Resultado do IPCA reforça necessidade de o governo cortar gastos

Resultado do IPCA reforça necessidade de o governo cortar gastos

Índice, que variou 0,52% em dezembro, deve pressionar a política monetária do País, mantendo o ciclo de alta da taxa de juros

O governo federal vai precisar reduzir as despesas se não quiser uma política monetária ainda mais contracionista em 2025. Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), ainda que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha ficado levemente abaixo das projeções de mercado, a composição do resultado ainda é muito preocupante.

O índice de dezembro revelou um cenário no qual os serviços e os alimentos seguem pressionados e a inflação acumulada de 2024 ultrapassou o teto da meta. Nesse contexto, o Banco Central (Bacen) deve seguir elevando a taxa Selic nas próximas reuniões, conforme já foi apontado em comunicados da instituição. A FecomercioSP avalia que a política fiscal precisará ser repensada, objetivando o corte de gastos e reduzindo a pressão sobre o índice e as expectativas inflacionárias.

Resultados de dezembro

No mês passado, o IPCA registrou uma variação de 0,52% — um pouco abaixo da previsão do mercado, que esperava alta de 0,53% — e superior ao 0,39% observado em novembro. No acumulado do ano, houve alta de 4,83%, superando a banda superior da meta de inflação de até 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esse valor também foi maior do que IPCA de 2023, que fechou em 4,62%.

Ao analisar a composição do resultado, nota-se que, no mês passado, o grupo de alimentação e bebidas registrou um aumento de 1,18%, confirmando a sua quarta alta consecutiva. A alimentação no domicílio — que afeta diretamente as classes mais pobres — obteve crescimento de 1,17%. Já a alimentação fora do domicílio subiu 1,19%, 0,21 ponto porcentual (p.p.) acima do registrado no mês anterior (0,88%). A elevação só não foi superior porque a energia elétrica residencial caiu 3,19%, resultando numa redução de 0,56% no grupo da habitação. A inflação de serviços, por sua vez, ficou em 0,66%, após subir 0,83% em novembro.

Em relação à inflação anual, os principais grupos de despesas que contribuíram para o aumento de preços em 2024 foram: alimentação e bebidas, saúde e cuidados pessoais e transporte. Juntos, essas atividades responderam por cerca de 65% do resultado geral do ano passado. O grupo de alimentos e bebidas acumulou alta de 7,69%, contribuindo com 1,63 p.p.; saúde e cuidados pessoais, por sua vez, registrou alta acumulada de 6,09% e contribuição de 0,81 p.p. Já o setor de transportes acumulou alta de 3,30%, influenciando o resultado em 0,69 p.p

Por fim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 4,77% no ano, mantendo-se acima dos 3,71% registrados em 2023. Os produtos alimentícios registraram alta de 7,6%, enquanto os não alimentícios variaram 3,88%. Em 2023, as variações foram, respectivamente, 0,33% e 4,83%. Surpreende a diminuição da pressão do grupo de educação, que havia subido 8,1%, em 2023, e baixou para 6,66%, em 2024.

Em resumo, o cenário ainda é bem negativo para expectativas e para o processo inflacionário, exigindo que o governo repense os gastos — ou a economia vai desacelerar ainda mais com os efeitos da política monetária no futuro.

Crédito da foto: Canvas

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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