Entenda o papel de uma subsidiária, como a da Johnson & Johnson, que pediu recuperação judicial

Entenda o papel de uma subsidiária, como a da Johnson & Johnson, que pediu recuperação judicial

Empresa farmacêutica acionou o Chapter 11 para tentar encerrar processos judiciais em massa que ligam seus talcos para bebês a casos de câncer

Na semana passada, o mercado farmacêutico ficou bastante movimentado com o anúncio do pedido de recuperação judicial da Red River Talc LLC, subsidiária da Johnson & Johnson. Acionando o Chapter 11 da legislação americana, a empresa tenta mitigar as ações judiciais em massa que relacionam seus talcos para bebês a casos de câncer.

Mas o que seria uma subsidiária no direito empresarial e qual sua importância no mercado de capitais? De acordo com o advogado Fernando Canutto, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial, trata-se de uma empresa controlada por outra empresa. Por exemplo, a Johnson & Johnson detém a totalidade ou a maior parte do capital social dessa subsidiária, que, por sua vez, é responsável pela venda do talco. “Essa subsidiaria é um “CNPJ” diferente, mas é controlada pela empresa-mãe, no caso, a Johnson & Johnson. São pessoas jurídicas diferentes. E nos Estados Unidos, muito mais aqui do que aqui, há um respeito muito grande à personalidade jurídica, ou seja, os problemas de uma empresa, não afetam a outra”, explica.

Na prática, os passivos da pessoa jurídica (PJ) ficam restritos a ela. “Isso é muito utilizado em grandes conglomerados para segregar unidades de negócios. Facilita a estrutura organizacional e minimiza também a chance de uma unidade de negócios ser contaminado pelos passivos da outra, o problema fica contido ali. Imagina se esse problema com o talco estivesse dentro da empresa-mãe Johnson & Johnson, se não existissem essas subsidiárias? Se todos os negócios tivessem dentro da mesma pessoa jurídica? O passivo de um negócio afetaria todos os outros. Com as subsidiárias, o gestor de cada negócio tem a chance de focar sem seus próprios problemas”, complementa.

Impactos diretos na marca Johnson & Johnson

Embora a recuperação judicial seja da subsidiária, a Johnson & Johnson, como controladora, pode sofrer danos reputacionais significativos. “Nos EUA, mesmo com a separação jurídica entre empresa-mãe e subsidiária, o público muitas vezes percebe a marca principal como responsável. Isso pode resultar em uma diminuição da confiança dos consumidores e em maiores pressões regulatórias e de mercado”, alerta Canutto. O advogado também acrescenta que, se o plano de recuperação não for bem-sucedido, a Johnson & Johnson pode enfrentar pressões financeiras adicionais e riscos para sua marca global.

Por outro lado, o Chapter 11 (Capítulo 11) é eficaz para lidar com processos em massa, como no caso da Johnson & Johnson, pois oferece um “stay” automático, evitando a multiplicidade de ações individuais. “A recuperação judicial permite criar um fundo de compensação ou outros mecanismos para tratar de todas as reivindicações de maneira uniforme. Assim, ela pode definir um acordo global que encerra todos os processos pendentes, enquanto equilibra a capacidade de pagamento da empresa com os interesses dos demandantes”, conclui

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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