na composição, entram alvenaria e EPS, uma espécie de isopor de alta densidade, que está em adesivos, placas e telas de reforço, que ficam do lado externo da construção. Na parte interna, tijolos de cerâmica potencializam o isolamento térmico. E o acabamento é feito em argamassa com resina texturizada, otimizando o sistema“, detalha o engenheiro civil Luiz Antoniutti, sócio e diretor da AGL.

Além de garantir maior inércia térmica, o sistema não utiliza água, reduz o uso de argamassa, o volume de resíduos da construção e o desperdício de materiais no canteiro de obras. Isso significa menor uso de recursos naturais e de emissões de gases de efeito estufa durante a construção e também após a entrega da obra. O empreendimento residencial fica no bairro Água Verde, na capital.

Diferença da incidência solar nas diferentes faces

  • Face Norte: com maior incidência de luz natural durante todo o dia, é vantajosa para conforto térmico quando se propõe a arquitetura de edifícios em locais mais frios.
  • Face Sul: com menor incidência de luz natural e calor, tende a ser mais valorizada em regiões quentes. Para esta face, é importante considerar a influência da irradiação solar difusa, para quantificar a iluminação natural que adentra os ambientes.
  • Face Leste: em Curitiba, esta fachada possui a tendência de ter mais sol incidente diretamente pela manhã, mantendo temperaturas agradáveis à tarde.
  • Face Oeste: em Curitiba, há maior incidência de luz e calor à tarde, com a tendência de manter a casa aquecida durante a noite

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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