Exportações de sucata ferrosa já superam volume de 2023 com a retração do consumo no mercado interno
Falta de estímulo à reciclagem preocupa empresas
As exportações de sucatas ferrosas, insumo utilizado na fabricação de aço, continuam a aumentar e já superam, entre janeiro e agosto de 2024, o volume do mesmo período de 2023. Até o momento, foram vendidas no exterior 502.301 toneladas, um crescimento de 5,4% em relação a janeiro a agosto de 2023, quando atingiram 476.493 toneladas.
Apenas em agosto deste ano, as exportações alcançaram 65.254 toneladas, quase estáveis em relação ao mesmo mês de 2023, com 64.731 toneladas, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia, Secex. A expectativa do Instituto Nacional de Reciclagem (Inesfa) é de incerteza sobre o comportamento das exportações até o final do ano, diante das dificuldades internas e no mercado global.
“As usinas siderúrgicas nacionais estão trabalhando abaixo de 70% da capacidade e o aumento da alíquota de importação de 11 produtos de aço, vindos principalmente da China — decidido pelo governo em abril deste ano –, ainda não trouxe efeitos ao mercado”, afirma Clineu Alvarenga, Inesfa, associação de classe que representa mais de 5,5 mil empresas que praticam a sustentabilidade, impulsionando a economia circular e reinserindo materiais reciclados no ciclo da transformação.
Com a menor produção das siderúrgicas, cai também a venda de sucata ferrosa para a produção do aço. Além disso, o dólar em alta contribuiu para a incrementar as exportações, mesmo com a elevação do frete marítimo no exterior, diz Alvarenga.
Falta de estímulo ao setor
A maior preocupação das empresas de reciclagem é com a “insensibilidade do Executivo, Legislativo e Judiciário com o setor”, na opinião de Alvarenga. “O governo e parlamento ignoraram o setor na reforma tributária, ao não aprovar um tratamento diferenciado à reciclagem no País.”
Alvarenga lembra que o Projeto de Lei 1.800/21, que isenta recicladores e cooperativas de catadores do pagamento de PIS e Cofins na venda de materiais reciclados à indústria de transformação, está parado desde maio deste ano com o presidente da Câmara, Arthur Lira, embora já tenha sido aprovado em todas as comissões da Casa. “É inaceitável que um PL tão importante ao setor de reciclagem e meio ambiente não avance no Congresso”, afirma Alvarenga.
Waste Expo Brasil
O desincentivo à reciclagem será tratado pelo Inesfa em seminário no próximo dia 23 de outubro durante a Waste Expo Brasil, maior feira do setor da América Latina, que acontece entre os dias 22 e 24 de outubro no Expo Center Norte, em SP.
A Waste Expo Brasil 2024 será dedicada à gestão dos resíduos sólidos, aos diferentes processos para a reciclagem, valorização energética sustentável, limpeza pública e saneamento urbano. A expectativa é que o evento reúna mais 200 empresas de 21 países, combinando pelo menos 250 marcas líderes para um público superior a 11 mil visitantes do Brasil e vários outros países.
Em paralelo à feira, acontece o Fórum Waste Brasil, distribuído em 14 painéis com palestras de especialistas, técnicos e autoridades de todo o setor.