Fundos Imobiliários ainda são atrativos com Selic elevada?

Fundos Imobiliários ainda são atrativos com Selic elevada?

Com uma queda de 3,06% em outubro, os FIIs registraram seu pior desempenho no ano e na história do índice

Com a Selic em níveis elevados, o mercado de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) enfrenta grandes desafios. A alta dos juros afeta tanto o custo de captação de recursos quanto a atratividade desses investimentos em comparação com a renda fixa.

Em outubro de 2024, o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) registrou uma queda de 3,06%, marcando o pior desempenho mensal no ano e na história do índice. Essa desvalorização reflete a migração de investidores para títulos de renda fixa, que passaram a oferecer retornos mais atrativos com a Selic em 11,25%.

Segundo Lucas Sharau, assessor na iHUB Investimentos, o momento exige cautela e estratégia por parte dos investidores. “No curto prazo, vemos um impacto direto nos preços das cotas no mercado secundário, pois o custo de financiamento para novos investimentos sobe. Além disso, a renda fixa passa a oferecer retornos competitivos, atraindo investidores que buscam alternativas de menor risco”, explica Sharau.

No longo prazo, a pressão sobre FIIs com ativos alavancados ou contratos menos protegidos pela inflação pode ser maior, reduzindo a rentabilidade. A volatilidade também é uma marca desse período. “Os investidores ficam mais inseguros em momentos de Selic alta, o que aumenta a oscilação nos preços das cotas. Isso é agravado pelo cenário macroeconômico, com incertezas fiscais no Brasil e tensões globais, como as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia”, observa o especialista.

FIIs que ganham destaque com juros elevados

Apesar dos desafios, alguns tipos de FIIs conseguem se destacar em um ambiente de juros altos. Segundo Lucas Sharau, os FIIs de recebíveis, conhecidos como FIIs de papel, apresentam maior resiliência devido à sua composição de ativos atrelados a índices como CDI, IPCA ou IGP-M.

“Esses fundos têm a capacidade de repassar o aumento dos juros para os rendimentos de seus ativos, garantindo distribuições mais atrativas aos cotistas. Isso os torna uma boa opção para quem busca proteção e rentabilidade mesmo com a Selic em alta”, comenta Sharau.

Por outro lado, FIIs de tijolo, como os voltados a shoppings e lajes corporativas, tendem a enfrentar mais dificuldades. No entanto, Sharau destaca que, em um possível ciclo de queda da Selic, esses fundos podem recuperar sua atratividade, valorizando as cotas e melhorando os rendimentos.

Estratégias de gestão e oportunidades

Em meio a esse cenário desafiador, gestores de FIIs têm adotado estratégias para manter a atratividade dos fundos. Entre elas estão a renegociação de contratos para corrigir valores pela inflação, a diversificação de portfólios e a busca por ativos com maior demanda.

“Nos FIIs de recebíveis, a escolha por títulos indexados ao CDI é uma estratégia eficaz para garantir que os rendimentos acompanhem a alta da Selic”, afirma Sharau. Ele ainda ressalta a importância de gestores se adaptarem rapidamente às condições de mercado para proteger o patrimônio dos investidores.

Para quem deseja investir, o especialista sugere cautela e análise detalhada. “Investidores devem buscar fundos com boa gestão, ativos de qualidade e contratos bem ajustados à inflação. Além disso, é essencial ter visão de longo prazo, aproveitando oportunidades que podem surgir com a eventual queda dos juros”, conclui Sharau.

Com um mercado mais competitivo e dinâmico, os FIIs continuam sendo uma alternativa relevante para diversificação, desde que alinhados às condições econômicas e ao perfil do investidor.

Crédito da imagem: Freepik

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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