Fraudes e inadimplência geradas por Bets devem aumentar em 2025

Fraudes e inadimplência geradas por Bets devem aumentar em 2025

Desvio de recursos por parte de colaboradores para cobrir apostas são cada vez mais comuns

O mercado de apostas online no Brasil, dominado pelas plataformas esportivas conhecidas como bets, vem alimentando as fraudes internas, como os desvios de recursos de empresas por colaboradores que se apropriam dos valores para investir em apostas. Diante de uma regulamentação sem regras claras, fiscalização inadequada e estratégias defasadas de cibersegurança adotadas pelas instituições financeiras e corporações, esse cenário tende a piorar em 2025.

“Muito se fala hoje sobre aplicações contra ameaças externas, mas as organizações precisam olhar para dentro”, alerta Rogério Freitas, diretor-geral para o Brasil da Lynx Tech, empresa que utiliza inteligência artificial e aprendizado de máquina para detectar e prevenir fraudes e crimes financeiros. “Adotar soluções e protocolos para analisar os processos internos é essencial, pois a fraude pode já estar ocorrendo”, explica o executivo.

As bets vêm trazendo uma série de desafios e consequências de ordem econômica, social e até mesmo de saúde pública. O mercado de apostas ainda encontra brechas para sustentar atividades como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operação de slots (caça-níqueis virtuais, como o “jogo do tigrinho”), entre outros ilícitos que exigem ações preventivas e de resposta das instituições financeiras e de outros setores.

De acordo com relatório do Banco Central, de janeiro a agosto deste ano, cerca de 24 milhões de brasileiros gastaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês com as bets, volume que considera apenas transações realizadas via Pix. O levantamento também revela que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família apostaram R$ 3 bilhões com o repasse do programa social somente no mês de agosto.

Outro reflexo preocupante da expansão das bets no país é o aumento da inadimplência.

“Atraídos pela promessa de ganhos rápidos, muitos apostadores recorrem a empréstimos e crédito para jogar, agravando seu endividamento em um efeito cascata”, explica Rogério Freitas.

O executivo ressalta que a publicidade massiva promovida pelas bets amplia seu alcance e impacto social. “Com campanhas impulsionadas por influenciadores digitais e patrocínio de times de futebol, elas apelam para o emocional das pessoas, explorando vulnerabilidades como dificuldades financeiras, busca por escapismo e desejo de enriquecimento fácil, gerando um ciclo perigoso”, afirma.

Na visão do especialista, as instituições financeiras também encontram dificuldades em identificar e monitorar transações suspeitas, como transferências Pix para contas vinculadas a casas de apostas virtuais. “Soluções capazes de mapear padrões de comportamento e transações atípicas são fundamentais para criar uma resposta mais eficaz por parte do setor”, ressalta.

Para regulamentar o mercado de bets, segundo Rogério Freitas, é preciso um esforço coletivo, o que inclui atualizar leis de proteção de dados, limitar a publicidade e criar mecanismos para combater as fraudes e mitigar os impactos das apostas. “É uma questão urgente para toda a sociedade, pois trata-se de muito mais do que um problema financeiro, estamos falando de um risco sistêmico”, conclui.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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